Inclusive as más escolhas.

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Estaciono perto do bar e corro para entrar, a Letícia e a Carol já esperavam por mim. Tinha-me atrasado ao tratar de assuntos com o meu pai.
Entro cumprimentando as meninas e pedindo desculpa pelo meu atraso, não era habitual eu atrasar-me. Acompanho a Letícia numa cerveja.
⁃ correu tudo bem ontem, amores? - pergunto dando um gole na cerveja de seguida. pelos sorrisos eu vi que a resposta seria positiva.
⁃ tudo ótimo mesmo - Letícia responde rindo.
⁃ conta, safada!
⁃ a gente foi para casa do CT, tivemos uma noite, digamos intensa e eu acabei por adormecer no silêncio daquela casa. só ouvia os nossos corações a bater, foi tão bom - ela arranca umas risadas do trio - eram 6 da madrugada quando eu acordei. por sorte a minha mãe não o viu a deixar-me na porta de casa.
⁃ a sua mãe ia-me matar se ela tivesse visto por eu ter permitido. - volto-me para a Carol - e você? foi pra onde?
⁃ ah, eu vim pra casa mesmo - ela ri, mentindo.
⁃ fala a verdade! - Letícia para de beber subitamente para falar.
⁃ na verdade nós íamos para ir pra um lugar diferente, só que depois todos começaram a ir embora e ficámos em casa do Dani mesmo. digamos que a minha noite foi parecida com a da Letícia, só que não adormeci.
⁃ foi parecida, só faltavam os olhos grandes do CT encarando você. - brinco e já me preparo para a resposta da Letícia.
⁃ é, os olhos são proporcionais ao resto do corpo amor, tudo é grande - ela fala na defensiva, contudo, brincando.
⁃ nossa, olha ela já defendendo o boy - Carol ri.
⁃ olha elas tão apaixonadas, nossa - falo sorrindo e bebo.
⁃ fala que pode, né - Carol me olha de alto a baixo.
⁃ mas posso mesmo - respondo na defensiva - quero paixões bem longe, credo!
⁃ nossa! que mentirosa - Letícia fala enquanto bebo - quem te ensinou a mentir assim? foi o Chris?
Quando ela menciona o nome dele eu engasgo-me com a cerveja. Isso arranca delas umas gargalhadas enquanto eu tento parar a tosse.
⁃ pronto, falam do Chris e ela já fica toda nervosinha - Carol debocha.
⁃ nada disso, foi só que não estava à espera.
⁃ agora é a sua vez de falar da sua noite - Letícia fala e elas esperam pela minha resposta.
⁃ não aconteceu nada demais - olho para a cerveja - a gente se beijou. - digo rápido a última frase.
⁃ "nada demais"? ga-ro-ta! você beijou o Chris! - Carol quase grita e eu faço sinal para ela diminuir o volume da voz.
⁃ como não está surtando?
⁃ gente eu quero surtar - confesso por fim. na verdade eu precisava surtar, afinal de contas, é o Chris!
⁃ conta como foi!!! - Carol fala rápido.
Contei-lhes primeiro o que se tinha passado na cozinha, omitindo por instantes o facto de o Mz nos ter flagrado, só revelando isso após contar sobre o segundo beijo lá fora, e sobre os outros que demos na despedida.
⁃ ... o Mz apareceu na cozinha durante o nosso primeiro beijo - falo e o sorriso delas muda. abriram a boca e arregalaram os olhos ao ouvir.
⁃ mas espera ... se o Mz viu e os outros aconteceram, foi porque a reação dele não foi má! - Letícia chega a essa conclusão.
⁃ ele só disse que ia fingir que não tinha visto nada. mas eu hoje já falei direitinho com ele quando chegou a casa de manhã.
⁃ e? - Carol espera ansiosamente pela minha resposta.
⁃ e ele disse que não gostava do facto de ser um amigo dele ... mas que ficava feliz por eu estar a desprender-me do passado ... e que até, por um lado, o tranquilizava ser o Chris, afinal ele conhece-o bem ... mas que continuava a ser estranho ser um amigo dele - falo um pouco confusa olhando pro nada e dou uma leve risada antes de continuar - também disse que não foi surpresa, supostamente ele já tinha notado os olhares do Chris pra mim faz tempo ...
⁃ onde você estava com a cabeça quando a gente te disse o mesmo? - Carol questiona.
⁃ é difícil, você sabe - falo olhando pros dedos.
⁃ talvez o Chris ajude você a superar - Letícia fala.
⁃ mas eu não quero usar o Chris, não quero que ele venha consertar o que o Arthur quebrou por completo, o que eu ajudei a quebrar. o Chris merece alguém que consiga ser inteira, não quero que ele se apegue a mim.
⁃ você sente algo? - Carol pergunta, fazendo com que eu olhe para ela.
⁃ sinto interesse, não posso mentir, o Chris é um homem incrível. eu já achava isso, agora acho mais - dou uma risada leve.
⁃ ai menina, eu tenho que perguntar isso pra você - Carol fala repentinamente - e a pegada do Cleytu? desilude ou corresponde às expectativas?
Eu sorrio com a pergunta dela e mordo o lábio.
⁃ mano, oh pegada gostosa da porra - me arrepio por completo e elas notam - ele beija bem demais. a pegada dele é tão ... é tipo firme mas ao mesmo tempo carinhosa sabe? você não quer parar mesmo que isso signifique morrer sem ar, nossa ... é, eu gostei.
⁃ "gostei", pela sua reação, não foi só um simples "gostar" - Letícia ri falando isso.
⁃ temos casal, pronto - Carol declara.
Quando vou responder, meu celular toca.
⁃ meninas, importavam-se que eu atendesse?
⁃ óbvio que não! - elas falam e eu levanto-me e dirijo-me pra fora do bar.

