C A P Í T U L O 97

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SAMANTHA PRICE

     Na metade do caminho eu já tinha parado de chorar, mas ainda estava num estado profundo de melancolia e raiva, um misto de sentimentos que me fazia sentir como se eu fosse a pessoa mais bipolar do planeta.

     Não gosto disso.

     Vez ou outra, Christian olha para mim com preocupação, mas eu continuo apenas olhando as ruas pela janela, toda distraída. Então, ele vai lá e segura minha mão gentilmente, e fica segurando até precisar soltar pra trocar a marcha ou pra fazer uma curva difícil. Na maior parte do tempo, quero que ele fique segurando minha mão, me fazendo carinho, mas em silêncio. Eu não estava brincando quando disse que agora tudo o que eu queria era estar com ele.

     Suspirando, eu paro de olhar pela janela, porque meu pescoço já está começando a ficar dolorido por causa da posição. Encolho minhas pernas em cima do banco, abraçando o braço de Christian.

     — Se importa? — Pergunto baixinho, levantando a cabeça pra ele. — Consegue dirigir assim?
     — Consigo... é claro, consigo. — Christian sorri gentilmente, beijando minha cabeça em seguida sem sequer tirar os olhos da estrada.
     — Obrigada.

     Me aconchego com seu braço como se fosse um travesseiro ou o próprio Christian. Tento não aperta-lo demais, para ele ainda poder mexer a mão na marcha. Quando olho para frente e presto atenção na estrada e em onde estamos, percebo que pegamos um caminho diferente do caminho para minha casa. Pegamos o caminho para o centro.

     — Ué, pra onde a gente tá indo? — Franzo a testa para Christian.
     — Distrair sua cabecinha. — Ele responde suavemente — Vamos dar uma volta no shopping, aí você vai pensar tanto nos preços caros da loja, que vai até esquecer os problemas.

     Dou risada e Christian me acompanha, enviando vibrações para o meu corpo. O carro para no sinal vermelho, e Christian aproveita para olhar para mim, me fazendo soltar seu braço para ele me abraçar pelos ombros. Não reclamo, assim é bom também.

     — Você quer? — Ele pergunta, sorrindo encostando a cabeça na minha.
     — Quero...tô com fome.

     Faço biquinho, e Christian dá risada.

     — Tudo bem, vou comprar alguma coisa pra você comer.

     Sorrindo um pouco mais animada do que quando saímos da casa do meu pai, olho para Christian, e ele me beija delicado, segurando meu rosto com a mão. Precisamos nos soltar quando um carro buzina atrás de nós, porque ficamos parados por tempo demais, mesmo depois que o sinal abriu.

     Dou risada para Christian, que me dá um último selinho antes de se afastar e voltar a dirigir. Só ele pode me fazer rir quando eu estou triste e irritada.

     O shopping/feira está cheio. Eu não esperava menos do que isso, afinal é sexta-feira a noite e todo mundo quer fazer compras, ainda mais quando é ao ar livre – da uma vibe diferente, melhor do que a do shopping fechado.

     Assim que atravessamos a rua até o shopping, passando pelo arco de entrada, Christian me dá a mão e nós ficamos circulando juntinhos por aí. Fico aliviada por não ficar reparando nos outros casais ao nosso redor, como eu fazia quando não estávamos namorando – era tortuoso. Agora parece mais que somos o único casal do mundo, porque só consigo prestar atenção nele e em sua mão apertando a minha, puxando-me quando me distraio ou quando quer me mostrar algo.

     Ainda estou chateada com meu pai, mas ter Christian por perto é minha melhor distração. Queria que fosse assim pelo resto da noite, aí eu não teria que ficar pensando em problemas e...

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