C A P Í T U L O 77

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SAMANTHA PRICE

     Eu arrumo minha mala em 10 minutos. E eu sei, eu sei – 10 minutos é muito pouco para eu conseguir levar todas as minhas coisas, mas eu também tenho coisas no quarto do apartamento da minha mãe, além disso, posso buscar o resto depois.

     Estou me sentindo como se fosse a minha mãe, no dia em que meu pai contou sobre a Sofia e a foi embora depois. Não sei quanto tempo levou para ela arrumar a mala, mas tenho quase certeza de que deve ter durado 10 minutos também. Parece que meu pai tem alguma coisa com em expulsar mulheres de casa, por mais que eu tinha quase certeza de que minha mãe tenha ido embora com livre e espontânea vontade, isso não muda o fato de que ele pode ser tão babaca, que expulsa as mulheres de sua vida, o que é quase a mesma coisa do que expulsar de casa. Não me surpreenderia caso Sofia fosse embora também, e melhor ainda, levasse o Todd junto.

     Deixo minha mala "esperando" prontinha em cima da cama, e depois vou juntar o máximo possível do meu material de artes, e meus desenhos. Tiro um monte deles dos que pendurei na parede, só não podendo apagar os que desenhei na parede em si. Enfim, pego meus portifólios também, dando um jeito de fazer tudo caber em uma mochila livre que achei no fundo do armário, porque a outra está lotada com o material da escola. Quando termino de organizar as coisas que vou levar além de roupa, me sento na cama e suspiro.

     Mesmo guardando um monte de coisa, ainda tem um outro monte espalhado pelo meu quarto. Eu devia ouvir minha mãe e jogar algumas coisas fora, por pra doar, ou arrumar algum cantinho organizado em que fique. Mas, só de pensar em arrumar toda a bagunça aqui, já perco a vontade. Não é nem preguiça, tá mais para "eu gosto assim, e vai tomar no cu".

     Olho a hora no celular; já vai dar oito da noite. Guardo o celular dentro da mochila, e então pego a mala – pesada pra cacete –, as duas mochilas e deixo o quarto, sem nem parar pra olhar e me "despedir" dele. Desço as escadas com um pouco de dificuldade, porque tô carregando bastante peso, mas consigo chegar na sala sem perder um braço. Todd está deitado no carrinho, com a língua entre os lábios pequenos, remexendo as perninhas.

     Me ajoelho ao seu lado e sorrio, pegando em sua mãozinha fofa. Pensei que não fosse gostar tanto dele, mas acabei me apegando, só não gosto de dar uma de babá; isso já é pedir demais.

     — Não se preocupe, eu vou sentir sua falta, ok? — Beijo sua testa e ele balança os braços.

     Quando me levanto outra vez, ouço vozes vindo da cozinha – a casa está quieta, então acho que posso ouvir barulho vindo de qualquer canto. Em silêncio, caminho pelo corredor, parando antes da porta da cozinha para poder ouvir o que eles estão falando.

     — Howard, você não acha que está sendo precipitado demais? — Sofia diz, e acho que nunca a ouvi tão séria antes. — Estamos falando da sua filha.
     — Exatamente, minha filha. — Ele responde, o tom de voz tão irritado quanto a dez minutos atrás. — Eu decido se quero ela aqui em casa ou não, Sofia, por favor não tente me fazer mudar de ideia. Se ela quer ir com a Sally, então ela que vá.

     Silêncio. Aposto que meu pai está andando de um lado para o outro na cozinha, enquanto Sofia está sentada, se perguntando o que tinha na cabeça quando resolveu transar sem camisinha com esse homem.

     — Estou cansado de tentar ajudá-la. — Ele continua quando acho que já não vai mais falar nada. — Ela não me escuta nunca. Eu sei que errei no passado, tanto com ela, quanto com a Sally, mas estou tentando me redimir. Não acha que eu merecia uma segunda chance?
     — Ela é adolescente, How. — Sofia, a voz da razão, ignora completamente a pergunta, mantendo o tom ameno. — Tem dezessete anos, e já passou por tanta coisa desde pequena, eu não a julgor por se revoltar. Além disso tudo, ela está passando por fases hormonais, está estressada, terminou com o namorado não tem nem tanto tempo assim...

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