C A P Í T U L O 114

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SAMANTHA PRICE

     Fico olhando para Christian, sem saber o que fazer agora. Meu pai sempre precisa chegar nas horas mais inconvenientes. Parece até que ele tem um *time pra isso – oh, Sam deve estar fazendo alguma coisa que pode ou não ter relação comigo, por que eu não apareço e estrago tudo?

     — Merda. — Reclamo baixinho, movendo os olhos até às escadas. Meu pai ainda não subiu, o que me dá uma vantagem. — Merda. — Repito
     — A gente desce? A gente continua aqui? — Christian pergunta, claramente confuso.
     — Eu... não sei.

     Não quero ver meu pai; isso é fato. Mas eu preciso descer para ir embora, e não dá pra simplesmente pular a porra da janela com uma mala pesada dessas na mão – quem está segurando a mala é Christian, mas mesmo assim. E além de tudo, meu pai com certeza deve ter visto o jipe de Christian parado lá fora, e vai estranhar se sumir do nada.

     — Eu vou distrair ele. — A voz de Sofia ecoa baixinho pelo corredor.

     Christian e eu nos viramos para ela, que passa rapidamente por nós e depois desce as escadas.

     Quero me trancar dentro do quarto e nunca mais sair. Eu costumava me trancar lá quando ficava muito puta, triste ou não estava muito com muita vontade de conversar com alguém. Meus pais tinham uma chava reserva, é claro, então minha "privacidade" não durava muito. Geralmente, quem vinha brigar comigo pra me trancar no quarto era meu pai – ele tirava a chave de mim, e me fazia dormir com a porta aberta durante semanas, até minha mãe me devolver a chave em segredo, quando meu pai já nem se lembrava mais dela.

     Estou cogitando a ideia de tentar me trancar de novo neste exato momento.

     Ouço Sofia falando com meu pai lá embaixo, em um tom muito mais alto do que o geralmente.

     — Querido! — Ela diz — Chegou cedo.
     — Não tive muito trabalho hoje. — Meu pai faz uma pausa, provavelmente para suspirar. — Depois que os Anderson quebraram contrato comigo, meu tempo de trabalho diminuiu drasticamente. Ainda tenho outros clientes, mas eles eram os que mais demandavam do meu tempo.

     Olho para Christian. Ele da de ombros e franze a testa, tão surpreso quanto eu. Pra ser bem sincera, já deveria ser de esperar que os pais dele demitissem o meu pai depois daquele jantar tosco. Ele não tem 100% de culpa, mas foi deixado de lado mesmo assim. Por fiquei irritada com isso?

     — Tenho certeza de que vai achar clientes novos. — Sofia incentiva — Por enquanto, por que não senta aqui na sala — Ela praticamente grita a palavra "sala". —, e relaxa um pouco. Aposto que Todd sentiu falta do papai dele.

     Ouvir Sofia falar "papai" é muito estranho. Muito, muito estranho. Ela é muito jovem, então parece que estar falando com o sugar daddy dela – o que, tecnicamente, meu pai é. Que nojo, Sam.

     Dou um puxão breve na manga da jaqueta de Christian, acenando em silêncio com a cabeça para que ele me siga até perto da escada, da onde vai para ouvir melhor.

      — Tá, mas é... é por que tem um jipe azul estacionado em frente a nossa casa? — Meu pai questiona — Eu conheço aquele jipe de algum lugar.
      — Jipe? — Sofia ri — Eu não tinha visto nenhum jipe antes. De qualquer forma, deve ser de algum vizinho que não tem mais o que fazer, e estacionou lá na frente.

     Amém, Sofia Vance!

     — É... é...deve ser.

     Olho para Christian, e uso o dedo indicador para lhe pedir um pouco de silêncio. Então, vamos descendo a escada o mais devagar possível, e eu vou evitando pisar nos pisos que rangem, usando a pontinha dos pés. Christian vem atrás, me seguindo e carregando a mala no alto.

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