C A P Í T U L O 25

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SAMANTHA PRICE

     Depois do almoço, eu tomo um banho quente e vou me arrumar para ir pra casa do meu pai. Ele mandou mensagem avisando que viria me buscar logo, então eu tive que me apressar, porque já estava tecnicamente atrasada. Como estou saindo de uma casa para ir pra outra, eu ponho uma calça jeans preta, uma camiseta preta de mangas longas que é colada no meu corpo e um casaco moletom verde-musgo com capuz. E também calço meias pretas grossas e um par de botas bege-palha estilo militar. Quando eu chegar na "minha outra casa", vai ser só tirar o casaco e as botas, e pronto; vou estar confortável.

     Enquanto termino de pentear meus cabelos úmidos, minha mãe entra no quarto com todos os meus remédios nas mãos.

     — Não vai esquecer isso, pelo amor de Deus. — Ela diz, abrindo minha mochila em seguida para guardar os remédios.
     — Ainda dá tempo de desistir e me deixar passar o Natal com você. — Olho para minha mãe pelo seu reflexo no espelho, dando de ombros casualmente. — Não dá pra esquecer de tomar os remédios, se eu ficar onde eles estão.
     — É por isso que eles vão com você. — Ela vem até mim e tira o pente da minha mão, tomando meus cabelos para desembaraçar as pontas. — Sam, já falamos sobre isso várias vezes, e eu mantenho minha decisão.

     Suspiro e cruzo os braços.

     — E nem pense em dizer que eu vou ficar sozinha. — Ela me corta antes mesmo de eu começar a falar. — Vou estar bem no trabalhando no hospital. Vai ser só mais um dia comum, certo?
     — Não é um dia comum, é seu feriado favorito. — Murmuro
     — Nem sempre devemos fazer aquilo que nosso coração quer. Às vezes devemos escutar a razão, porque ela geralmente tem...bom, razão.

     Olho para o rosto da minha mãe pelo reflexo, a pegando no meio de um suspiro que soa como uma espécie de derrota, os olhos baixos enquanto penteia meu cabelo. Isso me deixa incrivelmente irada por dentro. Como uma mulher bonita, inteligente, divertida e gentil consegue se foder na vida, enquanto meu pai sai completamente feliz? Não tem absolutamente nenhum nexo nessa "equação". Não desejo nenhum mal ao meu pai, por mais filho da puta tenha sido com nós duas, pelo contrário, queria que tanto ele, quanto minha mãe fossem felizes. Por que duas pessoas não podem sair psicologicamente bem de um relacionamento? Por que uma tem que sempre sair magoada?

     Minha mãe segura duas mechas cheias do meu cabelo, e as prende para trás, usando uma presilha de borboleta com pedrinhas verdes. Sorrindo, ela me abraça por trás, deitando a cabeça no meu ombro para me encarar usando o espelho.

     — Eu sei que você acha que estou triste, mas eu não estou, filha. — Ela diz, e eu deito a cabeça em cima da sua. — Vai ser bom você passar mais tempo com seu pai.
     — Eu literalmente moro com ele.
     — Mas ele nunca tá em casa, eu sei disso. Mas nesses dois dias ele vai estar... Sam, colabora vai. E seja gentil com ele.

     Eu solto minha mãe do meu corpo e me viro para encara-la, mas segurando suas mãos firmemente.

     — Por que tá sempre sendo tolerante com ele? — Pergunto
     — Não sou tolerante com seu pai. — Minha mãe sorri de um jeitinho divertido, o que me faz até sorrir também. — Seja gentil com quem não merece, e a veja desmoronar no próprio remorso. Minha mãe sempre me dizia isso quando eu era da sua idade.
     — Acha que meu pai sente remorso?

     Ela da de ombros e solta minhas mãos, para alisar meus ombros, como se o estivesse limpando.

     — Tomara que sim. Sabe, ver seu ex sofrendo um pouquinho não é tão ruim assim. — Ela pisca com uma risada, e eu sorrio de canto.

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