Superficialidades mundanas.

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••• Suz's POV •••

Acordo com a porta de casa batendo, a minha mãe devia estar saindo para trabalhar, o que significava que ainda nem eram nove horas. O celular confirmou, ainda eram 8h35m.
Hoje não vou pra faculdade, ainda não recuperei totalmente e, para ser sincera, não tenho grande vontade de ver pessoas.
Tentei voltar a dormir, tudo para não me levantar e dar de caras com o Mozart, porém, falhei redondamente.
Abri a minha conversa com o Chris e ele tinha visualizado a minha mensagem e não respondeu. Pensando que era bug do celular, fechei a aplicação e voltei a abrir. De novo estava visualizada. Talvez ele tenha aberto a meio da noite e esqueceu de responder. Era só eu falando que por volta das dezasseis estaria no estúdio, nada de importante.

Ocupei a manhã continuando os projetos que tinha que entregar na Quinta, deixando tudo quase concluído. Então, fui tomar um banho longo para relaxar e me preparar para fazer as pazes com o meu amor. Lembrar isso me deixava feliz, tudo por conta da gratidão que sinto por que ele fez por mim no Sábado à noite.
Passei um pouco de maquiagem que disfarçasse as minhas olheiras, me vesti e desci para almoçar - se bem que poderia ser considerado mais um lanche, visto que eram 15h.

Depois de tudo estar pronto, finalmente me dirigi ao estúdio, cada vez mais ansiosa. Não só pela conversa com o Chris, isso era o que menos me incomodava, mas por ter que lidar com o Mozart...
Liguei pro Chris me abrir o portão, porém ele não atendeu, devia estar a gravar... Então pedi pro Baviera.
Vi logo que era ele quem vinha abrir o portão quando ouvi a porta de entrada bater com força, me fazendo rir.

⁃ Boa tarde mozão - digo assim que o abraço.
⁃ Boa tarde gata - beija o meu cabelo - Como está?
⁃ Melhorando, né... E você?
⁃ Sempre em alta - rimos e continuamos o caminho até à porta de entrada abraçados - Boa, agora fechei essa desgraça!
⁃ Toca na campainha - falo em vão, uma vez que ele estava já ligando pro "Cleytu".

Dessa vez o Chris atendeu e, poucos segundos depois, estava abrindo a porta. Ele não falou nada, estava com cara de poucos amigos - talvez a gravação esteja correndo mal...
Ele seguiu para dentro e, atrás dele, ia o Baviera. Assim que entrei na sala, o olhar do Mozart logo caiu sobre mim, vindo ele na minha direção de seguida.

⁃ Como você está? - pergunta de uma forma fria.
⁃ B-bem... bem, eu acho - tento olhar nos seus olhos, falhando redondamente. A vergonha me deixava vulnerável.
⁃ Não pense que eu me esqueci que temos uma conversa bem séria para ter - o Pablo chama-o e ele levanta a mão, como sinal de que sabe que tem que ir - Hoje eu vou dormir em casa, então não faça planos, tá bom? - aceno positivamente - Pode falar, eu não te bato por isso - ri pelo nariz e dá um sorriso fraco.
⁃ Tá - respondo baixo. O Mozart era uma autoridade bem respeitada na minha vida. Além de meu irmão mais velho, sempre foi um confidente, um conselheiro, então desiludi-lo desta maneira acabava comigo.

O Chris apaga o beck que estava acabando de fumar e se levanta, vindo na direção da porta.

⁃ Já volto - fala áspero.
⁃ Cuidado com o barulho, estamos a gravar música, não áudio de filme porno - o único que tenta fazer piada é o Knust, porém ninguém reage e o Chris passa por mim com a mesma cara fechada de ainda agora.

Aquilo estava me intrigando e deixando chateada num certo ponto. Porque razão ele estava assim? Será que rolou alguma coisa entre eles? O clima está meio estranho...

Entrei na sala em que ele tinha entrado e vejo-o perto da janela. Fecho a porta sem nem ter noção se deveria ou não. Me aproximo dele e coloco as mãos nos seus ombros - ele estava bem tenso naquele momento. Logo se desvia, me fazendo ficar de costas para a parede.

𝚟𝚘𝚊𝚗𝚍𝚘┊ 𝐜𝐡𝐫𝐢𝐬 𝐦𝐜Onde histórias criam vida. Descubra agora