All For Love ✓2

C A P Í T U L O 36

•Para uma melhor experiência deste capítulo, ouça Birthday – Anne-Marie.

SAMANTHA PRICE

     Quando fecho a porta do quarto atrás de mim, estou soluçando e ofegando sem ar de tanto chorar. Estou parecendo uma desesperada, com o rosto todo molhado e os olhos borrados por lágrimas. Pra piorar, minhas roupas estão meio úmidas por causa do corpo molhado de Christian, e pela neve lá de fora.

     Passo a mão no rosto e nos cabelos, andando de um lado para o outro enquanto meu coração se parte em mil pedacinhos pela segunda vez. Dói acabar com tudo de vez, mas eu não podia continuar nesse lance esquisito com ele, porque doía ainda mais. Eu deveria estar aliviada porque acabou, e não toda despedaçada. Mas não importa o quanto esse filho da puta me fez sofrer – o quanto ainda me faz sofrer –, ele ainda é meu primeiro amor de verdade. E ele também me ama. Pelo menos diz que ama, mas tudo isso começou exatamente porque acreditei nessas palavras estúpidas. E se amar eu não ligo, porque agora já era, ele destruiu tudo; dizer "eu te amo" não muda a dor que sentimos.

     Caio deitada na cama, toda encolhida, abraçada com uma das almofadas, manchando o tecido roxo com minhas lágrimas. Parte de mim quer acreditar que toda essa dor é porque estou fazendo a coisa certa – afinal, o machucado vai sempre arder quando passarmos o remédio nele e ainda sim vai curar. Não vou voltar atrás, vai ser um erro. Vou seguir em frente e tentar esquecer, é o melhor que posso fazer agora; é o melhor remédio para o meu machucado.

     — Sam? — Nem mesmo a voz de Alyssa me faz levantar o rosto, e eu continuo chorando contra o travesseiro. — Sam! Amiga, o que foi?

     Sinto o colchão afundar quando ela senta atrás de mim, tomando minha cabeça para pôr em seu colo e me fazer carinho.

     — Você estava tão bem até agora...
     — Christian... — Murmuro — Acabou tudo amiga...tudo... definitivamente.

     Solto um soluço, e não sei se ela entende a última palavra, mas também não importa. É meu aniversário de 17 anos e eu estou aqui no fundo do poço; grande merda de aniversário.

     — Sinto muito... — Alyssa suspira, passando meu cabelo para atrás da orelha. — Mas pensa que você vai ficar melhor assim. Você já está há semanas sofrendo toda aí, só precisava pôr um ponto final nessa história.
     — Acha que eu fiz a escolha certa?
     — Com certeza... é assim que se recomeça, como você mesma queria.

     Só que a ideia de recomeçar é assustadora. Eu não sei como recomeçar; eu vou simplesmente voltar a agir como eu era antes do meu primeiro namorado partir meu coração? Vamos ser só eu e Aly sendo invisíveis outra vez? A única coisa que eu aprendi com física foi que toda ação gera uma reação, e isso serve para qualquer coisa, afinal nossas escolhas tem consequências. Não faço ideia de como vai ser meu recomeço, mas eu tenho que parar de chorar, ou meu coração partido nunca irá se curar.

     — O que eu faço agora? — Pergunto baixinho para Alyssa, minha voz falhando pelos soluços. Fico surpresa ao notar que minhas lágrimas vão ficando cada vez intensas, como se estivessem secando, sei lá.
     — Agora? Agora você vai curtir o restante do seu aniversário. — Ela sorri e vira meu rosto para me encarar. — O melhor jeito de curar um coração partido é com uma festa.
     — Que festa, Alyssa? — Fungo e passo a mão nos olhos. — É uma queima de fogos no lago. E eu não sei se tô no clima.
     — Dá na mesma... — Ela revira os olhos — E você tá no clima sim! Vamos, levanta e vai tomar um banho pra ficar cheirosa pra caralho, porque é que você é. Vamos para o lago, vamos patinar com a galera, e você vai tá bonita porque vou te produzir toda. Vai, vai levanta!