C A P Í T U L O 143

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SAMANTHA PRICE

     Eu acordo primeiro que Beth, no dia seguinte. Isso não é nem novidade, levando em consideração que não consegui dormir direito durante a noite.

     Estou ansiosa de novo, mas ansiosa por um motivo bom dessa vez; a praia.

     É quase a mesma sensação que temos quando vamos deitar pra dormir um dia antes do passeio da escola. A última vez que senti esse burburinho no estômago e a empolgação afobada, foi na noite anterior da minha escola do fundamental levar a gente pra uma "aula extra-classe" de ciências no bosque.

     Quando acordo, são quase seis horas. Todo mundo deve tá dormindo ainda; Charles avisou que iríamos pra praia umas sete horas, ou um pouquinho antes. Ainda é cedo.

     Eu me viro para pegar o celular. Não tenho nenhuma mensagem, só algumas notificações do Instagram, mas mando uma mensagem para Christian.

Bom diaaaa!
Acordei cedo.
Ainda tô com sono.
MAS EU VOU PRA PRAIA!

     Sei que ele não vai me responder tão cedo, por isso deixo o chat e entro no Twitter. O Twitter é quase meu jornal matinal; eu mexo no trending topics como se realmente estivesse lendo as notícias. Fico rolando a tela até enjoar de ler sobre os assuntos do dia que me interesso, e até retweeto algumas coisas. Antes de desligar a tela, vejo a hora; ainda são cinco e quarenta e pouco. Oh, saco...

    Ainda um pouco sonolenta, me sento na cama vagarosamente, pondo os pés no carpete macio do chão. Antes de me levantar, olho por cima dos ombros para ter certeza de que Beth ainda está dormindo, e ela se quer mexe o dedo mindinho do pé. Conde está dormindo em seus braços, como se fosse um bichinho de pelúcia.

     Tento não fazer muito barulho enquanto me levanto. Vou no banheiro fazer xixi e depois deixo o quarto. Olho para os dois lados do corredor enquanto fecho a porta atrás de mim, ainda com cuidado para não fazer barulho.

     As luzes do corredor estão acesas, mas a casa está quieta. Chega a dar um calafrio na barriga – e um pouco de medo.

     Através das cortinas brancas transparentes, reparo que o céu ainda está clareando, a luz do nascer-do-sol surgindo de trás das árvores. Minha mãe acorda cedo, mas nem tanto assim, provavelmente deve estar dormindo feito uma pedra – principalmente se estiver nos braços do sugar daddy gostosão dela.

     Como se fosse esbarrar com alguém a cada curva do corredor, cautelosamente eu caminho em direção às escadas. Meus pés mal fazem um estalinho na madeira gelada, estou quase andando sobre a pontinha dos dedos. Viro no corredor que da para escada, e meu coração quase salta pela boca ao ver uma das várias portas ser aberta ao mesmo tempo...

     Mas é apenas Charles, e nenhum fantasma do passado que assombra essa casa enorme. Um fantasma abriria a porta ou atravessaria ela?

     — Sam. — Charles sussurra surpreso — Não esperava encontrar você acordada a essa hora. Está tudo bem?

     Balanço a cabeça em afirmação, e me aproximo um pouco. Charles está vestindo uma bermuda preta de academia e uma camiseta cinza, com manchas molhadas de suor. Ele também está bastante suado. Deve ter uma academia improvisada atrás dessa porta.

     — Perdi o sono. — Digo a ele, bem baixinho. — Eu devia ter ficado no quarto.
     — Não, tá tudo bem. — Ele sorri gentilmente, mostrando as covinhas, e começa a desenrolar uma espécie de fita branca das mãos. — Não precisa ter medo. Apesar de antiga, a casa não tem nenhum... fantasma. Além disso, você é minha hóspede, junto com sua mãe. Pode ficar a vontade.

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