119° Capítulo

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Chris: Sua mãe deu a vida por você. Não sabe como sou grato a ela por isso. E me dói saber que você já sentiu-se assim. Você não é assassina da sua mãe meu amor (apertou o corpo dela rente ao seu) nunca foi

Dul: Hoje eu sei que não. Mas naquele tempo eu era apenas uma criança, maltratada e renegada pelo próprio pai. Uma criança que não tinha amigos, uma criança que era lembrada todos os dias que por "sua culpa" sua mãe havia morrido. Perdi as contas de quantas vezes pedi aos ceús pra que me levasse junto a ela. A minha rotina era desejar a minha própria morte. ( na sua mente formou-se a imagem daquela garotinha sentada na varanda clamando por sua mãe, clamando por misericórdia divina, tudo pra que a retirassem daquele sofrimento)

Chris: Já tentou se matar?

Dul: Várias vezes. Sempre que sonhava com minha mãe eu tinha vontade de estar com ela então eu tentava. Mas eu nunca conseguia e me odiava por isso. Eu era tão fraca que até medo de me suicidar tinha. Eu só queria que aquele pesadelo acabasse, eu só queria ter uma vida normal, eu só queria ter a vida da Any.

Chris: A Any não ficava com você?

Dul: As vezes (sorrir fraco) quando o Fernando não estava por perto.

Chris: Com quantos anos ele te mandou pro colégio?

Dul: Aos 8, quando ele me tirou os professores particulares. Eu nunca entendi porque ele se importava com que eu tivesse aprendizado, ele me odiava. O motivo só descobri quando soube que todo patrimônio da minha mãe estava em meu nome. Tudo que foi dela era meu, e isso só aumentou sua raiva. Por isso mandou-me para uma escola horrível, em um bairro perigoso e de pessoas mal encaradas. Nem todos ali eram ruins, mas não eram muitos os bons.

Chris: Nunca tentaram nada contra você?

Dul: Claro que tentaram, perco as contas de quantas vezes roubaram minhas coisas. A escola era longe de casa e eu tinha que ir sozinha. Uma criança de 8 anos tendo que andar por aquele local horrível. Ficando a mercê de tudo que era ruim, tendo que pegar conduções lotadas e cansativas. Quem me via jamais diria que eu era filha de Fernando Saviñón. Aquele homem "legal e generoso" que aparecia nas revistas mostrando o quão rico era, esbanjando luxo e vaidade. A Any todos conheciam. Mas a mim (fez uma pausa demostrando o pouco caso que faziam dela) demorou muito pra que ele revelasse que eu era sua filha. E como demorou aquelas pessoas só viriam a saber quem eu realmente era dez anos mais tarde.

Chris: Quando envolveu-se com drogas?

Dul: Aos 13 anos, a Droga me ajudava a esquecer a minha vida de merda. fazia-me relaxar, quando estava sob o efeito me sentia bem. Maldito seja o dia que eu exagerei.

Chris: Foi quando ele te mandou pro Internato?

Dul: Não sem antes me espancar. Eu só não sabia que as surras do Fernando, se tornariam nada comparadas ao do IMF

Chris: IMF?

Dul: Internato Militar Feminino. O lugar que me destruíu e me reconstruíu, o lugar que me tornou uma pessoa amarga e sem sentimentos, o lugar que nunca vai sair da minha mente, não mesmo. (falou pausadamente)

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