C A P Í T U L O 45

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CHRISTIAN ANDERSON

     Passo a camiseta pela cabeça, e fecho o armário, o barulho ecoando pelo vestiário ainda mais barulhento. Me sento no banco para amarrar os tênis, aliviado pelo período de EF já ter acabado. Não sei o que era pior: o apito do treinador, o frio que sentimos toda vez que a gente saia da piscina depois de um mergulho, ou a Samantha me torturando.

     Eu me levanto quando termino de amarrar os cadarços, pegando a mochila no chão. Na mesma hora, um imbecil passa atrás de mim, empurrando meus ombros de propósito. Olho pro sujeito, que ri.

     — Aí, Chris, sua é ex é mó gostosa. — Ele cutuca o cara ao seu lado, quando eu franzo a testa de forma irritada, e então some atrás dos corredores de armários antes que eu possa fazer alguma coisa. Deus, daime paciência, porque se me der força eu mato um.

     Respiro fundo, jogando a mochila sobre o ombro antes de deixar o vestiário de uma vez por todas. Além de só ter gente sem noção lá dentro, cheira a desodorante Old Spice e suor, o que é nojento. Nem meu quarto cheira mal assim, meu Deus.

     Olho a hora no relógio pra ter certeza de que eu não estou fazendo merda indo em direção ao vestiário feminino no tempo errado. Preciso falar com a Tess, e sei que ela é sempre a última a sair – não me pergunte como –, porque ela fica se "embelezando" toda, além de gastar tempo demais embaixo do chuveiro. Eu paro de frente para a porta do vestiário, escutando os burburinhos altos das meninas conversando sem parar lá dentro. Resolvo esperar ali mesmo, encostado na parede.

     O que as meninas tanto fazem lá dentro? Que demora da porra pra sair do vestiário. Não é possível que elas gostem tanto assim de compartilhar um chuveiro. É estranho pra cacete. Alguns alunos passam pelo corredor e olham pra mim, os olhos curiosos, e eu quase me esqueço que estou todo arrebentado – me olhei no espelho depois do banho, e agora sei que meu olho esquerdo está roxo-azulado, pegando até um pouco da maçã do meu rosto, e eu tenho um corte no lábio e na sobrancelha, perto do olho machucado.

     Eu reviro os olhos para os alunos que olham pra mim, levantando o dedo do meio para os dois. Eles se assustam e apertam o passo pra irem embora.

     Logo depois, a porta do vestiário se abre, e Sam sai para o corredor acompanhada pela Alyssa. As duas estão rindo, mas isso só até darem de cara comigo.

     — Que susto! — Diz Aly — Tá fazendo o que aqui, tarado?

     Lanço um olhar furtivo para a porta fechada do vestiário, depois volto a olhar para elas. Sam ri soprado, sem haver graça no gesto, e passa uma mexa de cabelo úmido para atrás da orelha.

     — É a Tess, não é? — Ela pergunta

     Suspiro e afirmo lentamente com a cabeça, mesmo querendo mentir e dizer que estou ali por ela. Vou estar sempre aqui por ela. Mas não hoje; hoje eu preciso falar com a Tess, e não posso adiar. Concentro meus olhos no corredor atrás delas.

     — Aly, eu preciso ir. — A voz de Sam vem um pouco mais pesada. — Se não vou perder a aula de Latim...vejo você mais tarde.

     Sinto seu perfume intenso quando ela passa por mim, indo embora. Já perdi a conta de quantas vezes já a vi ir embora para longe de mim, deixando meu peito apertado, uma vozinha no fundo da minha mente me pedindo para ir atrás dela. Mas eu nunca dou ouvidos à essa vozinha. Eu respiro fundo, olhando para trás a tempo de vê-la subir as escadas para o segundo andar. Quando me viro de volta pra frente, minha irmã me encara com cara de cu, cruzando os braços.

     — O que foi agora, Alyssa? — Reviro os olhos
     — Você faz isso de propósito, né?
     — Isso o quê? Endoidou?
    
     Alyssa solta um grunhido, revirando os olhos e batendo o ombro no meu quando vai embora. É TPM o que ela tem? Balanço a cabeça; garotas...

All For Love ✓2Onde histórias criam vida. Descubra agora