C A P Í T U L O 60

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SAMANTHA PRICE

     Quando eu desperto do meu sono pesado, parece que dormi só apenas meia horinha. Sinto mãos balançando meu corpo, alisando meus braços e meus cabelos gentilmente. Eu resmungo alguma coisa que não entendo, e viro meu corpo para o outro lado, sendo aconchegada por algo meio duro e quentinho. Parece que é alguém.

     — Sam... Sam...acorda. — Ouço me chamarem, mas não consigo dizer com clareza quem é. Parece um homem.

     Ainda estou morrendo de sono. É tipo quando você quer acordar depois das 10, mas seu despertador toca às 6 porque você precisa ir para a escola ou trabalhar. Resumindo: é como acordar a força.

     — Sam! — A voz me chama outra vez.

     Resmungando irritada, eu finalmente abro meus olhos contra minha vontade, franzindo a testa para a luz excessiva da sala. Leva alguns segundos para conseguir focar a visão, e ver meu pai sentado na beirada do sofá. Sonolenta, eu me mexo para me deitar direito, só então percebendo que estou nos braços de Christian. Ele está deitado de lado, com os braços ao redor do meu corpo, e completamente inerte em seus próprios sonhos.

     Volto a olhar para meu pai, que ergue uma sobrancelha e fecha a cara pra mim. Ele deve estar se perguntando que merda estou fazendo sozinha em casa com um garoto. Me afasto de Christian, me sentando mais para a beirada também.

     — Oi pai. — Sorrio ainda sonolenta — Vocês chegaram agora?
     — É...chegamos... — Ele fica olhando para Christian com ódio nos olhos azuis escuros, quase pretos. Eu reviro os meus olhos discretamente. — Da pra acordar esse garoto, por favor?

     Dou uma risadinha, e me viro para acordar Christian. Eu toco suas costas quase que com medo, sentindo seu calor contra minha pele. Aqui dentro está um pouco quente, então Christian suou um pouco enquanto dormia, mas nada de chegar a molhar a camiseta. Eu o balanço devagar, fazendo um pouco de esforço nos braços porque ele é pesado. Assim como eu, quando estavam me acordando, Christian resmunga e franze o cenho, se revirando no sofá. Por isso eu o balanço mais rápido, com mais brutalidade.

     — Acorda! — Digo ao sentir o olhar do meu pai fumegando nas minhas costas, me deixando sobre uma leve pressão e desespero para fazer Christian acordar.
     — Aí, meu Deus, que chata... — Christian resmunga com a voz rouca, e eu só escuto porque estou perto dele. — Já acordei, para de me balançar.

     Enquanto ele se senta, tiro minhas mãos de seu corpo e me afasto outra vez, olhando para o chão em silêncio.

     Meu pai é muito chato quando o assunto são garotos, e imagino que chegar do hospital e me encontrar dormindo com um garoto não seja nada agradável para a seu temperamental. Sinceramente, eu não ligo, mas ainda tenho amor pela minha vida, e pela vida do garoto que estiver comigo – que no caso é sempre o Christian.

     Meu pai e Christian trocam olhares rapidamente. Um está quase rosnando de tão puto, e o outro está quieto até demais, tão nervoso que não sabe nem pra onde olha. Não preciso dizer quem está o quê aqui, é meio óbvio. Sofia, que está parada ali na porta com Todd no colo, fica apenas observando nosso silêncio constrangedor.

     Eu limpo a garganta com uma tossidinha, e meu pai então olha para mim, ainda meio puto.

     — Pode fazer o favor de levar seu amigo até a porta? — Ele pergunta, mas tenho certeza de que é retórico, até porque está quase se levantando e agarrando Christian pelo braço, o levando embora por si só.

     Suspiro e olho para Christian, que entreabre os lábios, olhando do meu pai para mim. Eu não tenho escolha mesmo...e se tivesse, acho que seria melhor o Christian ir de qualquer jeito.

All For Love ✓2Onde histórias criam vida. Descubra agora