C A P Í T U L O 168

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CHRISTIAN ANDERSON

    Está caindo o mundo com essa chuva do caralho. Acho que é uma das primaveras mais chuvosas que já presenciei em Bridgton. Ponho a mochila sobre a cabeça quando saio do jipe, correndo para chegar até a porta da frente sem ficar totalmente encharcado.

     Enquanto fecho a porta, depois de entrar no hall totalmente sequinho e quentinho, ouço os passos de cavala da Alyssa vindo pelo corredor.

     — Meu Deus, você não sabe atender a porra do telefone?! — Ela exclama, quase gritando comigo.
     — Fiquei sem bateria. — Giro meu chaveiro no dedo, virando-me para ela. Franzo a testa. — O que aconteceu?

     Alyssa hesita. Ela fica me encarando com a mesma expressão que eu ficava no jardim de infância, quando alguém implicava com meu leão de pelúcia. Eu não gosto dessa expressão. Sinto um leve aperto no coração, já começando a ficar preocupado.

    A primeira coisa que vem na cabeça é o vovô. Por isso meu coração começa a pulsar mais forte.

    — Aly, diz se aconteceu alguma coisa. — Digo lenta e seriamente. — Por favor.

     Ela desvia o olhar uma ou duas vezes, olhando fixamente para atrás de mim. Chego a pensar que tem alguém parado na porta, me observando em silêncio, não fazendo nada, só... observando mesmo. Quero me virar, mas minhas pernas viraram gelatina.

     — Hum... é... — Alyssa limpa a garganta, nervosa. — É a Sam, Christian.

     O quê?

     Entro em pânico. A imagem do meu avô é substituída pela imagem da Sam, e eu tento imaginar o que aconteceu com ela. Percebo como meu coração está acelerado, e me pergunto se o mesmo não aconteceu com ela... só que pior.

     — Alyssa! Fala logo! — Exijo com a voz trêmula.

     Largo a mochila no chão, e caminho até ela em três passos largos.

     — Tudo bem, calma! — Alyssa estica os braços, como um domador tentando acalmar a fera. Não sou uma fera, sou um namorado preocupado. — Fica calmo.
     — Fala logo, porra.

     Agarro o pulso dela, puxando seu braço pra baixo quando dou mais um passo em sua direção. Se ela não me disser logo o que aconteceu, eu vou... não sei o que vou fazer, mas com certeza não vai ser algo bom.

     — Houve um acidente. — Alyssa me conta com lentidão, tentando ser calma, mas só está me deixando ansioso. — E a moto da Sam derrapou na chuva. Ela agora tá no hospital.

     Meu coração até para.

     Eu pisco, atordoado, perdendo completamente o negócio do equilíbrio. Tudo ao meu redor parece girar em alta velocidade, e preciso me encostar na parede para não cair no chão. Quando olho para Alyssa outra vez, mal consigo respirar.

     — Em que hospital ela tá? — É tudo o que pergunto, por que a primeira que me vem na cabeça é que preciso vê-la.
     — No hospital infantil.

     Eu a encaro. Alyssa estica os braços em minha direção, mas muito antes dela me escutar estou me virando e saindo porta a fora. Corro embaixo da chuva até o carro, e minhas mãos estão trêmulas quando giro a chave na ignição. Alyssa corre atrás de mim quando estou descendo a entrada da garagem.

     — Espera! — Ela grita — Eu vou com você!

     Paro o jipe todo torto, deixando Alyssa subir no banco passageiro. Ela ficou só alguns segundos embaixo da chuva, mas está toda molhada mesmo assim. É esse o nível de água caindo do céu.

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