C A P Í T U L O 89

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SAMANTHA PRICE

     Linda... — Ouço Christian chamar baixinho, mas estou tão sonolenta, que tenho dúvidas se é real ou estou sonhando. — Linda...

     Resmungo, mas não tenho a coragem de me mexer na direção de sua voz, porque a posição em que estou é extremamente confortável e eu não quero acordar de vez – se eu continuar de olhos fechados, sem mover um músculo, talvez depois eu continue dormindo mais.

     — Linda... — Então sinto os braços dele ao redor de mim, me abraçando enquanto sua boca beija meu pescoço.

     Resmungo outra vez, levantando a mão molenga. Tateio o corpo dele, até achar seu rosto, lentamente deslizando os dedos em sua pele.

     — Eu tenho que sair... — Christian sussurra, enchendo meu pescoço e meu rosto com beijinhos suaves. Isso só me deixa ainda mais molenga e sonolenta, mas não quero que ele pare. — Mas eu volto logo. Pode continuar dormindo...

     Acho que balanço a cabeça para concordar, mas não consigo processar os movimentos do meu próprio corpo agora, então não tenho certeza do que deixo de fazer ou faço. E, então, depois tudo vira um apagão.


   Quando acordo outra vez, é escutando o som alto do meu despertador ecoando pelos meus ouvidos de forma chata e insistente. Me reviro no colchão macio que sinto embaixo do meu corpo, tão confortável que não quero me levantar. Enterro a cabeça num travesseiro, desejando que o despertador pare de tocar magicamente, mas acontece que...que isso não acontece.

     Grunhindo, eu me sento contra minha vontade e pego o celular no criado-mudo, deslizando o dedo pela tela furiosamente para fazer esse som parar. Quando tudo parece calmo outra vez, respiro bem fundo e encaro o ambiente ao meu redor.

     É estranho acordar no quarto de Christian, ainda mais sem ele na cama; parece que não pertenço a esse lugar, sei lá. Fico até sentada por alguns minutos, vegetando em relação a minha existência nesse lugar, me acostumando com a ideia de que preciso me levantar e me arrumar pra escola. Já dormi nessa casa outras vezes, é claro, mas com a Aly e não no Christian – é essa a parte mais estranha.

     Quero deixar a preguiça me vencer, mas acabo me forçando a levantar e ir atrás de um banheiro. Pego minha nécessaire, uma toalha limpa do closet de Christian e vou para o banheiro. Tomo um banho rápido, para não gastar a água quente toda e nem porque quero abusar da boa hospitalidade da casa. Depois do banho, visto uma saia preta e rodada, com uma camiseta da mesma cor de mangas longas e por cima um moletom azul, que é curto e cobre até a cintura – a saia é de cintura alta, então tá tranquilo. Pra esquentar contra o frio, visto a mesma meia calça preta de ontem, e então calço meu par de All Star mais antigos, também os mesmos de ontem. Não tenho muito o que fazer no cabelo hoje, então prendo em duas Marias Chiquinhas baixas, que se cruzam atrás da minha cabeça e caem sobre meus ombros, passando até do peito. Só pra completar o penteado, coloco meu arquinho azul com pedrinhas transparentes.

     Estou pensando em cortar o cabelo; está grande demais, e começando a dar trabalho. Além do mais, estou enjoada dele, quero fazer algo diferente. Talvez eu faça algo depois que terminar o ano letivo, quando tiver tempo pra isso.

     Enfim, junto minhas coisas e desço para ir comer algo antes da escola. Nem sei se Christian já chegou. Ele teria subido para me ver se fosse o caso, não teria? Por que estou tão nervosa? Já tomei café da manhã nessa casa mais vezes do que posso contar, eu deveria estar acostumada como se fosse em minha própria casa. Mas ao invés disso estou morrendo de vergonha só de pensar em mexer na cozinha deles. Me sinto uma intrusa – e eu sou.

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