C A P Í T U L O 156

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SAMANTHA PRICE

     Quando voltamos para casa já é quase meia-noite, porque antes disso o Nate levou a gente pra lanchar no McDonald's.

     Não estou mais bêbada como antes, mas desejo que estivesse, para esquecer aquele episódio assustador no Beach Club. Ainda não consigo tirar o rosto daquele marmanjo da cabeça. Me senti como uma presa sendo cercada por seu predador, tão grande, tão velho, tão malicioso.

     Só de pensar no que poderia ter acontecido, sinto meu estômago embrulhar.

     Não acendemos as luzes quando entramos na casa, porque é uma noite de lua cheia e a luz prateada penetra as janelas, iluminando os cômodos a meia-luz. Não dizemos nada, apenas procuramos pelos nossos pais no andar de baixo, mas a casa parece vazia.

     — Será que eles já foram dormir? — Beth pergunta a ninguém em específico, mantendo a voz baixa.
     — Dormir deve ser a última coisa que eles devem estar fazendo. — Nate diz, olhando para o teto como se tivesse visão de raio-x. — Assim que a gente vazou eles devem ter ido pra cama fazer vapo-vapo.

     O linguajar do Nate me anima um pouco, e eu dou uma risada baixa.

     — Eca. — Beth faz uma careta. — Eu juro que se eu ouvir algum "plot-plot" "plaf-plaf" eu vomito.
     — Deixa de exagero. — Nate balança a cabeça. — Até parece que você não fica acordada até tarde no quarto fazendo merda, que eu sei.

     Se não estivesse escuro, eu veria Beth corada.

     — E você que toca punheta pro seu poster com aquela mina gostosa do GTA! — Beth contra-ataca
     — Toco mesmo, e aí?!
     — Vocês me dão nojo. — Sou eu quem faz uma careta agora. — Eles também, mas precisamos saber se ele estão mesmo fazendo sexo lá em cima. Quem vai ver?

     Nate aponta imediatamente para Beth, que aponta para o Nate de volta. Reviro os olhos.
 
     — Um dos dois tem que ir. — Digo
     — Por que tem que ser a gente? Por que não pode ser você? — Beth cruza os braços.
     — É! — Nate faz o mesmo.
     — Porque a casa é da família de vocês. — Argumento, mesmo que não faça sentido. — Eu sou visita, então eu tecnicamente tenho um cartão de imunidade contra torturas, incluindo escutar nossos pais transando.
     — Isso não faz o menor sentido.
     — Na minha cabeça faz.
     — Não faz não. — Diz Beth, erguendo uma sobrancelha. — Mas sabe o que faz sentindo? Vocês dois — Ela aponta para mim e para Nate, virando-se de lado. — já tiveram experiências sexuais com seus respectivos parceiros, então seria menos traumático se um de vocês fosse lá em cima olhar, já que vocês conhecem o som muitíssimo bem. Eu sou um bebê virgem, pura e santa, não posso ficar ouvindo essas coisas.
 
     Nate e eu trocamos olhares.

     — Até parece. — Dizemos em unissono
     — Ok, a gente tá enrolando demais. Por que não tiramos no palitinho? — Proponho

     Nate e Beth dão de ombros, se olhando ao concordarem com o método. Seja o que for, não vai ser eu quem vai ter que se arriscar a subir lá em cima.

     Sou eu quem tira a porra do palitinho menor.

     Vou xingando todos os palavrões que eu conheço enquanto subo as escadas para o segundo andar. Nate e Beth ficam me esperando no corredor.

     — Boceta, caralho, puta que pariu... — Resmungo para mim mesma. — Porra, cacete, merda, cu, Trump...

     Paro no alto das escadas. Olho pelo corredor vazio e escuro, e leva alguns segundos até eu escutar algo. É a caralha de um gemido.

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