C A P Í T U L O 153

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•Para uma melhor experiência deste capítulo, ouça Runaway (U & I) – Svidden & Jarly remix, Galantis.

CHRISTIAN ANDERSON

     Às oito e meia em ponto Alyssa e eu vemos Zach e Jennie saindo de  casa. Estávamos sentados no jardim ainda, conversando por sussurros, às vezes ficando apenas em silêncio, esperando.

     Zach dá a ré com seu Mustang 68 vermelho brilhante, parando de frente para a calçada da casa dos nossos avós. Mesmo sabendo que estamos bem na frente deles, Zach aperta a buzina, abaixando a cabeça para olhar para nós pela janela.

     — Vocês estão prontos? — Ele grita para que escutemos, e sorri.

     Alyssa se levanta, e eu a sigo em direção ao carro. Jennie sai do carro para que possamos entrar, mas minha irmã para para lhe dar um beijo na boca. Do jeito que a outra retribui na frente do irmão, imagino que seja LGBTQ+ assumida. Depois do casalzinho parar de trocar saliva e sorrir, finalmente consigo entrar no carro e me acomodar no banco de trás. É meio apertado aqui atrás.

     Antes de seguir estrada, Zach olha para mim e Alyssa pelo espelhinho no teto. Consigo ver seu sorriso malicioso antes dele desviar o olhar de volta para frente. Fico arrepiado, mas não sei se é coisa ruim ou boa.

     Consigo ouvir o som da música da festa há dois quarteirões de distância a. Muito provável que a polícia decida bater na casa daqui algumas horas, por excesso de bagunça – algum vizinho vai ligar em algum momento.

     Precisamos caminhar até a festa, porque não tinha lugar pra estacionar o carro mais perto. A casa onde reúne todo mundo tem só um andar, e fica na parte mais pobre e simples do bairro. Eu não vinha muito aqui – na casa do Jake –, quando eu era criança.

     A música eletrônica e as luzes coloridas fazem parecer que uma rave está explodindo lá dentro. As pessoas entram e saem da casa, algumas estão sentadas no gramado, algumas estão se pegando. É um cenário comum, igual a todas as festas em que já fui em Bridgton. Por algum motivo, eu esperava que fosse diferente, mas a única diferença é o tipo de música sendo tocada.

     Zach me puxa para perto quando estamos entrando na casa, e eu franzo os olhos por causa da claridade excessiva e irritante das luzes piscantes. Ele cumprimenta algumas pessoas pelo caminho, parecendo ser bem popular por aqui. É estranho eu ser o excluído, quando já estou acostumado a ser o capitão do time.

     — Beleza, vou te apresentar pro resto da galera, e depois a gente pega uma cerveja pra você. — Zach grita, tentando ultrapassar o som da música.
 
     Eu concordo com a cabeça, e o sigo pela casa, abrindo caminho por entre a multidão. Mal entramos e eu já estou com calor.

     Olho para trás para ver se minha irmã ainda está por perto, mas não a reconheço no meio dos rostos desconhecidos. Ela sumiu, e Jennie também. Por um segundo fico preocupado, mas se elas estiverem juntas então está tudo bem – eu acho.

     Volto a olhar para frente, e de repente vejo que sou o verdadeiro trouxa que se perdeu. Cadê o Zach?! Giro ao redor de mim mesmo para encontra-lo, mas ele sumiu no meio dessa gente toda. Puta que pariu, como cabe tanta gente nessa casa pequena?

     Ao invés de ficar parado, começo a andar para encontra-lo. A casa é pequena, e ele não deve ter ido muito longe, só preciso procurar direito. O que fode são a porra dessas luzes escuras e a música tão alta que não te deixa concentrar direito. Está muito sufocante aqui dentro, preciso sair logo daqui antes que tenha um treco.

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