C A P Í T U L O 35

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CHRISTIAN ANDERSON

     Levei esporro por ter transado no porão? Isso é sério? Ou eu ainda tô dormindo e sonhando? Até parece que meus pais nunca transaram, caso contrário eu e minha irmã não estaríamos aqui agora, neste exato momento. Eu nunca vou entender a neura dos meus pais com sexo – eu não sou burro, uso camisinha, faço exames de DST sempre que posso e sempre sei os meus limites e os da garota que estiver comigo. Eles dizem que isso afeta meu desempenho no futebol americano, porque posso ficar muito "cansado" ou "distraído", ou sei lá o quê mais. Bom, até hoje isso nunca aconteceu, e às vezes me sinto até mais motivado se eu transar antes de um jogo – tipo, algumas horas antes, um dia antes, tanto faz.

     Mas o assunto aqui não é esse.

     Eu sei que só tenho 16 anos, e que perdi a virgindade muito cedo – com 14 anos –, e que eles são meus responsáveis legais até eu completar 18 anos, mas é muito estressante receber ordens o tempo inteiro, e ainda vindo de duas pessoas que nunca estão presentes na minha vida. Porra, meus pais só me assistiram jogando futebol quatro vezes, e eu tô no time da escola desde o ano passado. Estou quase trazendo o troféu do Campeonato Estadual para nossa escola, e os dois nunca me perguntaram nada sobre isso, é sempre a mesma coisa: "você ganhou hoje? Ótimo, até o próximo jogo." A única coisa com que meus pais se importam é se eu estou sendo um filho ruim, ou se estou cometendo o crime de transar, às vezes eles também surtam com minhas notas.

     Enfim, eu mal acordei, e já estou com a cabeça cheia de coisa. Assim que eu me jogo na minha cama, fecho os olhos e respiro bem fundo, tentando acalmar a fúria que me subiu no mesmo instante em que meus pais começaram a brigar comigo. Além dos meus pais, eu ainda acordei sozinho no porão, e mesmo sabendo que isso ia acontecer, ainda tinha esperanças de que ela estivesse lá quando eu acordasse.

     Reviro meu corpo dolorido na cama – Samantha acabou comigo e a gente ainda dormiu no chão. Talvez seja disso que meus pais estejam falando quando dizem que sexo pode me prejudicar; os músculos doem demais no dia seguinte, mas só quando o negócio é bem selvagem.

     Queria ter passado no quarto dela antes de sair entrando todo puto no meu, mas eu sabia que minha irmã ia estar lá, e isso ia ser bem estranho. Posso falar com a Sam mais tarde, e isso se ela quiser falar comigo. Tenho certeza que as coisas entre nós dois só irão ficar piores agora. Minha única esperança é o loft, que já está pronto pra entrega, só falta a coragem.

     Como entregar um loft de presente para sua ex-namorada; Google, pesquisar. Talvez se ela gostar muito do presente, volte pra mim. Eu sei, é burrice tentar "comprar" a Sam com essas baboseiras – justo a Sam Coração de Pedra –, mas tenho tentado me convencer de que dar esse loft pra ela é um jeito de dizer: "eu conheço e amo você, por favor não desiste de mim."

     Além disso, hoje é aniversário dela, e é o dia perfeito para receber um presente de uma pessoa – nem tão – amada pela aniversariante. A quem quero enganar com "amada"? A Sam me daria um tapa por dizer isso.

     Fico devaneando nos meus pensamentos putos com meus pais, e tristes com a Sam, até ouvir minha barriga roncar. Estava planejando tomar um banho, mas estou com tanta fome que parece que eu não como nada já tem décadas.

     Me forço a sair da cama, passando as mãos nos cabelos bagunçados para torna-los menos bagunçados, mas só fica pior. Quando saio do quarto, encontro a porta das meninas aberta, mas não vejo ninguém lá dentro. A ideia de encontrar com Sam na cozinha me deixa nervoso e levemente animado ao mesmo tempo; preciso ter certeza de que ela não está com raiva do que fizemos no porão. Eu quase corro enquanto desço as escadas, indo direto para a cozinha, e, para minha felicidade, é exatamente onde Samantha e minha irmã estão.

All For Love ✓2Onde histórias criam vida. Descubra agora