C A P Í T U L O 29

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SAMANTHA PRICE

     A semana depois do Natal passa mais rápido do que eu havia imaginado, o que pela primeira vez na vida não, não é nada bom. Com a semana avançando, significa que meu aniversário vai chegar, e com a chegada do meu aniversário eu vou estar indo para a cabana, e ir para a cabana significa "Christian", e eu não tô pronta pra "Christian" de novo.

     O pior foi minha mãe ter me deixado ir com eles, mesmo depois de eu dizer que queria passar o ano-novo/aniversário com ela. Uma parte minha quer ficar em casa e ir ver os fogos a noite, com minha mãe. Mas outra parte minha, uma bem teimosa por sinal, quer ir pra cabana de qualquer jeito e ver no que vai dar. Desde que a Aly me chamou pra ir e me convenceu a ir, tudo no mesmo dia, eu tenho tentado ser honesta comigo – ano-novo significa vida nova, o que significa: deixar o Christian no passado, ou me enterrar nele outra vez? Talvez eu descubra isso nessa "viagem" até a cabana no lago.

     Enfim, com o passar da semana, meu tempo de liberdade finalmente chega – meu repouso de 15 dias termina, no caso. Isso não significa muito, já que, junto com a "liberdade", vieram as nevascas e frios intensos. Minha mãe mesma tem saído de casa pra trabalhar igual a uma bolinha, de tanta roupa de frio que ela bota. Esse frio todo não ajuda muito na hora de sair, mas estou começando a aceitar minha existência miserável dentro do apartamento – desenhar com os kits novos que meus pais me deram, assistir filmes sobre clichês românticos açucarados para disfarçar minha triste realidade romântica, me entupir de comida saudável porque é o que tem, e ler Anne de Green Gables para a aula de inglês.

     Agora é domingo a noite, e amanhã de manhã vou estar saindo para encontrar os Anderson. Terceira-feira já vai ser meu aniversário. 17 anos, eba. Já prevejo minha mãe chorando, toda emotiva; ela fica assim em todos os meus aniversários, desde o meu transplante. Até entendo, mas não acho que precisa dessa choradeira toda.

     Depois do jantar, eu volto pro quarto, porque preciso terminar de arrumar minhas coisas. Todas as minhas roupas separadas para esse dia já estão bem guardadas na mochila – ou amassadas, porque foi o jeito que achei de conseguir guardar as roupas de inverno e ainda ter espaço. Eu separo os sapatos numa bolsa a parte, porque espaço é crítico por aqui. Como já terminei de tomar todos os remédios de hoje, e separei os que vou ter que tomar de manhã, guardo os vidrinhos na nécessaire, junto com absorventes – porque meu ciclo menstrual é estranho, e ele pode descer de novo pela segunda vez no mês –, e algumas outras coisinhas de que preciso. Depois de verificar cada coisa que vou levar amanhã, eu me sento com o laptop no colo, e volto a terminar minha pesquisa.

     Logo, logo vou ter que começar a praticar exercícios físicos, então achei melhor procurar alguns que fosse úteis e pouco intensos. Até agora, os que parecem mais viáveis, é pular corda, subir escadas, correr na esteira e pedalar, o que é bom porque gosto de andar de bicicleta. Não é a primeira vez que passo por isso, já que eu tive que me adaptar ao meu transplante de coração, e fazer um monte de exercícios aeróbicos diferentes, só que vai ser bem difícil voltar a ter essa rotina...

     Mordo o lábio inferior quando encontro uma página interessante no Google. Eu clico nela, e leio todo o artigo, que fala sobre como sexo pode ser uma forma de exercício físico. Hum, até que enfim um exercício bom. Uma explicação bem rápida sobre exercícios aeróbicos: eles fazem você respirar mais rápido e sei coração bater mais rápido, estimulando a circulação sanguínea, ponto. Na minha experiência em fazer sexo, limitada, mas bem detalhada, eu fico exatamente ofegante e com o coração a mil. Conta como esses exercícios que preciso fazer. Ruim vai ser só achar alguém com quem transar – nesse quesito, só confio no Christian, e ultimamente "confiar" não tem sido bem o nosso forte.

All For Love ✓2Onde histórias criam vida. Descubra agora