Atendo rapidamente a chamada logo que saio.
⁃ sim?
⁃ Sú? me perdoa, hoje não vai dar pra gente sair - Chris fala alto com desilusão na voz. parecia não ter o celular na mão.
⁃ Chris, tudo bem! não tem problema - falo de forma a ele ver que, de verdade, estava tudo bem, embora eu tivesse ficado um pouco triste por não poder estar com ele. ah, porra, isso não!!
⁃ eu esqueci que tinha gravação hoje, estou indo pra BH nesse momento!
⁃ você está dirigindo? - falo elevando o tom, preocupada.
⁃ sim, não se preocupe, está em alta voz.
⁃ Chris desliga esse celular agora, a gente fala quando você chegar no estúdio!
⁃ não! não se preocupe, não tenho o celular na mão. - ele fala rapidamente - não devo voltar nos próximos três dias, mas assim que eu chegar a gente marca alguma coisa pra fazer, tá bom?
⁃ ta bom, se cuida Cleytu, tome atenção na estrada! - falo preocupada.
⁃ morena? - ele fala e eu murmuro um "hum?" - sinto falta do seu beijo.
Sinto as borboletas no meu estômago a tentarem escapar. Solto uma leve risada, tendo a noção que esbocei um enorme sorriso.
⁃ também sinto falta do seu, nego.
⁃ fica com Deus, anjo! depois eu falo com você.
⁃ se cuida, neném, fica com Deus.
Mandamos beijos um ao outro. Que irónico, era isso mesmo que queríamos. Logo depois desligámos.
Entrei e notei nos sorrisos da Letícia e da Carol, tendo noção de que eu mesma ainda sorria.
Nesse momento eu reparei que estava ferrada, ele não podia ter esse efeito em mim, afinal, foi só um beijo! O melhor que me deram até hoje, mas só um beijo!
⁃ o que o Chris falou pra você? - Letícia questiona.
⁃ como sabe que é o Chris? - pergunto surpresa.
⁃ você passou de uma expressão meio que triste para um sorriso enorme, e depois ficou corada. isso responde a sua questão? - Carol fala.
⁃ ele só ligou pra avisar que estava indo pra BH, por isso não dava pra estarmos juntos hoje.
⁃ e sorriu porquê? - Carol pergunta e eu sorrio.
⁃ porque ele disse que sentia falta do meu beijo. - falo e elas gritam, controlando-se assim que lembram onde estão. a minha expressão muda e eu continuo - mas eu não entendo como um beijo fez isso. foi só um beijo!
⁃ que provavelmente vocês já desejavam faz tempo - Letícia responde.
⁃ você já tinha dito que se sentia segura perto dele faz tempo, ainda namorava com aquele embuste. aliás, foi aí que eu e a Letícia notámos que a sua relação não estava tão boa quanto você mostrava estar.

De facto, sentia mesmo. Talvez isso acontecesse porque a gente sempre se sentava conversando sobre os mais diversos assuntos, quando ele não estava se esforçando por ter uma mina do lado dele naquela noite. Isso mexia muito comigo, contudo, eu só ficava bolada porque não tinha ninguém com quem ter estas conversas profundas.
Tudo bem que do lado do Chris era um pouco diferente, mas eu também me sentia segura do lado do CT e do Knust, e obviamente eu não possuía qualquer sentimento amoroso por eles; também me sentia segura, por exemplo, do lado do Baviera, do DoisP, e eles eram só meus amigos. Porque o Chris tinha que se destacar?

⁃ dê uma oportunidade - Letícia fala - pelo menos se não der certo, vocês deram uns bons pegas - ela tenta fazer-me rir.

Talvez ela estivesse certa, mas tudo na vida era feito de oportunidades, inclusive as más escolhas.

𝚟𝚘𝚊𝚗𝚍𝚘┊ 𝐜𝐡𝐫𝐢𝐬 𝐦𝐜Onde histórias criam vida. Descubra agora