C A P Í T U L O 90

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SAMANTHA PRICE

     Várias horas depois, eu ainda não estava acreditando mesmo que eu havia tomado uma pílula do dia seguinte. Ok, pode parecer algo banal e normal para algumas mulheres – geralmente mulheres adultas –, mas pra mim isso ainda é loucura.

     Ontem a noite, quando Christian e eu fomos deitar pra dormir depois de transar na cozinha, e ele me contou sobre a pílula do dia seguinte, eu nem parei pra pensar no quão sério isso poderia ser. Quer dizer, sei que minhas chances de engravidar dele são quase nulas e tals, mas tomar pílula do dia seguinte? Até alguns meses atrás, eu sequer pensava em perder a virgindade, e agora estou tomando contraceptivos de emergência. É... emocionante.

     Felizmente, nossas aulas de biologia me ensinaram que é bom não contar sempre com a pílula do dia seguinte, porque quanto mais usada, menos efeito ela vai ter. Essa provavelmente foi a primeira e última vez que usei a pílula – mas não deixa de ser loucura.

     — Sam? Sam, você me ouviu? — A voz de Christian lentamente invade meus pensamentos, os afastando para longe, mesmo que ele pareça está falando baixinho. — Terra chamando Samantha! — Ele estala os dedos na frente do meu rosto, e eu acordo de vez, piscando algumas vezes.
     — Hã? — Olho para Christian — O quê?
     — Você tá bem? Não para de olhar pro campo com cara de paisagem. Tá sentindo alguma coisa?
     — Não... não. — Sorrio e nego com a cabeça, dando um beijinho em sua bochecha só para fixar a resposta. — Só estou pensando.
     — Em quê?

     Suspiro e mordo um pedaço da pizza fria da cantina.

     É a hora do almoço, e hoje Christian e eu decidimos sentar num lugar mais calmo e reservado do que o refeitório ou o pátio. Como dormi na casa dele ontem, consequentemente não trouxe almoço de casa – que geralmente minha mãe me prepara –, por isso estou comendo a pizza da cantina. Para minha sorte esse era o almoço, ferrada eu estaria se hoje fosse o dia de gororoba.

     — Você não me respondeu... — Christian alisa meu rosto com os nós dos dedos com gentileza, deixando minha pele formigando onde me toca. — Tá tudo bem mesmo?
     — Tá...claro que tá. — Viro meu rosto para ele, o que nos deixas a centímetros de distância, até porque estamos sentados bem pertinhos um do outro e de mãos dadas.

     Christian sorri de canto, depois se inclina para me beijar. Eu retribuo, e, num passe de mágica, não estou pensando em nada, a não ser em sua língua acariciando a minha. Ele beija muito bem...bem demais. Subo a mão por seu braço esquerdo, até seu ombro e depois até seus cabelos. Puxo os fios grossos entre meus dedos, e Christian me segura pelo rosto.

     Quando nos afastamos outra vez, estamos ambos ofegantes. Solto uma risadinha, deixando um selinho em seus lábios macios antes de me afastar de vez.

     — Você me distraiu da nossa conversa. — Christian brinca, soltando minha mão para ganchar o braço ao redor do meu pescoço.
     — Ah, eu distrai você? — Dou risada — Que engraçado, porque foi você quem me beijou.
     — Não mude de assunto, mocinha.

     Lhe dou uma cotovelada nas costelas, fazendo-o rir e depois beijar minha cabeça, por entre os cabelos.

     — No que estava pensando? Vai, fala. — Christian insiste
     — Ah... sei lá. — Dou de ombros, mordendo um pedaço de pizza.
     — Por favor, me diz que não é a pílula de novo.

     Fico quieta, mordendo mais pedaços de pizza para encher a boca de propósito, e isso parece entregar minha resposta para Christian.

     Ele suspira, tirando o braço de cima de mim quando inclina a coluna para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos e as mãos sobre a boca. Sigo seus movimentos com os olhos.

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