C A P Í T U L O 96

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SAMANTHA PRICE

     Engulo em seco. Agora que meu pai está aqui, não sei mais como agir. Fiquei até aliviada quando Sofia tinha dito que ele ainda não havia chegado do trabalho, achei eu que teria uns minutos extras para pensar – talvez até desistir e ir embora antes que ele chegasse.

     Mas agora aqui estou eu, e sei que não tem como escapar. Eu preciso enfrentar essa conversa com meu pai.

     Tiro o braço de Christian de cima de mim, e meu pai segue minha ação com o olhar até o rosto de Christian. De repente, ele deixa de estar surpreso e fica levemente irritado, o rosto ficando tenso e avermelhado.

     Já até sei o que incomoda.

     — Sam. — Meu pai repente, mas sem o ponto de interrogação no final. — E Christian Anderson.

     Christian se mexe desconfortável ao meu lado, e eu penso em pegar sua mão para tentar me fazer sentir menos desconfortável também. Para aliviar a tensão de nós dois. Mas não consigo me mexer direito.

     — O que estão fazendo aqui? — Meu pai continua, asperamente.

     Ele avança pela cozinha, deixando algumas sacolas marrom de mercado em cima da mesa, tudo isso sem direcionar um olhar duradouro a mim. Isso foi uma péssima ideia.

     Como eu demoro para responder, Sofia acaba por fazer isso por mim.

     — Ela veio conversar com você, How. — Sorrindo, ela apoia o braço no ombro do meu pai e lhe dá um beijinho na bochecha barbada. — Isso não é ótimo?

     Meu pai lança um olhar cortante para Christian, semi-cerrando os olhos enquanto o estuda de cima a baixo. É como se Christian fosse o diabo na cozinha de Deus. Ou ao contrário. Nessa versão, o diabo morre de medo de Deus, porque está com o olhar fixo no chão.

     — Eu não sei. — Meu pai responde, olhando para mim. — Isso é bom? Pensei que tinha dito que não queria que eu fosse sei pai.
    
     Baixo os olhos para o chão, envergonhada.

     — Podemos conversar? — Pergunto — Por favor?

     Silêncio. Tudo o que escutamos é o molho de Sofia fervendo no fogão, e depois a própria indo desligar o fogo.

     — Vou deixar vocês a sós. — Ela diz, e sai da cozinha empurrando o carrinho de Todd.
     — Vou estar na sala se precisar de mim, ok? — Christian sussurra no meu ouvido.

     Eu concordo com a cabeça, e ele beija minha cabeça antes de seguir para fora da cozinha também, me deixando sozinha com o demônio de terno e gravata.

     Levanto os olhos de volta para meu pai, que imediatamente se vira e vai até a geladeira. Ele fica um tempo olhando para dentro dela, segurando a porta aberta, mas não parece interessado em nada. Está fazendo isso de propósito, de teimosia, porque não quer olhar pra mim.

     Eu fui a tola que pensou que ele não estaria mais com raiva de mim, e que quisesse me ver. Acho que, se quisesse mesmo, já teria feito isso alguns dias antes.

     De qualquer forma, se ele quer fazer isso do jeito mais frio, então vamos fazer do jeito mais frio.

     Me sento a mesa, abrindo minha mochila para pegar a conta do hospital que deixei aqui dentro hoje mais cedo. Quando bato a folha contra a madeira da mesa, fazendo barulho, meu pai olha para mim por cima do ombro. Fico esperando ele vir sentar também, pra a gente começar a...como eu havia dito antes...negociar os termos.

All For Love ✓2Onde histórias criam vida. Descubra agora