C A P Í T U L O 108

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SAMANTHA PRICE

     Sou acordada por uma claridade extremamente desagradável e excessiva, e por isso me viro na cama, tentando encontrar um espaço escuro para que eu volte a dormir o mais rápido possível. Mas não tem espaço escuro, está tudo claro, "atravessando" minhas pálpebras para me acordar, se é que isso faz sentido.

     Não acredito que já é de manhã cedo, eu estava tendo um sonho tão bom.

     No sonho, era noite, mas uma noite clara, sem nuvens, uma lua cheia e haviam milhares de estrelas brilhando no céu. Eu estava usando um vestido preto de tule, coberto por glitter e estampa bordada de estrelinhas douradas. A alças eram finas, e todo o vestido também tinha um tecido fino e delicado, mas eu não sentia frio, apenas aquele frescor que geralmente sentimos com uma brisa de verão durante uma noite na varanda de casa.

     Eu fechava os olhos e sentia essa brisa empurrar meus cabelos soltos para trás. Ai eu sorria, e depois abria os olhos de novo. E lá estava ele; meu príncipe dourado. Christian Anderson. Ele usava um terno – calça preta, paletó dourado ouro (quase marrom), camiseta branca e gravata borboleta preta. Seus cabelos foram penteados para trás com gel, mas uma mecha grossa e charmosa caia em sua testa.

     Christian sorriu para mim, e eu sorri de volta para ele, que deu o primeiro passo em minha direção. Eu dei o segundo passo, e então continuamos andando um em direção do outro. Senti a luz dourada de um holofote cair sobre nós, mas não havia nada do céu, e eu não precisei olhar para cima pra saber disso. Eu só tinha olhos para Christian.

     Suas mãos estavam quentes quando ele me tocou, embora eu não tenha o sentido de verdade. Eu apenas sei que suas mãos estavam quentes. Ele me puxou para si, pôs uma mão na minha cintura, e então nós dançamos. Deslizamos pelo chão como gelo deslizaria numa superfice lisa de metal; facilmente. E era rápido, ao som de uma doce canção tocando longe, muito longe, mas não tanto que não pudéssemos escutar. E seus olhos...seus olhos brilhavam e eu não conseguia mover a cabeça para não olhar aquele mar verde acastanhado. Era lindo.

     Mas a luz dourada foi ficando forte, e forte, tão forte que se tornou real e eu despertei.

     Eu me viro na cama outra vez, abraçando um travesseiro que aparaceu no meu caminho. De repente, sinto cócegas se espalhando pelo meu pescoço, como quando sinto o cabelo roçar na minha pele em certas ocasiões. Eu mexo o ombro, de algum jeito pensando que isso seria o suficiente para fazer as cócegas pararem. Obviamente, isso não funciona. E então eu sorrio, as cócegas subindo até pertinho da minha orelha.

     Não são cócegas, são beijos molhados e delicados.

      Solto um resmungo longo e animado, teimando para abrir os olhos – gostei dos beijinhos, mas ainda tô com sono, porra.

     — Hummm...para. — Resmungo outra vez, ainda mais sonolenta.
     — Só quando você abrir os olhos... — Sinto os lábios dele formando um sorriso contra minha pele, e em seguida ele lambe a parte de baixo do meu maxilar, me fazendo gemer. — Acorda...
     — Não quero, Christian.

     Viro para o outro lado de novo, e deito de costas para o teto, os olhos ainda fechados. Mas Christian não desisti de me atormentar. Ele puxa, com os dedos, a gola de sua camiseta que estou usando, e roça os lábios na minha pele da nuca. Isso me deixa toda arrepiada, porque tenho nervos sensíveis na parte de trás do meu corpo, vulgo costas e nucas. Não entendo isso, mas acho que seria capaz até de gozar só com isso.

     — Para... — Murmuro sonolenta, mexendo o ombro como antes para faze-lo parar, só que dessa vez para trás.

     Christian ri, e continua me beijando, continua me arrepiando, continua me deixando atiçada pra fazer uma coisa que não posso fazer porque estou sangrando pela boceta. Que ódio!

All For Love ✓2Onde histórias criam vida. Descubra agora