All For Love ✓2

C A P Í T U L O 175

SAMANTHA PRICE

     Eu levo o vestido.

     A sensação que ele me trás quando o estou vestindo é diferente. Acho que é porque coube tão bem no meu corpo, como se tivesse sido feito pra mim. E sim, eu sei que ele é só do meu número, mas gosto de pensar que alguma coisa nesse universo o colocou na minha frente. Não pode simplesmente ter sido coincidência um vestido tão perfeito ter aparecido na hora certa.

     Estou começando a acreditar nesse tal de destino.

     Beth leva aquele vestido rosa de paetês brilhantes que fez Alyssa corar. Depois dos vestidos, compramos mais algumas coisinhas, como sapatos, alguns acessórios, maquiagem. A Beth principalmente; foi que a mais gastou entre nós três. A única coisa que eu vi Alyssa comprar foi uma gravata preta, mas não perguntei porquê.

     Quando terminamos nossa sessão de compras já estava anoitecendo. Decidimos chamar um Uber de volta para cada – um para Alyssa, que iria pra casa, e um para Beth e eu, que iríamos jantar na casa dela com nossos pais. Não demorou muito e já estávamos a caminho de ir embora, já dentro do carro do Uber.

     — É a primeira vez que fico animada para ir a um baile da escola. — Beth comenta, sorrindo
     — Por incrível que pareça, eu também. — Sorrio como ela, meio que notando o quão louco esse mundo é. Até o ano passado eu queria distância dessas breguices da escola. — Você é tem um par?

     E nesse exato momento o sorriso some do rosto da Beth. Ela olha para outro lado que não seja meu rosto, pensativa.

     — Na verdade não. — Diz baixinho, tentando não demonstrar que está cabisbaixa. Essa tentativa só piora. — E não sei se me importo com isso, de qualquer forma. — Mente
     — Certeza? Você parece chateada com isso.

     Beth me olha na mesma hora, franzindo os olhos.

     — Eu não preciso de um par pro baile. Um par só traria problemas, como atrasos, ilusões e, dependendo do par, uma noite entediante. — Ela declara com firmeza, mas ainda sinto que isso a incomoda. — Prefiro ir sozinha, sem comprometimento sentimental e essas baboseiras. Uma mulher gostosa e solteira é a alma da festa.

     Beth depois sorri para encerrar seu discurso de apego 0. Quando ela olha pela janela no segundo seguinte, não parece mais estar tão contente assim com sua "ideia progressista". A Beth é do tipo carente; ela finge que não, mas se importa e muito se tem ou não amigos, ou um namorado, ou uma namorada.

     Eu acho que não vale a pena ficar chateado por ter ou não um par para o baile. Essas coisas são ridículas, servem só pra encher o anuário da escola com um monte de fotos de decorações e alunos bregas. Não fazemos nada além de dançar, beber ponche ruim, comer e, se você tiver alguma sorte, pegar alguém em algum canto espalhado da escola. Mas essas coisas não são tão divertidas quanto parecem ser. Ou eu só nunca tive um baile legal porque estava sempre sem um par.

     Esquece, Sam, penso rapidamente, bailes são horríveis por natureza. Com ou sem par.
    
     Em alguns minutos nós chegamos na mansão enorme do Charles. Beth é quem paga o Uber com algumas notas gordas de dinheiro, deixando o troco para a mulher que está no volante, e depois nós descemos no portão. Quando entramos na casa somos recebidas pelo zoológico particular dela.

     — Owwwwn, meus bebês! — Beth exclama, usando uma vozinha fina que costumeiramente usa com seus animaizinhos. — Sentiram falta da mamãe?!

     A Condessa – uma Cavalier King lindíssima, cujo pelo é quase da cor do meu cabelo, só que um milhão de vezes mais brilhante e sedoso – late como se estivesse respondendo, e Beth a enche de beijos. Conde, o Buldogue Francês é o próximo. Ele não late, mas fica com a linguinha de fora enquanto Beth beija seus pelos negros. E depois é o Duque, o gato persa de pelo cinza, que quando olha para sua cara parece estar debochando de você, até porque ele com certeza é mais elegante do que a própria realeza britânica em pessoa.
 
     — São as meninas! — Minha mãe grita, possivelmente para Charles escutar, enquanto entra no enorme saguão de entrada da casa. — E estão cheias de sacolas! — Da uma risadinha — Chegaram bem na hora, o jantar está quase pronto. Espero que não tenham comido nenhuma besteira fora, porque o Charles caprichou essa noite.
     — O que ele fez hoje? Triplicou a salada? Colocou mais sal na vagem? — Beth debocha, arqueando a sobrancelha.