C A P Í T U L O 6

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CHRISTIAN ANDERSON

     A mãe da Sam sai do quarto e eu levanto a cabeça, olhando para ela com uma pontada de esperança no peito de que ela peça para que eu entre. Eu dúvido que a Samantha queira me ver, caso realmente tenha acordado, mas eu posso e vou me iludir um pouco.

     — Eu não sei o que você fez com a minha filha — Sally diz em um tom de voz sério, fazendo minhas expectativas murcharem feito um balão de festa no dia seguinte. —, mas ela quer que você vá embora. Agora.

     Porra. Isso é ainda pior do que não poder entrar pra vê-la. Eu tinha esperanças de que, pelo menos, fosse poder ficar esperando aqui do lado de fora, apenas para ter certeza de que a Sam ia ficar bem. Mas acho que ela está tão puta, tão magoada, que não me quer nem no mesmo prédio. As aulas vão ser tão divertidas quando ela puder voltar a estudar, penso com uma pontada de sarcasmo.

     Suspiro, passando as mãos no cabelo quando desvio o olhar da mãe dela.

     — Merda... não posso ficar aqui? Mesmo? Qual é, ela não vai nem me ver. — Estico o braço em direção a porta.
     — Você ouviu o que eu disse. — Sally cruza os braços em uma pose de funcionária, que se mistura com a pose de mãe preocupada. — Ela pediu pra você ir embora, então deveria ir. Não complique as coisas.

     O problema é que já está tudo complicado; uma bagunça completa! Não quero ir embora, não mesmo – pelo menos, não depois de ter passado a noite inteira nesse sofá esperando ela acordar; minha coluna tá me matando por isso, mas eu não ligo. Franzo a testa, olhando para Sally que espera pacientemente que eu vá embora.

     — Quem está complicando as coisas é ela. — Digo, provavelmente me arrependendo no momento em que as palavras saem da minha boca. Eu não consigo evitar; estou sobrecarregado, ansioso e preocupado, tudo de uma vez. — Eu só quero ter certeza de que vai ficar tudo bem.

     Sally suspira pesado.

     — Entendo que esteja preocupado, mas fez minha filha chorar lá dentro — E agora ela abandona completamente a pose de funcionária, assumindo 100% a pose de mãe. —, então você provavelmente fez alguma merda e agora ela quer que vá embora. A Sam não está em condições de passar por muitas emoções, então você pode fazer o favor de ir? Vai poder muito bem conversar com ela outro dia...se ela quiser ver você, porque a coisa parece ser bem feia.

     Quem vai matar alguém agora sou eu, e minha vítima vai ser a Thereza.

     Mesmo estando louco de preocupação, também consigo ficar irritado. Não com a Sam, porque ela tem toda razão em não me querer por perto – mesmo que isso me tire um pouco da paciência também –, mas estou irritado com toda essa situação. A Samantha no hospital, a Tess vindo ver ela como se não fosse uma filha da puta, e agora minha mais nova ordem de restrição que a própria Samantha resolveu pôr entre nós dois. Isso é irritante, porque quero estar com ela, mas não posso. É irritante, porque quero que tudo volte ao normal entre nós, mas agora é quase impossível. É irritante, porque eu amo ela, e agora ela pode não me amar mais.

     É doloroso.

     Minhas sobrancelhas se contraem em uma careta outra vez, mas não de raiva e sim de agonia e tristeza. Olho para Sally, e então me levanto.

     — Eu vou — Digo em um tom ríspido. —, mas diz pra ela que eu ainda quero vê-la e eu vou vê-la.

     A mãe da Sam afirma com um leve aceno da cabeça, parecendo meio reciosa. Não sei mais o que dizer – não sei nem se quero dizer mais alguma coisa –, então me viro e saio andando para fora da sala de espera. Quanto o antes eu sair daqui, menos doloroso vai ser quando ela pedir para eu ir embora de novo. Ou não. Eu não sei. As duas coisas doem – ficar e ser rejeitado, e ir embora.

All For Love ✓2Onde histórias criam vida. Descubra agora