Adultério

❦ CAPÍTULO SESSENTA E NOVE

Demorei muito para me acalmar, eu estava tão nervosa, destruída, tão decepcionada, que acabou comigo aquilo. Eu estava deitada na cama, enquanto ele estava ao meu lado, com uma mão segurando minha cintura e a outra fazia carinho no meu cabelo.

- Quer falar? - ele começou.

Fechei os olhos.

Meu coração deu outro salto.

- Não...- pedi quase sem voz.

- Só me diga o que aconteceu. Você estava bem quando sai da sala e quando voltei estava desse jeito. O que houve?

- Não quero falar disso...- doía até de lembrar, imagina falar. Eu só queria esquecer, mas seria impossível, não dava para esquecer.

- Tudo bem. Não vou insistir. Não agora, mas depois eu quero saber - avisou.

Não falei nada.

- Já são quase seis horas, está na hora de nos arrumarmos para a festa do Pablo.

Aí não...

- Eu não quero ir.

- Seria uma desfeita Dulce. Eu confirmei a nossa ida faz um tempo. Vai pegar mal se não formos, entende? - me olhou.

Entendia. Gente rica é tão fresca que se não for para um evento, pode arruinar sua fama. Mas eu queria vê se ele ainda ficaria com esse pensamento se eu falasse sobre Pablo.

Mas eu não estava afim de falar.

Não depois do que descobri.

Eu não tinha cabeça para nada!

- É um baile de máscara e eu não com..

- Não se preocupe com isso. Só coloque um vestido, de qualquer cor. A máscara é preta - ele falou e em seguida me deu beijo nos lábios.

Eu não correspondi.

- O que foi Dulce? - perguntou mais uma vez.

- Eu só não estou afim...- murmurei.

ྉྉྉྉྉ

No carro eu ia distante dele, o que me lembrou da época que nem nos falávamos. Ele tentou falar comigo, mas eu sempre o cortava. Até que ele achou melhor calar a boca.

Eu não conseguia parar de pensar sobre o filho dele, na Belinda, nele próprio e em mim. Me arrumei no piloto automático, coloquei qualquer vestido de festa que tinha no meu closet e já estava pronta, maquiagem estava tão simples que nem parecia que estava maquiada.

Meus olhos estavam um pouco enchados, mas como o tema da festa era máscaras, então, as pessoas não iam perceber. Eu não ainda não acreditava que pudesser ser verdade. E quando ele ia me falar? Será que ele estava fazendo o que eu estava fazendo com ele? Me preparando primeiro para depois falar?

Se fosse isso...

Não ia adiantar!

Merda!

Era um filho!

No meu caso, até ia porque eu NÃO FIZ FILHO em ninguém, não engravidei ninguém, meu único erro foi ter me envolvido com mulher, com outras pessoas. Dava com o tempo apagar isso e recomeçar.

Mas um filho não.

Ele estaria sempre ele. A traição dele com Belinda ou com qualquer outras mulheres já estava perdoada por mim. Eu também trai, então, estava perdoada, eu não me importava mais com isso. Mas ele fez o favor de fazer um filho e já era demais pra mim.