All For Love ✓2

C A P Í T U L O 111

SAMANTHA PRICE

     Na segunda-feira de manhã, não acordo mais sentindo cólicas. Eu deveria soltar fogos de artifícios por isso, porque passei todo o meu domingo sofrendo com cólicas que iam e vinham, umas fortes e outras fracas. Minha mãe até brincou dizendo que eram contrações.

     Enfim, tomo um banho assim que acordo, e depois vou me vestir para a escola. Escolho uma saia jeans preta, uma camiseta de tecido grosso laranja-gema-de-ovo, com mangas longas e gola alta, e uma meia calça preta de renda. Ajeito o cabelo preso num rabo de cavalo, usando um scrunchie que combina com a camiseta. Quando fico pronta, pego minhas coisas da escola e vou para a cozinha tomar café da manhã. Minha mãe está sentada à mesa, segurando uma caneca fumegante de café em uma mão, e comendo ovos mexidos com a outra.

     — Bom dia! — Ela cantarola feliz ao me ver passar pela mesa, indo direto na geladeira.
     — Bom dia... e quanta alegria em plena sete da manhã de uma segunda-feira. — Dou uma risadinha — Por que será, não é mesmo? Por acaso a senhora andou vendo o senhor gostosão as escondidas?
 
     Enquanto encho um copo com suco de laranja, minha mãe se vira na cadeira para me olhar. Sorrio maldosamente para ela, que sorri de volta e faz um balanço negativo com a cabeça.

     — Já pedi para não chamar o Charles assim. — Ela diz — E, não, apenas acordei de bom humor. Não posso acordar de bom humor?

     Dou de ombros.

     — Então está feliz porque vai ver o doutor gostosão hoje. — Continuo provocando, aproveitando que estou de costas para ela pra poder rir e sorrir marota.
     — Samantha!

     Olho para minha mãe, rindo. É engraçado provocar ela com sua paixonite pelo Charles, do mesmo jeito que ela me provocava com minha paixonite pelo Christian – e pelo Ryan Reynalds.

     — Eu devia pôr você de castigo por ficar me difamando dessa forma. — Ela brinca
     — Você não vai me pôr de castigo.

     Sorrio, e na mesma hora em que me sento à mesa pra comer, minha mãe se levanta para ir lavar a cabeça vazia.

     — Mas eu deveria. — Diz por cima dos ombros, me arrancando uma risadinha. — Pode comer o restante dos ovos mexidos, se quiser. Mas não esquece as torradas integrais. E os remédios. Já tomou os remédios?
     — Já, mãe. Assim que acordei. — Reviro os olhos
     — Não revire os olhos pra mim, Samantha. Esses remédios são para o seu próprio bem.

     Ela arqueia as duas sobrancelhas num gesto sério e sugestivo quando passa por mim, saindo da cozinha para entrar direto no corredor. Eu suspiro, e continuo começo a comer os ovos mexidos e as torradas integrais. Depois do café, lavo o restante da louça suja, e minha mãe volta para a cozinha com a bolsa no ombro.

     — O Christian vai te dar carona hoje? — Ela questiona, enquanto enche uma garrafinha térmica com mais café.
    
     Pra ser bem sincera, eu não sei. Ele havia me dito ontem que ligaria ou mandaria mensagem antes de dormir, mas não fez nenhum dos dois. Mandei uma mensagem mesmo assim, e foi a primeira coisa que chequei depois que desliguei o alarme hoje de manhã, mas ainda não havia uma resposta sua na minha caixa de entrada. Nós não marcamos de sempre ir juntos pra escola; Christian me manda mensagem perguntando se quer carona, eu aceito e nós vamos juntos. Não teve nada disso hoje.

     — Vai ou não, Sam? — Minha mãe pressiona uma resposta minha.

     Antes de lhe dar qualquer resposta, eu olho o celular outra vez. Nada. Isso me deixa muito aflita. Não gosto quando ele não me responde, ou então começo a ficar... paranóica. Eu confio no Christian, de verdade, mas depois da Tess, tudo é motivo pra me deixar mal.