Por gentileza.

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Durante a viagem de volta pra casa o meu pai falava como tinha sido essa noite de viagem de ida e volta pra Salvador e Niterói, respetivamente. Colocou o seu chapéu na minha cabeça enquanto eu conduzia, elogiando como eu ficava bem. Eu gostava de usar o seu chapéu de Capitão!
Chegamos em casa e o carro do Chris já estava lá estacionado. Gelei, não sabia como ia reagir ao vê-lo.
Saímos do carro, fechei-o e abrimos a porta de entrada da casa, entrando de seguida.
Mz e Chris estavam no quarto do meu irmão, enquanto a minha mãe estava finalizando de preparar o café da manhã.
Os meus pais ficaram ali, falando sobre como foi e uns segundos depois eu ouvi as gargalhadas do Mz e do Chris bem perto. Não olhei pra trás, estava de costas voltadas para a entrada da cozinha.
Mz passa por mim e o Chris, ao passar, deixa um beijo na minha bochecha, assim, repentinamente.
Isso fez-me sorrir, porém deu uma enorme saudade de beijar os lábios dele, saudade essa que não importa mais.
Durante o café da manhã fomos falando de diversos assuntos até que o meu pai decidiu falar sobre hoje de manhã.

⁃ Essa manhã apresentei alguém à Suzy - fala sorrindo e, se naquele momento eu tivesse um buraco perto de mim, eu enterrava-me só pela vergonha. - Não foi, filha?
⁃ É.. Foi sim - dou mais um gole no meu café.
⁃ Ai sim? Conta! - a minha mãe questiona curiosa. Olho pro meu pai na esperança que fosse ele a continuar.
⁃ Fala filha - me encara sorrindo.
⁃ Ah... O pai apresentou o Alan pra mim...
⁃ Quem é o Alan? - a minha mãe fica confusa.
⁃ Pelo que eu entendi, é o Segundo Piloto do navio em que o pai esteve hoje.
⁃ Hum... Que tudo - ela fala animada.
⁃ Alan é um bom partido. É um moço educado, calmo, sabe o que faz, trabalha muito bem... Já o conheço desde que ele começou a trabalhar efetivo nesse Porto e gostei de o conhecer. - me olha - Seria um bom partido pra você.

Esbocei um sorriso fraco pro meu pai e olhei pro Chris, que tinha uma expressão indecifrável na sua cara. Ele encarava-me, talvez a vontade dele fosse deitar-me no seu colo e bat... Ah, não pensa nisso, Suzanna!

⁃ Como foi a estadia lá em BH - a pergunta da minha mãe, dirigida ao Chris, surgiu de repente.
⁃ É sempre bom visitar a nossa casa, né - ele sorriu - Correu tudo bem - quase me engasgo com o café que estava a tentar beber no momento.
⁃ Filha, está bem? - o meu pai fala agarrando a minha mão.
⁃ Sim, pai - falo a tossir ainda.
⁃ Cuidado, ainda tem que ir no meu show logo - Mz fala rindo, ele sabia o porquê de eu ter ficado assim.

Acabei de tomar o café da manhã e levantei pra colocar a louça pra lavar. Voltando a me sentar de seguida, mexendo no celular e recebendo olhares reprovadores dos meus pais, que odeiam celulares enquanto estamos na mesa.

⁃ Você está mesmo cansado... - minha mãe olha pro Chris vendo ele bocejar e, quando olho de relance, noto até no seu sorriso que ele está mesmo exausto.
⁃ Nada que um banho e umas horas de sono não resolvam - ele sorri.
⁃ Se quiser ficar aqui pra não adiar mais o seu descanso, esteja à vontade, querido - a minha mãe coloca a sua mão na mão dele e eu olho surpresa pra eles dois.
⁃ O que não falta nessa casa são quartos - meu pai fala.
⁃ Não precisa, obrigado... - é interrompido pela minha mãe.
⁃ Sério, Chris, depois almoça aqui também, pelo menos é um encargo que sai de cima das suas costas.
⁃ E ficaria nas costas da senhora, por isso que eu acho melhor não, fica pra outra altura.
⁃ Eu estou em casa, não trabalho hoje, não me custaria nada!
⁃ Aproveita irmão, minha mãe não faz isso por qualquer pessoa - Mz fala rindo.
⁃ A minha cama ainda não foi feita, se quiser aproveitar... - falo e ele me encara. Quando os meus pais voltam a olhar pro Chris, eu pisco o olho e ele dá uma leve risada.
⁃ Não é abuso a mais por minha parte?
⁃ Não! Quanto mais depressa você começar a se cuidar, mais depressa adormece - minha mãe fala - Esteja à vontade.
⁃ Obrigado, sério - ele sorri pra minha mãe.
⁃ Não precisa agradecer, Chris! No carnaval os meus filhos também ficaram lá e você acolheu-os, é o mínimo que posso fazer por você.

Ah mãe, se fosse só no carnaval...

⁃ Sú - ele fala quando passa por mim - Pode vir comigo ali ao carro pegar as minhas roupas?
⁃ Claro - olho pra minha mãe - Eu já venho ajudar você.
⁃ Não se preocupa.

Enquanto nos dirigimos ao carro ouço o meu pai a falar que também vai tomar banho pra descansar.
Quando estamos perto do carro dele, ele se dirige a mim.

⁃ Porque está fazendo isso? - questiona enquanto abre a porta traseira e a sua mala.
⁃ Foi a minha mãe que deu a ideia, e o Mz tem razão, ela não faz isso por qualquer pessoa - ele tira a roupa que vai vestir - Se ela soubesse do seu lance com a filha dela, de certeza que não seria gentil a esse ponto - ele me olha e ri.
⁃ Então a gente ainda tem um lance? - aproxima-se e coloca as mãos na minha cintura.
⁃ Teve - olho nos olhos dele e sinto a química rolar, sentindo vontade de unir os nossos lábios - Victor...

Ele entende que deve tirar as suas mãos do meu corpo e pega na roupa, fecha o carro e vamos pra dentro.

⁃ Esses calções ficam bem em você, realçam a bunda - ele fala antes de entrarmos em casa e eu sinto-me a corar.

Vou mostrar pra ele onde fica o meu quarto.

⁃ Pode ficar à vontade - falo quando me preparo pra sair - Daqui a pouco posso passar aqui pra pegar meus livros?
⁃ Obviamente, pode ficar aqui até, o quarto é seu.
⁃ Você precisa descansar.
⁃ Você não faz barulho, pelo menos não o suficiente pra me acordar - ele sorri.
⁃ Fica à vontade - falo enquanto me preparo pra sair do quarto e ele pra entrar no banheiro.
⁃ Não quer vir comigo? - ele sorri e eu reviro os olhos, tentando não sorrir também. Óbvio que eu queria!
⁃ Parece que você esqueceu o que aconteceu nos últimos dias - abro a porta e o encaro - Eu não esqueci. - falo olhando nos olhos dele e saio, ainda escutando ele me chamar.

𝚟𝚘𝚊𝚗𝚍𝚘┊ 𝐜𝐡𝐫𝐢𝐬 𝐦𝐜Onde histórias criam vida. Descubra agora