C A P Í T U L O 137

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SAMANTHA PRICE

     — Sam! Anda logo! — Minha mãe grita da sala. — A gente vai se atrasar se não sairmos em dez minutos!
     — EU JÁ VOU! — Grito de volta, quase berrando, pela décima vez essa manhã.

     Minha mãe está gritando, andando de um lado para o outro, saindo só quarto, indo pro banheiro, saindo do banheiro, indo pra sala, saindo da sala, indo pro quarto, e repentino tudo de novo, tipo, desde que o despertador tocou essa manhã. Para ter uma leve noção: o despertador tocou às 5 da matina; ela já acordou com fogo no couro.

     Termino de amarrar os cadarços do meu tênis, e depois vou olhar minha mala. Eu fiz ela às pressas quando cheguei do Christian ontem – mas, depois daquela foda, valeu completamente apena. Rapidamente, verifico se não esqueci de nada essencial – escova de dente, absorvente, calcinha nova que não fica caindo e nem entrando no cu, desodorante, toalha, cotonete, protetor solar, bronzeador, um perfuminho, e, é claro, meus remédios – minha mãe me mataria se eu esquecesse isso em casa. Dou uma olhada nas roupas também, pra ter certeza de que tem coisa o suficiente para a viagem.

     É muita coisa para uma só semana, e eu nem tive muito tempo de arrumar tudo geometricamente na mala, pra caber sem sufoco. Eu ainda vou ter que levar uma mala de mão, porque não coube meus sapatos – sandálias de dedo pra sair, sandálias de dedo pra ficar em casa, tênis e um par de saltos pra caso a gente faça algo mais "glamouroso".

     Não sou de usar jóias, mas até minha caixinha de jóias tá dentro da mala. Eu só quero estar preparada o suficiente para tudo, principalmente porque essa é minha primeira viagem e eu não quero que nada dê errado.

     É excitante saber que vou sair de Bridgton pela primeiríssima vez na vida. E eu não vou só para alguma cidadezinha vizinha daqui não, eu vou para Nova York! Ainda não estou acreditando que vou para a cidade que dá cenário a uma das minhas séries favoritas. É, ok, eu não vou ficar bem em Nova York, porque vamos para Long Island, onde fica Southampton, mas ainda é Nova York, e o que conta é a intenção.

     Pra dormir a noite foi muito complicado, porque eu só ficava imaginando como o dia de hoje e o resto da semana seria. Meu estômago se revirava de ansiedade, e eu estava tão enjoada, que mal consegui tomar o café da manhã.

     Parte dessa ansiedade, é pelo fato de saber que essa também vai ser minha primeira vez andando de avião. É muita emoção pra uma pessoa só!

     Fecho minha mala na força do ódio – porque está muito cheia –, e pego o restante das minhas coisas antes de ir para a sala. Minha mãe está me esperando de braços cruzados, batendo o pé no chão, com uma cara de quem quer me arrebentar.

     — A madame já tá pronta? — Pergunta ironicamente
     — Hum... não, acho que ainda quero passar na cafeteria pra comprar um cafezinho. — Provoco, abrindo um sorrisinho inocentemente diabólico em seguida.
     — Não estou para brincadeiras hoje, Sam. — Minha mãe passa a mão os fios loiros, afastando-os do rosto. — Você pegou tudo?
     — Peguei, mãe...relaxa.

     Eu não sou a pessoa mais indicada para pedir para que ela "fique fria" no momento, mas pelo menos uma de nós duas tem que estar menos nervosa hoje. É meio difícil levar essa "ideia" a diante, levando em consideração que ambas estão experimentando novas sensações hoje, mesmo que sensações diferentes.

     — Ok. Você pegou seus remédios? Eles são importantes, de você esquecer vai morrer. — É a primeira coisa que minha mãe me pergunta, pensativa enquanto conta nos dedos cada coisa que falará para mim.
     — Peguei. — Respondo calmamente
     — Pegou os documentos?
     — Peguei.
     — Pegou calcinha o suficiente?
     — Peguei, mãe... — Dou uma risadinha
     — Não vem com essa de "peguei mãe" — Ela imita minha voz de forma engraçada. —, você chegou ontem quase sete da noite, e ainda não tinha feito a mala. Fez tudo de última hora, pode ter esquecido alguma coisa.
     — Tenho uma boa memória. — Dou uma batucada de leve na cabeça com o dedo indicador. — Tenho certeza de que não me esqueci de nada. E se eu tiver esquecido, provavelmente é algo simples, que posso pegar emprestado com você ou a Beth. Além disso, aposto que em Southampton tem lojinhas baratinhas e farmácias.

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