C A P Í T U L O 136

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•Para uma melhor experiência deste capítulo, ouça High Enough – K.Flay.

CHRISTIAN ANDERSON

     As coisas parecem mais tranquilas depois que "me livrei" da Thereza. Quer dizer, ainda há alguns problemas – minha irmã, os pesadelos que ainda não passaram, embora estejam menos intensos, e meu avô. Mas, felizmente, o que mais mexia comigo já acabou. Eu fico tão aliviado com essa merda, que tenho até medo de vir coisa pior depois.

     Agora que eu não tenho que me preocupar com uma sociopata e nem com uma luta judicial com a mesma sociopata dos meus pesadelos, o tempo parece passar mais rápido. Na segunda-feira já é início do Spring Break. Adeus inverno frio do cacete, e olá primavera mais ou menos quente.

     Hoje, pelo menos, nesse sábado, tá quente. Bem quente. Tipo, não quente verão, mas quente. Talvez só pareça quente hoje por causa dos meses em que passamos trancafiados no inverno levemente rigoroso de Bridgton. Eu gosto do calor – Nate dizia que é porque sou rico, mas agora ele não pode dizer nada de mim, porque ele está morando com o pai esse ano, que é rico também.

     Enfim, depois do almoço, eu aproveito o clima agradável pra dar uma olhada no meu jipe – o motor não está fazendo um barulho legal, e eu quero tentar dar um jeito. Não sei muito sobre mecânica, mas meu vô me ensinou algumas coisas depois que aprendi a dirigir. Segundo ele, qualquer um deveria saber resolver problemas básicos de mecânica.

     Ligo o som do rádio, prendo minha franja pra trás com uma bandana vermelha, ponho um boné por cima, e, finalmente, começo a trabalhar. Pra ser sincero, eu não sou muito bom em mecânica, mas sei como fazer arrancar um som bom do motor. No resto eu passo fita crepe, e espero ter dinheiro o suficiente para pagar um mecânico e peças novas.

     Quase não escuto quando meu celular começa a tocar. Só percebo porque a música que toca no rádio acaba, e, por alguns segundos, dá pra ouvir o som baixo do meu celular.

     Deixo de mexer no carro, e vou até o banco da frente, onde deixei meu celular e minha camiseta. Me sento no banco do motorista, com as pernas penduradas pra fora, e atendo.

     — Alô? — Digo, mas só porque não vi quem tava ligando antes.

     "'Alou', aqui é o Mário", diz uma voz esquisita e engraçada, baixa também.

     — Que Mário? — Franzo a testa

     "Que te come atrás do armário!", Sam explode em gargalhadas por trás da linha, enquanto eu reviro os olhos.

     — Uau, quanta maturidade, Samantha...quanta maturidade. — Digo, mas estou rindo também.

     "Eu não podia perder a oportunidade de fazer essa piada épica."

     — Essa piada de jardim de infância, você quis dizer? — Mordo o lábio inferior, sorrindo. — Você é impossível, King.

     "Uau, fazia tanto tempo que você não dizia isso", Sam comenta num tom de voz que me diz que ela está sorrindo. "Eu gostava."

     — Mesmo? Achei que irritasse...

     "E você dizia só pra me irritar, né, seu infeliz?"

     — Com toda a certeza do mundo. — Dou uma risadinha — Adorava ver você revirando os olhos quando eu dizia isso, e depois sair pisando duro. Era muito fofo.

     "Vai se foder", Sam reclama, me fazendo rir mais. "Na real, eu liguei pra te perguntar uma coisa."

      — Então pergunte.

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