C A P Í T U L O 82

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CHRISTIAN ANDERSON

     No meio do caminho, precisamos parar o carro para "fechar" o teto, porque do nada – do nada – começou a chover, e não é nem uma chuvinha fraca. Se eu molhar o interior da porra desse carro, o Nate vai me matar. Enfim, o resto do caminho é com o carro todo fechado, o som da chuva forte caindo sendo abafado. Sam e eu ficamos em silêncio, apenas escutando o som da chuva e dos limpa-para-brisas trabalhando constantemente para não me fazer bater o carro por não enxergar – é sério, tá chovendo muito.

     Não me importo de ficar em silêncio com a Sam, fazíamos muito isso quando estávamos juntos, mas agora é diferente. O clima ficou meio estranho depois que o filme acabou, mesmo depois de termos assistido 2 horas e 50 minutos de filme agarradinhos – e eu juro por Deus que não foi minha intenção trazer a Sam para assistir um filme de terror só pra ela me abraçar, até porque eu queria mesmo era assitir o que íamos assistir da última vez, para o encontro ficar perfeito de vez, mas obviamente isso não foi possível.

     Olho para Sam de canto enquanto dirijo – ela está sorrindo, desenhando coisas aleatórias na janela embaçada com o dedo indicador, enquanto olha para a estrada a nossa frente. Não me canso de olhar para ela; meu coração saltita como se tivesse sendo a primeira vez, como se nada no mundo pudesse superar o que estou vendo. Sam é a mistura de partículas de DNA mais miraculosamente perfeita existente em toda história da biologia humana.

     Tiro os olhos dela para continuar dirigindo, antes que eu porre com o carro num poste. As ruas estão bem escorregadias, tô tendo que dirigir feito uma tartaruga, tomando o devido cuidado na hora de virar em curva ou em freiar. Talvez eu devia ter olhado a previsão do tempo antes de planejar um encontro, pra evitar situações como essas. Podemos estar secos dentro do carro, mas a chuva forte corta o clima, deixa tudo tão melancólico, não era assim que eu esperava que a noite terminasse...

     — Filho de uma puta! — Grito, freando o carro de última hora quando um motoqueiro passa no cruzamento por onde eu ia passar. Imagina se eu estivesse dirigindo mais rápido? O carro podia derrapar na pista, ou sei lá o quê. Sorte que não tem nenhum outro carro atrás de nós.

     Olho para Sam. Ela está com os olhos arregalados, ofegando enquanto encara a pista lá fora.

     — Você tá bem? — Pergunto, meu tom de voz muito mais manso e baixinho que antes, quando eu estava gritando com um desconhecido que se quer podia me ouvir. Prendo um mecha de seu cabelo atrás da orelha, e Sam olha para mim.
     — Uhum. — Ela afirma, e eu suspiro.
     — Desculpa, é que tem muita idiota andando na rua essa hora. — Balanço a cabeça — Tá chovendo muito, talvez seja melhor esperar um pouco. O que você acha?

     Antes de me responder, Sam olha a hora no celular e então sorri.

     — Temos tempo. — Ela diz — Pensei que eu fosse a única que não conseguia dirigir quando chove.
      — Ah, mas você é a única medrosa ainda. — Dou risada, mas Sam apenas revira os olhos. — É que estou acostumado com o meu carro, que é maior e mais pesado, precisa de um pouco mais de forma pra manusear ele. O do Nate é leve, apesar da aparência horrorosa.

     Sam ri.

     — Bom, para sua má sorte, eu prefiro esse. — Ela passa as mãos nas sobras do banco em que está sentada, o olhando como se estivesse apaixonada pelo carro. Eu sei como ela olha para algo com paixão, porque ela também já me olhou assim um dia. — Eu odeio seu carro.
     — Só porque você não alcança ele na hora de subir. — Franzo o cenho, concentrado em continuar dirigindo pra a gente esperar em outro lugar. — Meu jipe é lindo, ok?
     — Não é, não. Sabe o que é lindo de verdade?

All For Love ✓2Onde histórias criam vida. Descubra agora