C A P Í T U L O 43

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SAMANTHA PRICE

     Sabe quando você tá andando sozinha na rua, tarde da noite, e sente que está sendo perseguida e/ou vigiada, mas não olha pra trás porque tem medo do que vai ver? Essa é exatamente a mesma sensação que você tem quando há boatos sobre você rolando pela escola.

     Tive que sentar no fundo da sala em quase todas as minhas aulas de antes do almoço, porque em quase todas elas tinha alguém que olhava pra mim, e depois ficava de cochicho com outra pessoa. Nem disfarçar mais estão disfarçando. Ainda não vejo graça em fofocar sobre uma garota que teve um ataque cardíaco; isso devia ter perdido a "graça" pra eles ainda no mesmo fim de semana em que fiquei no hospital.

     De qualquer maneira, estou ao máximo tentando evitar esses cochichos – mesmo tendo certa curiosidade em saber o que estão falando, eu não ouço nada e fico quieta na minha. Pelo menos agora, na hora do almoço, eu sei que vou ter um pouco de "paz", porque Alyssa e eu sempre sentamos longe do refeitório mesmo.

     Ela ainda está presa na aula de francês, então vou logo pra fila para pegar o almoço – eu irá trazer de casa, porque preciso comer só coisa saudável, coisa que o almoço da escola não é, mas minha mãe não teve tempo de preparar aqueles trecos verdes dela ontem e nem hoje de manhã. Pego uma bandeja, e vou pondo só o que acho mais seguro comer, o que já não é muito. É quando ouço duas garotas cochichando atrás de mim.

     — É ela? — Cochicha a morena, ou pelo menos ela acha que está cochichando. Faço de tudo para não ouvir, mas acabo deixando.
     — É, eu tô falando. — Responde a loira — A Sam Price.
     — Acredita mesmo que eles terminaram por que o Christian dormiu com o Thereza?

     Espera aí, o quê? Franzo a testa, sentindo meu coração começa a bater rápido de pouco em pouco.

     — É óbvio! Estamos falando do Christian; ele trai todo mundo.
     — Mas eles pareciam tão fofos juntos...acho que ele gostava dela.
     — Ah, então devia ser ruim de cama, né? Não tem outro motivo para trair ela...

     Aperto a bandeja com força até demais, me controlando para não me virar para as duas e manda-las ir a merda. Se já estão espalhando boatos sobre meu ex-relacionamento, não imagino o que fariam se me vissem puxando o cabelo das duas aqui no meio de todo mundo. E a trouxa achando aqui que meu enfarto tinha sido a cereja do bolo deles. Aparentemente, um término de namoro é bem mais importante – sinceramente, todo mundo deveria era cuidar de suas próprias vidas, ao invés de cuidar das alheias.

     Eu engulo em seco, contando até 10 mentalmente, se não eu vou me virar e 10 vai ser a quantidade de vezes que vou acertar a cabeça das meninas na mesa. Calma, Sam, calma...

     Pego o restante do meu almoço, logo depois atravessando o refeitório rapidamente para sair daqui de uma vez. Ouço risadinhas quando passo por algumas pessoas, sendo elas o tipo de pessoas que nunca foram traídas na vida, caso contrário não achariam a mínima graça da minha situação.

      Não, sério, como é que todo mundo sabe que Christian e eu terminamos? E como eles também sabem que foi por que ele me traiu com a Tess? Tudo bem que a gente não se falou nenhuma vezinha hoje – provavelmente nem vamos –, mas porra, isso não deve ser o suficiente...

     Me interrompo bruscamente ao me deparar com o Alec sentado na mesa onde sempre fico com a Aly. Ele está sozinho, brincando todo distraído com a comida no prato. Será que está me esperando? Nós não conversamos desde a noite da virada do ano, mesmo eu esperando que em algum momento ele fosse me mandar alguma mensagem. Admito que não pensei muito no coitado durante essa semana, mas a memória daquele beijo...isso ainda me incomoda um pouco.

All For Love ✓2Onde histórias criam vida. Descubra agora