C A P Í T U L O 117

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•Para uma melhor experiência deste capítulo, ouça We Are The Champions – Queen.

SAMANTHA PRICE

     O clima no elevador é estranho. Imagine só: minha mãe, o ex-marido traidor dela que também é meu pai, o atual dela que também é meu cardiologista, meu namorado e eu. Todas as pessoas aqui dentro estão interligadas de alguma maneira, o que causa um silêncio constrangedor e completamente esquisito. E a musiquinha tocando de fundo só piora ainda mais. Parece até cena de filme de comédia.

     Quando as porta do elevador abrem no quinto andar, meu pai é o primeiro a sair para o corredor. Era nítido o desconforto dele aqui dentro, e mais ainda sua respiração enraivada. Dava pra ver ele olhando para Charles e Christian como se quisesse mata-los. Com certeza não devia estar esperando por eles em sua tentativa de me levar embora.

     Saímos todos do elevador, e o silêncio esquisito permanece enquanto vamos até a porta do 34E. Finalmente entramos no apartamento, mas agora ninguém sabe quem começa e o que falar. Parece que o caminho todo até aqui foi o caminho para um campo de guerra, mas ninguém sabe quem vai atirar primeiro.

     Eu me sento no sofá com Christian, segurando sua mão e encostando a cabeça em seu ombro, a dele cima da minha. Minha mãe senta na poltrona, com Charles ao seu lado, e meu pai permanece perto da porta fechada. Meus olhos estão voltados para chão, mas eu os levanto quando meu pai começa a falar.

     — Vamos acabar logo com isso.
     — É... é. — Minha mãe olha para ele por um segundo, depois passa as mãos nos joelhos por cima da calça jeans. — Sam, me desculpe por termos feito você se sentir mal ainda a pouco.

     Ainda não olho para ela exatamente, mas ela olha para mim. Me conforto mais pertinho de Christian.

     — Não foi minha intenção ao trazer seu pai para conversar.
     — É, sua intenção foi me mandar embora com ele. — Fecho os olhos por um rápido momento, depois levanto a cabeça em sua direção. — Por que tá fazendo isso?
     — Porque seu pai tem razão.
  
     Me sinto profundamente traída. Até reviro os olhos em resposta, e meu coração não se parte, porque já passou muitos meses em pedacinhos. Meu Deus, Samantha, como você é dramática.

     — Temos sua guarda compartilhada — Minha mãe continua falando, depois de ver que não vou dizer nada. —, o que significa que eu não posso ficar com você direto. Estamos falando da lei, Samantha, eu posso pagar indenização por isso. Seu pai pode avisar um juíz, e tirar você de mim por isso.

     Enraivecida, olho para meu pai, até soltando de Christian quando inclino meu corpo para frente.

     — Você ameaçou ela com o processo? — O confronto, controlando o impulso de gritar e começar mais uma confusão.
     — Processo? — Charles se pronuncia antes mesmo que meu pai abra a boca, olhando para ele com raiva também. — Vai processar sua ex-mulher por uma merda dessas? Isso é sério? Até onde eu sei, você nunca foi um bom pai.

      Meu pai olha para Charles com ar de superioridade – isso mesmo, um contador olhando para um cardiologista e cardio-cirurgião com superioridade – e quase tédio. Sua testa se franze ao começar a falar.

     — Não se mete, Charlie. Isso é entre mim, minha filha e a Sally. — Ele diz secamente
     — É Charles. — Responde o outro, entredentes.

     Meu pai não dá a mínima, e olha para mim.

     — Eu não ia processar a sua mãe. Só se você não viesse...
     — O quê? Você ia processar ela por algo que nem era culpa dela? — Chego falo fino, mais uma vez tentando não gritar. Meu pai me tira do sério.
     — Exatamente. Não adianta castigar você, então é melhor tentar de outra forma, não acha?
     — Essa é a maior merda que eu ouvi o dia inteiro. — A voz de Christian ecoa pela sala, chamando a atenção de todo mundo pra ele. — Com todo respeito, mas você não faz nem questão de ser um bom pai pra Sam. Se você soubesse o que faz com ela, não estaria aqui agora. Só está tentando controla-la.

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