C A P Í T U L O 138

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SAMANTHA PRICE

     Quase uma hora depois, nós chegamos em Portland, que é a cidade com o aeroporto mais próximo de Bridgton. Sim, 40 minutos e tantos de viagem até uma cidade próxima ao litoral do Maine, apenas para pegar um avião, porque Bridgton é pequena demais para ter se quer uma estação ferroviária – mesmo se tivesse, levaria dias para chegar até Nova York.

     Charles deixa o carro no estacionamento feito para carros sem problemas de comprometimento, ou seja, um estacionamento onde o carro vai permanecer estacionado durante uma semana. Me pergunto mentalmente se é seguro, mas tanto Charles quanto minha mãe parecem despreocupados, até mesmo Nate e Beth. Enfim, os experientes em viagens de avião.

     Charles foi quem pegou as malas do carro – sim, todas as malas pesadas, das 5 pessoas que estavam dentro do SUV, contando com ele. Nate até ajudou um pouco, e depois nossas malas foram levadas por carrinhos, porque eram muitas. O Conde – o cachorro Buldogue Francês preto da Beth – ficou dentro da casinha dele, cujo Beth fez questão de levar na mão. Ele late um pouco, mas não parece incomodar ninguém ao redor – só incomodou a gente mesmo, durante a viagem inteira, latindo pra cacete.

     Na real, a viagem por si só já foi meio... desconfortável. Sei lá, foi o clima meio estranho. Posso até conhecer Beth por ser minha amiga, mas não conheço muito bem Charles ou até mesmo o Nate, já que só estamos juntos no mesmo lugar quando Christian está por perto, excluindo dessa afirmação apenas algumas das aulas que temos juntos. Minha mãe tentou animar a viagem, mas não deu muito certo. Na maior parte do tempo, ficamos em silêncio. Percebi que, às vezes, Charles e minha mãe olhavam para nós três no banco de trás; estávamos todos mexendo no celular, esquecendo como se interage socialmente. Eu prefiro assim.

    Enfim, entramos no aeroporto. Eu nunca tinha entrado em um antes, principalmente porque, geralmente, quando alguém vinha visitar a gente, meu pai vinha buscar quem quer que fosse, sozinho. Eu ficava em casa, esperando ansiosamente pela chegada dos parentes – isso é, quando eu era criança.

     Estou me sentindo uma criança de novo, e não porque estou esperando alguém, mas porque são crianças que ficam de olhos brilhando com coisas pequenas, como entrar num aeroporto pela primeira vez.

     Vejo pessoas indo e vindo, puxando malas, falando ao telefone, crianças chorando, cachorros latindo, o som da mulher fazendo as chamadas para os vôos. É quase como nos filmes, a diferença, é que não estou vendo nenhum cara correndo contra o tempo, para chegar até sua amada que planeja estudar fora do país por causa de uma desilusão amorosa, que, na verdade, foi apenas tudo um grande engano. No fim, eles se beijam, ficam juntos, voltam para casa e se casam. Não, eu não estou vendo nada disso acontecer.

     Levamos nossas malas até a área de check-in. Charles é quem fala com a moça vestida formalmente atrás do balcão, o que leva um tempo, pois ocorre um erro no check-in da "passagem" do Conde. Depois que é tudo resolvido, finalmente pudemos sair para a inspeção de segurança. A fila é grande.

     Eu sei que não estou carregando nenhuma bomba na minha bolsa, nem armas ou drogas, mas fico cada vez mais apreensiva conforme me aproximo do detector de metais. Acho que tenho medo de passar pelo detector de metais, e magicamente aparecer um canivete no meu bolso, sei lá. Coisas de quem nunca viajou num avião – ou viajou em qualquer meio de locomoção.

     Tiro tudo o que tenho de metal por perto – meu celular, meu fone e meus brincos vão para uma caixinha. Minha mochila fica em cima de uma esteira, para passar por um raio-x. Respiro bem fundo, fecho os olhos, e passo com um piso só pelo detector de metais.

     Quando percebo que ele não apitou, abro os olhos e respondo fundo, aliviada. Por que eu tô aliviada? Não tenho nada pra apitar junto comigo.

All For Love ✓2Onde histórias criam vida. Descubra agora