C A P Í T U L O 171

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SAMANTHA PRICE

     Passo a bendita semana inteira trancada no apartamento da minha mãe. Meu joelho nem está tão machucado assim, mas, aparentemente, eu não "posso fazer esforços". Nem ir pra porra da escola eu posso, e eu nem sou fã de ir pra escola. Eu só queria poder sair de dentro da casa.

     Christian diz que eu não perdi nada importante na escola. Eu consegui terminar a semana de provas, pelo menos, e ir pra escola depois disso consiste em muita enrolação dos professores, trabalhos desnecessários para encher o tempo até os últimos dias de aula e a preparação para o baile de verão.

     E sobre o baile de verão: tô puta. Esse ano, o Conselho do Grêmio Estudantil fez uma votação sobre qual seria o tema do baile daqui uma semana. Entre os temas estavam: o Greco Romano, Uma Noite no Hawaii e A Noite Estrelada (sim, aquela obra de Van Gogh). Estou puta porque eu não votei! Nem sei se vou à merda do baile, mas queria ter votado no tema de Van Gogh. Talvez mudasse alguma coisa...

     As pessoas daquela escola não tem senso na hora de escolher alguma coisa.

     O Christian disse que não votou, porque "não entende porra nenhuma sobre essas coisas", nessas exatas palavras. Xinguei ele por não ter votado por mim, e eu tenho certeza que ele sabia que eu votaria no tema de Van Gogh. Filho da puta que eu amo...

     — Posso te fazer uma pergunta? — Christian diz de repente.

     Não olho para ele. Estou concentradissima num desenho novo feito a lápis. Passo a ponta do grafite suavemente para criar as curvas de que eu preciso mais de uma vez. Já estou há um tempo fazendo esse desenho, então estou quase finalizando.

     — Hum... — Murmuro em resposta
     — Tipo, você tava reclamando comigo até ontem que eu não escolhi um tema do baile pra você. — Christian começa, usando um leve tom debochado na voz. Eu chuto sua coxa com a perna, e ele ri. — 'Pera aí, deixa eu falar, cara. Ok. Então, se você se importa tanto, 'cê quer ir?

     Essa pergunta é digna de uma pausa. Eu deixo o lápis pousar em cima do meu bloco de desenhos, e eu levanto a cabeça em direção a Christian. Ele está sentado do outro lado da minha cama, encostado na grade, massageando meus pés lentamente, um de cada vez.

     — Você tá me chamando pro baile? — Arqueio a sobrancelha, ao mesmo tempo seguro um sorrisinho besta, porque não quero que ele saiba que isso me deixa...besta.

     Christian imediatamente fica vermelho rubro.

     — Não eu... Tô perguntando se você vai. Tipo, faz muito tempo que não vejo vocês num baile da escola e tals. — Ele começa a atropelar as palavras, uma em cima da outra, gesticulando com as mãos em gestos nervosos. — E você ficou doida com a votação dos temas, por causa desse lance de Van Gogh, então sei lá... né?

     Quando para de falar, Christian limpa a garganta e desvia o olhar. Dou uma risadinha. Que fofo.

     — Ah, eu não sei. — Dou de ombros, recolhendo minha perna boa para cima, dobrando-a embaixo da outra. — O último baile da escola em que eu fui, foi quando estávamos nono ano.

     Aquele baile foi horrível. Alyssa e eu tentamos achar um par, mas ninguém quis ir com a gente, então fomos juntas. Eu queria ir com algum garoto bonitinho, mas ela ficou contente e satisfeita sendo só nós duas, hoje entendo porquê. O tema do baile era brega, tanto que nem me lembro mais qual era. O que eu me lembro é que Tess Armstrong deixou cair ponche no meu vestido branco de paetês, e aí eu fiquei muito irada de ódio, mas estava todo mundo olhando para nós e rindo e tirando fotos, então ao invés de revidar, eu comecei a chorar e liguei para minha mãe vir me buscar. Deixei Alyssa lá sozinha, o que não foi legal da minha parte, mas superamos.

All For Love ✓2Onde histórias criam vida. Descubra agora