All For Love ✓2

C A P Í T U L O 120

SAMANTHA PRICE

     Durante a tarde, minha mãe sai para ir ao mercado, e eu fico sozinha em casa. Não tenho absolutamente nada pra fazer nesse sábado, a única coisa que eu fiz durante a manhã foi arrumar aquela mala que trouxe da casa do meu pai, na segunda-feira. Ainda não estava arrumada porque eu não tinha certeza do que ia acontecer, mas agora que eu sei que vou ficar, é bom já ir arrumando algumas coisas. Também pendurei alguns desenhos na parede, pra começar a decorar meu quarto, que é branco e sem graça – até agora.

     Mas ainda estou entediada. Se eu estivesse com minha moto, ou tivesse alguma grana pra chamar um Uber, eu iria pro loft pintar.

     Tomo um banho, visto algo quentinho, porque hoje o clima está frio e não para de chover lá fora. Depois vou sentar na sala pra assistir alguma coisa, talvez um filme. Estou no clima para assistir filmes de ação. Não tem muitos passando no pacote de TV a cabo da minha mãe, e os que tem são muito ruins, por isso deixo em qualquer porcaria – tendo explosões e porrada, pra mim está ótimo.

     Não dá nem cinco minutos, e a campainha toca. Quem será que veio me perturbar em pleno sábado a tarde? Penso irritada, enquanto levanto-me para ir atender seja lá quem for.

     Quando abro a porta, e vejo Sofia Vance diante de mim, fico até boquiaberta.

     — Minha nossa, seu olho. — É a primeira coisa que ela diz, fazendo uma careta.

     Faço a burrada de levantar os dedos para tocar meu olho pela centésima vez hoje, porque, por algum motivo, eu sempre me esqueço de que ele está ferrado. Meu olho lateja assim que o toco, e por isso me retraio e resmungo de dor. Está inchado, mal consigo enxergar com ele e está todo roxo. Pelo menos só dói quando eu pisco, fecho os dois olhos ou toco. Não é tão ruim quanto parece.

     — É...tá bem feio. — Desvio o olhar dela. — O que está fazendo aqui?
     — Eu precisava ver você depois de ontem. — Diz Sofia — Sua mãe... está em casa. Fiquei com apreensão de vir aqui, e acabar não sendo uma boa ideia.
     — Foi ao mercado. Você pode entrar.

     Chego um pouco para o lado, e Sofia entra no apartamento, já olhando ao redor com curiosidade. Fecho a porta, e olho para ela.

     — Eu sei que é pequeno, repara não. — Digo timidamente

     Comparado a casa do meu pai, que nem é tão grande – tamanho normal de uma casa de uma família classe média –, o apartamento da minha mãe parece um cubículo para Sofia.
    
     — Não, tudo bem. — Ela sorri — É fofo.

     Fofo? Sério? Cruzo os braços e ergo a sobrancelha para ela. Sofia desvia o olhar, parecem incomodada.

     — Hum, eu vou ser rápida. — Sofia senta-se no sofá, e eu a acompanho. — Vim pedir desculpas pelo seu pai.
     — Você tem que parar de me pedir desculpas pelos erros que ele cometeu.
     — Eu sei, mas não consigo ficar parada. — Sofia suspira — Quando ele chegou em casa todo machucado, eu sabia que algo de bom não tinha acontecido aqui. — Não me diga? — E aí ele me contou o que fez com seu...olho.

     Engulo em seco ao me lembrar de quando me joguei na frente de Christian. Depois disso vi tudo preto, porque meu pai já tinha acertado meu rosto, mesmo que não fosse sua intenção. Ele ainda ia machucar um adolescente, de qualquer jeito, então ainda está errado.

     — Ele te contou que ia machucar o Christian? — Olho para Sofia — E que eu só fui tentar defender ele?
     — Contou. E eu continuo sentindo muito...por você e pelo Christian. Tenho certeza de que seu pai não quis machucar nenhum dos dois — Ela precisa parar de falar merda. —, e que só estava muito estressado com tudo o que está acontecendo. Não sabe como brigar com você o deixa mal e perturbado, Sam.
    
     Me arrependo de revirar os olhos quando sinto a dor pulsar no olho machucado. Mas foi inevitável sequer pensar em não revirar os olhos. Não dá, principalmente quando a esposa nova do meu pai vem até minha casa pra defender ele, depois dele próprio ter provocado a briga. Charles pode ter começado, mas meu pai provocou. Ele não é nenhuma vítima aqui.