All For Love ✓2

C A P Í T U L O 86

SAMANTHA PRICE

     Um pouco antes do sinal da última aula tocar, começa a chover, tipo, muito. Não estou reclamando, porque gosto desse clima, principalmente quando eu tenho carona de volta pra casa e não preciso pegar uma porcaria de ônibus. Nossa, eu amo.

     Além disso, o clima está perfeito para deitar agarradinha com Christian, assistir um filme, comer besteira...foder até a cama quebrar, talvez, eu não sei. Só de pensar nisso, até me distraio no finalzinho da aula de artes, e já nem consigo mais escutar a voz da professora falando sobre dadaísmo e etc.

     O sinal toca logo depois que começa a chover. Guardo meu material dentro da mochila, e vou saindo da sala para ir encontrar Christian. Agora que está chovendo um oceano inteiro lá fora, não sei se ele vai ter treino hoje, mas é bom procurar pra saber, né.

     Calma, Sam, calma. Eu estou muito eufórica pra passar a noite com ele. Talvez seja a saudade. Não, tá mais para nervoso, a mesma coisa que eu senti na noite em que perdi a virgindade; borboletinhas no estômago, junto com a sensação de frio na barriga, o que me tira toda a fome que eu estava sentindo há meia hora atrás. Não parece que faz três meses desde que terminei com Christian, parece que faz três anos, e por isso é tão estranho.

     Bobagem, eu sei. Nem parece que transei com ele várias vezes quando estávamos separados. Onde já se viu, sentir nervoso de dormir na mesma cama com o namorado, depois de dizer que "o pau dele é gostoso" na cara dele? O curioso caso da garota que vira uma prostituta quando vai transar, mas na hora de dormir juntos na maior inocência vira uma mocinha da década de 40 que nunca beijou alguém na vida.

     Antes de ir atrás dele, passo no meu armário rapidinho pra pegar o dever de casa, e a jaqueta. Depois, mando uma mensagem para Christian.

Quando você vai ir embora?

     Para minha surpresa, ele não demora muito pra me responder.

C: Agora.
C: O treino foi cancelado.
C: Chuva.
Ah, não diga?

     Christian envia um emoji revirando os olhos, e eu sorrio de canto.

C: Onde você está?
No meu armário.
Não dentro dele, mas você entendeu.
C: Tudo bem, vou te esperar no carro, belê?
Belê?
Desde quando você virou surfista pra falar essas coisas?
C: Sam...
C: Vem logo, meu Deus.
Belê.

     Bloqueio o celular, imaginando a risada de Christian na cabeça – isso supondo que ele riu da última mensagem que mandei.

     Quando estou indo em direção ao estacionamento, ouço Beth me chamar pelo corredor.

     — E, aí? Tá indo embora? — Ela pergunta, acompanhando-me pelo corredor.
     — Tô, mas hoje eu vou ir com o Christian, eu já disse isso.
     — Uuuuuh, Christian! — Beth provoca, cutucando minhas costelas com os dedos.

     Dou risada e a empurro de leve para que pare.

     — Para com isso, vamos só passar uma noite juntos, nada demais. — Dou de ombros, pressionando os lábios em um sorriso bobo.
     — Uhum, sei. — Beth ajeita os braços ao redor dos quadris, fechando os punhos enquanto finge estar metendo de mentira.
     — Meu Deus, para! — Dou risada — Deixa de ser pervertida.
     — Ah...mas admite que vocês tem uma chancezinha de transar, vai? Eu conheeeeço você, Samantha.