C A P Í T U L O 150

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SAMANTHA PRICE

     É nosso último dia em Southampton.

     Fico triste por esse dia finalmente ter chegado, como sempre soube que chegaria. Por outro lado, estou feliz por ter aproveitado minhas férias de primavera como nunca antes. Também foi como tirar férias dos meus dramas pessoais em Bridgton, o que foi um favor imenso para minha dor emocional na coluna.

     Me permito acordar um pouco mais tarde hoje. Quando levanto da cama, Beth e o Conde não estamos mais comigo, provavelmente já devem estar acordados a tempos. Meu lado paranóico questiona se todo mundo foi para a praia sem mim, mesmo que Charles não tenha dito nada sobre isso ontem a noite. Acho que concordamos que ficaríamos em casa só num churrasco simples.

    Saio andando pelos corredores e me espreguiçando. Ainda na escada, sinto o cheiro de café fresco e comida; minha barriga ronca de fome.

     — Bom dia... — Murmuro com a voz rouca ao entrar na cozinha.

     Minha mãe olha para mim brevemente, sorrindo, e depois vira a panqueca na frigideira.

     — Bom dia! — Ela cantarola, claramente muitíssimo feliz.

     Num geral, minha mãe é uma mulher feliz. Mas dormindo com o Charles todas as noites sua felicidade triplicou, e posso até imaginar o motivo, e é nojento pensar nisso.

     — Cadê o Charles? — Pergunto ao me sentar a mesa.

     Ele é o único que não está por perto, enquanto Beth se empanturra de baguete com creme e Nate anda de um lado para o outro na varanda, discutindo com alguém no celular. Não sei com quem é, a porta está fechada e eu só percebo que é uma discussão por causa de seus gestos.

     — Ah, está lá em cima. — Minha mãe diz, e escorrega uma panqueca no prato posto na minha frente. — Atendendo um paciente...de novo.

     Charles tira férias do trabalho, mas o trabalho não tira férias dele. O cara tem até dois celulares: um é pessoal, mas eu quase não o vejo usando. O outro é pro trabalho, que está tocando, recebendo mensagens e e-mails toda hora.

     Ele está sempre trabalhando!

     Ontem mesmo Charles não pode ir a praia com a gente, porque precisava gravar um vídeo palestrante para uma turma de medicina. Além disso, ele mesmo teve aulas a distância, porque apesar de formado ele ainda estuda pra cacete. A vida de um médico não é nada fácil.

      Minha mãe da de ombros para mim, abrindo um sorriso menor quando volta para o fogão..

     É claro que ela ainda não teve muito tempo para ficar com ele a sós, só a noite mesmo, mas não deve ter sido o suficiente. Eles estão juntos, mas ela sente sua falta. É basicamente a mesma coisa que acontecia com meu pai, com a pequena diferença de que o Charles realmente gosta muito da minha mãe, ele só não tem tempo pra relaxar.

     Penso nisso enquanto decoro minha panqueca com frutas – porque minha mãe não me deixa pôr nada "não saudável" na panqueca.

     Na varanda lá fora, em meio ao silêncio na cozinha, escutamos Nate gritar ao telefone. Até me assusto.

     — Me deixa em paz, porra! — É o que ele grita.

     Em seguida, ele encerra a ligação. Suas mãos puxam seu cabelo despenteado, e ele para de andar de um lado para o outro finalmente, ficando de costas para as janelas e para nós.

     Lanço um olhar assustado para Beth, que retribui. Suas bochechas estão estufadas, porque ela está com a boca cheia de comida.

     — Estranho... — Ela diz, depois de engolir tudo que está na boca.
     — Muito estranho. Será que ele estava falando com a Lauren?

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