15° Capítulo

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Dias depois, Dulce seguia em sua casa. Não tinha vontade de sair, de trabalhar, de fazer qualquer outra coisa se não ficar encolhida em algum cômodo de sua imensa casa e chorar.

Lembranças de Christopher a atormentavam. Sua consciência lhe forçava a aceitar os fatos de que ela era culpada por tal situação, de que ela fôra estúpida por não dar valor ao matrimônio. E doía, doía como um inferno aceitar essa verdade. Seus empregados foram dispensados, não havia paciência para lhe dar com eles, tampouco coragem para que outros a vissem chorar. E mais uma vez, ela estava só. Como em tantos outros momentos de sua vida.

A campainha tocava, ela queria ignorar, ela estava ignorando. Mas quem quer que fosse, não parecia ter a menor vontade de ir embora. Suspirando ela levantou-se, sequer tentou arrumar seu estado. Estava horrível, rosto inchado, olheiras, cabelos emaranhados e usando a primeira roupa confortável que achará no grande closet. Ela não estava bem, e não precisava mostrar o contrário. 

Respirando fundo, agarrou a maçaneta, tinha a esperança de que fosse Christopher. Para seu azar, não era.

Dul: Maite ( Suspirou) O que quer aqui?

Maite: Eu vivi para ver a grande Dulce María chorar ( Sorriu em desdém)

Dul: Já viu? Agora vá embora (Tentou fechar a porta)

Maite a impediu de dispensá-la e empurrou a porta, entrando em seguida.

Dul: Educação mandou lembranças ( Rolou os olhos)

Maite: Eu vim para conversar contigo.

Dul: Não vejo qualquer assunto que possamos conversar. ( Deu de ombros) Não estou em meu melhor momento. Por favor, retire-se da minha casa.

Não estava com paciência, nem vontade para trocar farpas com a ex-cunhada.

Maite: Serei breve ( Garantiu)

Dul: Pois comece.

Maite: Só vim para olhar pra essa sua cara. E te perguntar o por que de descontar tudo no Christopher, quando ele não tem culpa de nada? Por que fazer com ele, o que você queria fazer com outra pessoa?

Dul: Do que diabos está falando?

Maite: Do seu passado. Eu sei Dulce, eu sei de cada coisa que você passou. E ainda sim, continuo te achando a mesma estúpida de sempre.

Dul: Quem diabos andou te relatando a minha vida? (Gritou) Isso não é da sua conta Maite, não me tente!

Maite: Não interessa quem me contou. O que me interessa é te dizer que meu irmão não tem culpa do fato do seu pai ser um monstro e não te suportar. Assim como a maioria da sociedade.

Dul: Quem no maldito inferno te contou?

Maite: Ora, e quem mais sabia disso?

Dul: Eu vou matar a Anahí e o Christian ( Urrou)

Maite: Pois bem, eu entendo que você tenha sofrido com o desprezo e a arrogância do seu pai Dulce. Mas o Christopher, assim como você, também foi obrigado a casar. O meu irmão é uma ótima pessoa, e não é justo que ele fique sofrendo por sua culpa.

Dul: E por que está me dizendo isso?

Maite: Porque o Christopher vai recomeçar a vida dele, do zero. Vai ser como se você nunca tivesse existido. Então suma Dulce, vá embora do país, se possível vá para outro planeta. Assim como na sua infância, ninguém te quer por perto.

Dul: Saia. Da. Minha. Casa ( Disse pausadamente, cerrando os dentes)

Sua vontade era massacrar Maite, lhe bater tanto até que a massa cefálica começasse a escapar de sua cabeça.

Maite: Eu vou, até porque, meu recado está dado e não faço a miníma questão de estar em sua presença. Mas faça o que eu disse Dulce, faça o que eu disse ou sua vida vai virar um inferno. Eu te garanto.

Dul: EU JÁ MANDEI VOCÊ IR EMBORA! (Gritou com voz embargada)

Não iria chorar na frente dela, seria humilhação de mais.

Maite: Adeus, Dulce (E com isso, partiu)

Desnorteada, Dulce sentou-se no sofá. Imagens de seu passado, imagens que diariamente ela tentava bloquear, lhe vieram a tona, a dor parecia tão real. E Anahí? O que fizerá? Lhe humilhará, lhe expôs. E o pior de tudo, era saber que se Maite estava ciente de tudo aquilo, Christopher também estava. E de certa forma, lhe causava vergonha.

As ameças de Maite, não lhe amedrontavam, tampouco lhe causaram desejo de ir embora. Mas, Christopher iria recomeçar, ele não a procurou, ele não iria voltar. Iria doer vê-lo com uma mulher que o tratasse da forma que ele merecia, da forma que ela nunca o tratou. De uma jeito torto, Maite lhe dará sua única saída.

Ela iria embora, tentar esquecer do seu passado e de seu fodido presente. Arrancar Christopher de seu coração, esquecer a traíra de sua irmã e qualquer coisa que remetesse a ela. Teria uma nova vida e quem sabe um novo amor.

Limpando as lágrimas marchou até seu quarto, arrumou uma mala. Levaria pouca coisa, logo compraria tudo novo. Porém, antes de partir ela precisava fazer algo, precisava olhar para a sua irmã, encarar uma última vez os olhos da pessoa que foi seu porto seguro por anos e agora havia se tornado a porta para todos os seus pesadê-los. Ela tinha que resolver as coisas. De agora em diante seria tudo novo, inclusive uma Dulce nova.

Mais perversa? Talvez. Contudo, mais resistente.

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