C A P Í T U L O 28

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CHRISTIAN ANDERSON

     É Natal, e tudo o que eu fiz desde que a ceia de almoço acabou, foi andar de um lado pro outro na casa, carregando um monte de coisa para a caminhonete estacionada no meio fio lá fora. Meu avô e meu pai, sentados na sala enquanto conversam, apenas observam atentamente meus movimentos de ida e vinda.

     Saio do porão carregando embaixo dos braços uma escada de madeira bem grande. Meu pai franze a testa, e depois se levanta, me seguindo até lá fora.

     — Tenho até medo de perguntar o que você está aprontando, depois do último fim de semana. — Ele diz

     Olho para trás rapidamente, depois volto a prestar atenção no que estou fazendo, para não deixar a escada cair nos meus pés enquanto a ponho na caçamba.

     — Não é nada demais. Só fazendo uma..."reforma" no loft. — Limpo as mãos na calça. Aqui fora está bem frio, mas toda essa agitação me deixa quente, então estou confortável sem me encapar todo com roupas de frio.
     — E pra quê isso agora?

     Dou de ombros enquanto passo pelo meu pai, de volta para dentro. Dessa vez ele me segue apenas com o olhar.

     — Passatempo. — Minto; ninguém precisa saber que tô montando um ateliê pra menina que eu gosto, já tô sem graça o suficiente só de pensar em "entregar" isso pra ela.

     Volto no porão, e pego o tapete persa que eu enrolei e amarrei com o maior lacre que eu achei, para não soltar no meio do caminho e dar merda. Subir as escadas com essa merda é um sacrifício, já que pesa pra cacete, mas pelo menos já vou estar exercitando os braços e não vou precisar praticar durante o restante do recesso. Quando enfim subo na sala com aquele tapete enorme, meu avô da risada.

     — Quer ajuda aí? — Ele pergunta
     — Nem precisa se incomodar. — Respiro bem fundo, grunhindo quando ergo o tapete e apoio no ombro, o segurando com as duas mãos. — Mas valeu.
   
     Enquanto me afasto para voltar para a caminhonete, meu avô me observa atentamente, com um sorriso nos lábios como de alguém que sabe das coisas.

     Passo pelo meu pai uma última vez, porque ele ainda está parado lá fora, e então jogo o tapete dentro da caminhonete, soltando um gemido de dor; o ombro chega estalou agora. Quando eu terminar de arrumar aquele loft, vou estar todo de quebrado – já estou mais ou menos, pra dizer a verdade, já que passei o resto do dia de ontem limpando aquele lugar. Mexo os ombros e braços em movimentos circulares para trás, relaxando um pouco os músculos.

     — Já acabou? — Meu pai pergunta
     — Ainda preciso ir no loft. Não carreguei isso tudo atoa. — Fecho a traseira da caminhonete, e visto a jaqueta jeans que deixei em cima da lateral, aquela que por baixo é revestida por um tecido macio de pelo falso.
     — Eu já não mandei você parar de me responder com deboche? Também pedi para não testar minha paciência, Christian.

     Bufo e passo a mão nos cabelos, antes de pôr uma touca branca na cabeça.

     — Tá, desculpa...eu só tô aproveitando que não estou de castigo agora, pra resolver algumas coisas, não tô fazendo nenhuma merda que teste sua paciência. — Só Deus sabe a força paranormal que eu tive que fazer pra não usar uma voz debochada pra remendar meu pai agora, só Deus sabe!
     — Só chega às seis, ok? Sua mãe vai querer abrir os presentes. — Suspirando, ele passa a mão na testa. — E cuidado por aí com essa caminhonete; a estrada tá congelada.

     Afirmo com a cabeça, e meu pai se vira para voltar pra dentro rapidamente, provavelmente deve estar congelando de frio. Quando abro a porta da caminhonete, Alyssa grita meu nome. Suspiro e me viro.

All For Love ✓2Onde histórias criam vida. Descubra agora