Ator.

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Desliguei a chamada, a minha mãe estava irritada comigo, ela não suporta mentiras e, obviamente, supôs e bem que eu estivesse mentindo. Chris estava sentado no sofá e conseguia ouvi-la a falar. Eu sentia uma necessidade enorme de chorar, porém contive.

    ⁃    Não acredito nisto - disse passando a mão pelo cabelo. Chris veio na minha direção e parou na minha frente.
    ⁃    Eu vou contigo a sua casa, explico que eu te pedi para vir comigo.
    ⁃    Endoidou? - falei de um jeito rude, repreendendo-me de seguida - Chris, isso só ia piorar a situação e ia fazer com que a sua imagem ficasse manchada perante os meus pais, eles gostam de você!
    ⁃    Acha que eu te vou deixar se ferrar sozinha? Fui eu quem convenceu você a vir aqui!
    ⁃    Fui eu que aceitei vir aqui, fui eu que menti pros meus pais. A culpa não é sua, de todo! - olho pra ele, que acaricia o meu rosto - Ah, mano! Eu estou tão fodida! - a vontade de chorar ficou mais forte.
    ⁃    Vai dar tudo certo, meu amor, vamos manter a calma e pensar em alguma coisa. - ele falou ao me reconfortar num abraço.

Não podia dizer que nessa altura já tinha saído de casa da Gabi, isso ia implicar que eu tivesse que ter chegado antes do meu pai, muito menos posso dizer que estava lá dentro, o meu carro não estava lá e não faria sentido, uma vez que ela não me ia deixar estudando sozinha pra sair com o namorado. Se eu insistisse, eles ligariam pra mãe da Gabi e logo saberiam que essa não tinha sido a primeira vez que menti sobre isso.
A Letícia e a Carol também estavam definitivamente fora, a minha mãe ligaria para as suas mães e logo saberia que eu estava a mentir, só iria piorar a situação!
Eu estava sem saída, o que eu poderia dizer pra cobrir a verdade? Os meus pais não podiam descobrir que estava em casa do Chris, de todo!
Fez-se luz! Desfiz o nosso abraço, peguei o meu celular tremendo, procurei o seu número e chamei até ele atender.

    ⁃    É urgente! Necessito da sua ajuda - falo rapidamente sem nem lhe dar chance de falar - Pedro, fala que você está em Niterói e que está disponível, eu imploro!
    ⁃    Oi Sú! Estou sim! O que aconteceu? - ele fala preocupado.
    ⁃    Eu te explico pelo caminho, estou indo pra sua casa agora, esteja pronto, por favor! - falo pegando a minha bolsa e me calçando.
    ⁃    Tá bom, Portuga, só vem!
    ⁃    Obrigada Tineném, até já!
    ⁃    Te vejo!

Desliguei a chamada, guardei o celular na bolsa e peguei as chaves do carro.

    ⁃    Vou arrumar algum plano com o Baviera, pode ser que eu nos salve assim! - falo enquanto me dirijo pra porta rapidamente.
    ⁃    Tem certeza que não quer que eu vá, morena? - paro em frente ao carro e ele abre o portão.
    ⁃    Sim, nego, tenho que salvar esse segredo pra me continuar a encontrar com você. - ele se aproxima de mim. Noto que está preocupado com isso, talvez sentisse que a culpa era dele, contudo não era, ele não tinha qualquer culpa nessa história!
    ⁃    Vai me mantendo atualizado, assim que conseguir conte como correu, morena, por favor!
    ⁃    Eu conto, amor. Se eu não disser nada, o meu irmão diz - uno os nossos lábios, o beijo não foi longo, foi calmo, porém com sentimento. Parei com um selinho e olhei pra ele - Me desculpa por isso, por ter estragado a nossa noite, por ter deixado tudo tão desconfortável, por ter agido daquela forma. - ele voltou a unir os nossos lábios.
    ⁃    Não tenho nada a desculpar, gostei de cada momento nosso, morena. - me deu um selinho e beijou a minha testa de seguida, envolvendo-me num abraço reconfortante. - Eu gosto tanto de você, morena!
    ⁃    E eu de você, meu nego! - um "amo-te" disfarçado.

Entrei no carro, peguei a carta que tinha escrito pro Chris do chão do carro e guardei na minha bolsa, não queria que alguém lê-se.
Dirigi pra casa do Baviera sem nem ligar o rádio, só queria chegar rápido, a ansiedade matava-me! Pensei nele, era o único homem que poderia me ajudar nesse momento, os meus pais sabem que entre mim e ele jamais rolaria algo. Eu espero que funcione, caso contrário, eu acabei de perder toda a confiança que os meus pais depositavam em mim, e era imensa!
O caminho de casa do Chris à do Bavi demorava vinte minutos, e de casa do Bavi à minha demorava meia hora. Em dez minutos estava já a chegar a casa do Pedro, a minha Jeep e as velocidades que atingi permitiram isso, bem como o pouco trânsito. Ele estava fora de casa já, correu pro meu carro e, quando parei, ele entrou.

𝚟𝚘𝚊𝚗𝚍𝚘┊ 𝐜𝐡𝐫𝐢𝐬 𝐦𝐜Onde histórias criam vida. Descubra agora