SAMANTHA PRICE
Quando termino meu castigo na biblioteca, vou correndo para voltar pra casa. Minha mãe mandou mensagem, perguntando se tinha algum problema em eu voltar de ônibus, e eu disse que não – não tem como ela me buscar, porque está sem carro, eu entendo. O ônibus da escola não está mais circulando, então preciso pegar o ônibus comum. Eu não me importaria com isso se fosse em um outro dia qualquer, mas acontece que eu tenho a porra de um encontro daqui uma hora.
Estou ansiosa, animada, e não quero me atrasar. Parte de mim só está nervosa porque, da última vez, meu encontro com Christian não saiu muito bem como planejávamos – obrigada por isso, Tess Armstrong. Mas, a outra parte só está nervosa como qualquer outra garota ficaria por ter um encontro com o capitão do time de futebol americano da escola. Parece um livro ou um filme, daqueles tão clichês que chegam a ser péssimos, mas mesmo assim mantém uma enorme legião de fãs dedicados, e você será linchado na internet se falar mal ou simplesmente dizer que não gosta.
Nossa, é o sonho de toda garota.
Ando um quarteirão depois de descer do ônibus, caminhando tão rápido que estou quase correndo. As chaves na mão só por precaução, já que as ruas estão desertas, e nunca é bom pra uma garota andar sozinha em ruas desertas – os privilégios de ter uma vagina e não um pênis; ironia. Chego rapidinho no prédio, dando um oi breve para o porteiro antes de entrar no elevador. Fico apertando o botão do andar certo várias vezes, como se assim as portas fossem se fechar mais rápido e o elevador subir ainda mais rápido.
Enquanto a porra do elevador não para no meu andar, eu não consigo parar de bater o pé no chão também. Assim que ouço o tinindo, avanço literalmente correndo pelo elevador, minhas mãos tremendo de ansiedade enquanto pego as chaves dentro da mochila. Estou tão nervosa e acelerada, que parece que tomei meio litro de café de uma só vez. Neste exato momento, um turbilhão de pensamentos se passam pela minha cabeça sobre o que vai acontecer nesse encontro, sobre onde Christian vai me levar. Droga, ele não me falou onde vamos; que porra eu visto?
Essa se torna a maior preocupação na minha cabeça, o que eu acho completamente banal, mas logo meus pensamentos praticamente somem da minha cabeça e isso deixa de ser preocupante. O que se torna preocupante de verdade são os gritos vindo de dentro do apartamento da minha mãe, uma discussão.
Giro a chave na porta, a empurrando rapidamente para que se abra. Minha mãe está na cozinha com meu pai, e os dois estão discutindo aos berros. Entre expressões de fúria, mãos gesticulando enquanto eles transbordam palavras de raiva, sinto meu coração ficar ainda mais acelerado que antes. De repente, estamos de volta em nossos dias como uma só família, entre só mais uma de outras inúmeras brigas que os dois tinham tarde da noite e às vezes até mesmo no meio da tarde, comigo sempre ouvindo tudo da escada.
Meus olhos marejam, minha mente sendo recheada por lembranças ruins, os gritos daqueles que me criaram me fazendo ficar sem fôlego. Não achei que um dia teria que presenciar isso outra vez, é... é estressante, e...eu não sei. Isso simplesmente me dá vontade de chorar, e ao mesmo tempo começar a gritar também. A raiva deles é radioativa.
Nem estou mais entendendo o que cada um fala, mas fecho a porta e corro até a cozinha.
— Chega! Já chega! — Grito, empurrando ambos quando me coloco entre eles. Meus pais me encaram assustados, até porque eles não haviam me notado aqui até agora. — Já chega!
Minha mãe olha de mim para meu pai, que faz o mesmo. Eu intercalo o olhar entre os dois, as lágrimas escorrendo por minhas bochechas quentes, já não sei nem mais se são de tristeza, raiva ou cansaço.
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All For Love ✓2
Teen FictionLivro #2 OBS.: Sinopse possui spoiler do livro #1 Samantha Price estava de coração partido. O garoto pela qual jurava estar apaixonado por ela havia cometido um erro - o erro que ela mais temia acontecer. Depois da terrível - e quase fatídica - no...