122° Capítulo

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Dul: Ele pediu para que parassem. Alegando que não era minha hora de morrer ainda. Teve a cara de pau de dizer que eu merecia levar mais um pouco do castigo que, a vida me reservava. Meu Deus como eu odeio aquele homem (diz com voz amargurada) Minha vida foi assim por um bom tempo. Eu passei um ano, apanhando até quando não fazia absolutamente nada.

Chris: Te batiam sem motivo?

Dul: Motivo elas tinham. O maldito dinheiro do Fernando que caia todo mês na conta do Internato, e na conta pessoal da Tenente. (disse irônica) Com um tempo eu comecei a pegar o jeito do internato. Se eu não podia com o inimigo eu me juntei a ele.

Chris; De que forma?

Dul: Como eu disse lá era cada um por si. E foi nesse tempo que eu passei a viver só por mim, sem me importar com o resto. Eu comecei a dedurar a todos os erros que eu via nos outros alunos. Passei a ser uma espiã das coordenadoras do Internato. Infiltrava-me no meio dos internos, levando informações a Tenente. Em troca eu não recebia surras e sim aprendizado. Eu passei a alimentar um desejo de vingança. Eu aproveitei cada oportunidade que eu tive de aprender ali. Eu estava decidida eu iria pisar no Fernando. Eu iria destruí-lo pedaço por pedaço, e depois dançar em cima de seus restos. A medida que o Fernando fazia "visitas", ele queria me ver com hematomas então as coordenadoras davam um jeito com maquiagem, por sorte ele nunca desconfiou. O meu último ano ali foi decisivo. Eu já sabia que tudo que pertenceu a minha mãe era meu. Eu acreditava em mim, eu tinha absoluta certeza de que estava pronta para encarar o mundo, e o Fernando. Eu era uma nova Dulce e eu tinha mudado. Pra pior. Eu já tinha capacidade pra dirigir uma empresa e precisava me firmar nisso. E eu jurei que daria quantia necessária para a tenente fechar o Internato, para que mais ninguém passasse pelo que eu passei

Chris: Você não fez faculdade?

Dul: Fiz. Mas só depois que eu provei pro Fernando que ele não podia contra mim. Foi quando ele pagou aos acionistas pra fazerem retiradas, desvios, enfim de um tudo. Eu fiquei desesperada eu tinha apenas 18 anos, e não tinha como desistir da empresa. Era patrimônio da minha mãe, ela deixou pra mim, e eu não queria fracassar. Eu contei com ajuda das mulheres que dirigiam o Internato.

Chris: Não foi você, que salvou a empresa da falência?

Dul: Não. Eu tinha conhecimento sim, mas eu não tinha faculdade, eu não podia com aquilo. Mas elas podiam, eu as tinha do meu lado e aproveitei isso. Passado esse sufoco, eu fiz faculdade de administração a distância, o Fernando não podia saber. E foi difícil esconder, foi muito difícil chegar até o fim, e me formar, mas eu consegui. Eu só não sabia que aquele idiota já estava preparando seu próximo bote.

Chris: O casamento (sussurrou)

Dul: Exatamente. (levantou a mirada. Escorou-se no peito dele e o mirou intensamente) Naquela noite, no jantar onde nos conhecemos. Eu te quis tanto, que me odiei por isso. Eu não podia querer-te, te aceitar seria como baixar á guarda, seria mostrar pro Fernando que ele tinha vencido. Mas eu estava errada, você não tinha culpa de nada e eu estraguei sua vida, eu terminei de estragar a minha droga de vida. Eu me arrependo tanto de ter feito tudo o que fiz com você. Eu me arrependo de descobrir que te amava só quando tudo já estava perdido, eu me arrependo de não ter dado o devido valor a você, quando podia.

Chris: Dul...

Dul: Shhh (põe o dedo indicador nos lábios dele) Naquela noite do jantar. Eu já te amava Christopher eu só não quis enxergar isso. Se o Fernando fez algo bom na vida dele foi ter trago você a mim, o que ao mesmo tempo foi errado. Porque eu destruí uma parte de você, a partir do momento que você apaixonou-se por mim. Eu destruí a oportunidade de você achar uma pessoa que não te fizesse sofrer tanto como eu fiz. Eu cometi adultérios, eu fazia de tudo pra te humilhar. Oh Deus eu te fiz chorar, eu te fiz mal, eu pisei nos teus sentimentos, eu fiz com você o que eu não pude fazer com o Fernando. E. todo nosso casamento, meu objetivo era atingir você. Porque eu já não podia mais alcançar ao Fernando. (Christopher já estava emocionado a essa altura) Mas naquela noite Chris, na noite em que concebemos a nossa Valentina, tantas coisas passaram por mim. Eu me rendi eu me permitir te amar, para logo depois de machucar novamente...

Chris; é passado, por favor esqueça... (tocou o rosto dela)

Dul: Eu te escondi uma filha (beija a palma da mão dele que estava em seu rosto) eu fiz você perder, momentos tão importantes na vida da Valentina. Eu queria que você estivesse lá quando, ela deu os primeiros passos, quando tomou sua primeira queda, ou quando ficou doente pela primeira vez. Eu fiquei tão desesperada, ela era tão pequena, tão frágil, tinha apenas uma virose boba. Mas eu achei que minha filha ia morrer. Ela era única coisa que eu tinha de você, e isso foi o suficiente pra me desesperar. Eu queria que você estivesse lá pra me dizer que tudo iria ficar bem. Que você estivesse lá no seu primeiro dia de aula. Eu chorei tanto quando ela atravessou a porta da sala e mandou um beijo pra mim, não importando-se com o fato de que iríamos ficar separadas por algumas horas. Ela desde pequena sempre foi tão forte. E eu me senti mais culpada quando aos três anos ela olhou aos meus olhos e perguntou "Mamãe, onde está o meu papai?" (Foi o suficiente pra Christopher abraçá-la com força. Ambos, choraram, sentindo aquela dor daquele momento que tinha que ser vivido uma hora ou outra)

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