C A P Í T U L O 59

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•Para uma melhor experiência deste capítulo, ouça Ocean Eyes – Billie Eilish.

SAMANTHA PRICE

     Sentado do outro lado da cama, encostado na grade de frente pra mim, Alec está lendo uma HQ da Mulher Maravilha. Ele está todo concentrado na história da revistinha que trouxe na mochila. Agora que voltamos a ser bons amigos, sempre marcamos de ficar aqui em casa lendo revistinhas, igual fazíamos quando crianças. A única diferença é que a Tess não está aqui para ficar fazendo comentários em voz alta das histórias que lia. Às vezes a gente chama a Beth, mas ela não curte muito essas coisas de "nerd".

     Pra falar a verdade, passar quase o dia inteiro com Alec me lembra de quando eu passava o dia inteiro com a Alyssa, uma vez que éramos grudadas uma na outra. Alec e Aly não tem absolutamente nada em comum, e estar com cada um deles é diferente. Mas é bom saber que eu ainda tenho alguém com quem possa me distrair um pouco.

    Tiro os olhos da revistinha que estou lendo, e olho para Alec. Vejo a forma como seus olhos devoram cada letra, cada palavra, cada frase e quadrinho colorido. Os olhos azuis se movendo curiosamente – são da cor do céu de verão quando escurece. Ele é bonito, muito bonito. E gostoso, considerando que era bem gordinho quando éramos crianças. Mas, apesar de ser um cara incrível e que se importa comigo, não consigo me imaginar  namorando com ele, ou ficando no mínimo. Alec é o tipo de cara que serve para ser amigo das garotas, é sempre assim que penso quando me lembro dele.

     Gostaria que fosse diferente. Gostaria de poder sentir vontade de beija-lo quando o visse pela primeira vez no dia, e pela última também. Queria estar em seus braços fazendo nada, apenas carinho até pegar no sono. Queria rir das suas piadas, do mesmo jeito que eu ria das piadas do Chris. Queria que ele fosse um anjo comigo durante o dia, e um diabo durante a noite. Mas eu sei que isso nunca vai acontecer, porque não sinto nada por ele, a não ser um amor fraternal esquisito. Não importa o quanto eu tente, nunca vai passar disso. E não importa o quanto eu tente também, acho que nunca vou esquecer o Christian. Ele está marcado no meu coração. Infelizmente, Lady Gaga tinha razão; estou apaixonada por Judas, e sou uma santa tola. Isso é ruim, porque dói amar uma pessoa que te magoou e você ainda sabe que ela não merece nada de você. Queria não ser assim.

     Sorrio de canto quando Alec olha para mim de volta, abaixando a revistinha.

     — O que foi? — Ele pergunta
     — Nada... só tava pensando. — Sorrio de volta e olho para a revistinha da Alerquina na minha mão. — Me perguntando quando que a Alerquina começou a desandar do lado dos vilões.
     — Desde que ela ganhou empoderamento. — Alec volta a ler sua própria revistinha. — Sinto um pouco da Alerquina vilã.
     — Eu não...gosto dela como está agora.

     Leio o último balão, do último quadrinho e então fecho a revistinha, porque acabei aqui. Gosto das HQs da Alerquina, ela é divertida, beeeem doidinha, apesar de que ela "era" uma vilã. Pelo menos ela conseguiu se livrar do "Pudinzinho de Chernobyl". Um pouco depois, Alec também termina a HQ dele, e olha para mim com um sorriso satisfeito nos lábios.

     — Vai ficar pra jantar com a gente de novo? — Pergunto enquanto me movo para sentar do seu lado, jogando todas as revistinhas do outro lado da cama. — Sofia vai fazer filé de peixe grelhado com cenoura e brócolis. — Faço uma careta para brócolis, e Alec dá risada.
     — Na verdade, hoje eu não posso. Minha mãe quer que eu vá jantar em casa.
     — Poxa... sério? Não pode pedir pra ficar? Qual é o problema de jantar aqui?
     — É a minha mãe, Sam. — Alec inclina cabeça na minha direção, erguendo uma sobrancelha. — Você conhece ela, e sabe que ela é paranóica. Ela tava quase ligando pra polícia ontem, porque eu demorei pra voltar pra casa.

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