⁃ princesa escuta, o que se passa? - acaricio o seu rosto. doía ver ela assim. será que eu fiz algo que a deixou desconfortável?
⁃ vamos, eu imploro! - noto que a respiração dela começa a ficar cada vez mais descoordenada.
⁃ nós vamos, só me diga a razão - encaro-a com preocupação no olhar - fiz algo errado princesa?
⁃ não Chris, ele está ali - olho pra trás e estava lá o babaca sentado do lado de uma mina. eu tinha que falar com ele agora mesmo, abusou demais naquela noite. tiro a minha mão dela, pretendendo me dirigir a ele.
⁃ não! - ela fala baixo e me puxa - por favor, fica do meu lado, vamos embora Chris.
Suspirei olhando pra ele. Tinha raiva acumulada no meu corpo. Não aguentava ter que ver ele a ter tanto poder sobre ela, não aguentava imaginar o que ele lhe fez na escola pra ela ficar com tanto medo assim. Procurei o senhor do restaurante e pedi pra ceder a nossa reserva a alguém que estivesse em espera. Justifiquei que algo grave havia acontecido e tínhamos que ir embora. Olhando pra cara da Sú ele acreditou, o que me magoou ainda mais.
Coloquei o meu braço à volta dela, seguindo pra fora. Na viagem pro carro ela estava calada, notei que ela se esforçava por não chorar, só não sabia porquê.
Abri a porta do carro pra ela entrar seguindo depois pro meu lugar. Notei que ela tinha deixado escapar algumas lágrimas que logo se preocupou em exterminar. Virei o meu corpo pra ela e acariciei o seu rosto.
⁃ desculpa - ela fala com voz fraca - desculpa por eu ser assim.
⁃ não fala isso princesa.
Do nada ela vira o seu rosto pra mim, reparei que se esforçava por aguentar o choro.
⁃ acho melhor a gente se afastar, Victor - ela fala deixando umas lágrimas rolar.
O meu coração partiu naquele momento. Todo o meu mundo caiu, eu não sabia que já estava tão apegado assim. Eu não quero que ela vá embora, eu não quero ficar sem ela, não agora.
⁃ não Sú, por favor não fala isso - falo rapidamente limpando as lágrimas dela enquanto um nó se formava na minha garganta.
⁃ você não tem noção, mas desde que a gente se aproximou eu tenho sido tóxica pra você, eu não aguento ser assim, você não merece isso - noto desespero na voz dela.
⁃ isso é menti...
⁃ não, não é! - ela interrompe - eu estraguei a sua noite quando você voltou de BH, eu ligo pra você a meio da noite porque tive um pesadelo, eu estraguei o seu carnaval porque eu me embebedei e quis vir pra casa, eu fiz aquilo com você no carnaval, eu estraguei o nosso jantar. você não está vendo que em pouco tempo eu já estou sendo tóxica demais? Chris eu não posso condicionar as suas vontades em prol das minhas, você não é o meu boneco, você não merece isso! - ela fala, chorando ainda mais quando acaba a última frase. abraço-a com força, as inseguranças dela não a deixavam ver que desde que ela chegou tudo ficou melhor. espero ela se acalmar para finalmente poder dizer algo.
⁃ você não tem nem um pouco de noção, pois não? - encaro-a e ela olha-me preocupada.
⁃ em relação a quê?
⁃ o meu interesse não vem só desde aquele beijo que demos na cozinha do Knust, ele vem lá de trás, ainda você estava comprometida. no início eu pensei até que fosse só interesse na sua cultura, na forma como você desenvolve facilmente uma conversa sobre qualquer tema, na sua simpatia, no seu carisma. eu já te achava forte e nem sabia o tamanho da força que você realmente tinha. só reparei que era um interesse bem maior quando fiquei genuinamente feliz por saber que você vinha na festa do Knust - sorrio ao lembrar - ver você após um mês e três semanas, contados por mim, acalmou tudo cá dentro ao mesmo tempo que me deixou ansioso. você não tem noção, eu sei, mas eu sinto-me um ser melhor do seu lado. eu sempre detestei estar sóbrio, você me conhece, a realidade é estranha pra mim, porém do seu lado, morena, do seu lado eu não consumo tanta droga como quando estamos longe. eu gosto de aproveitar qualquer momento, estar pronto pra proteger você em qualquer situação. se eu tiver que estar sóbrio, eu gostarei de estar. eu gosto de você - nesse momento olho fundo nos seus olhos - você me ajuda a voltar a mim mesmo, a encontrar-me. você tem sido o meu pilar, o meu porto seguro. não vá embora, por favor. não agora que já se tornou indispensável, não agora que já nos apegamos tanto.
⁃ oh Chris - ela sorri embora eu ainda notasse dor dentro dela.
⁃ cada momento do seu lado tem sido valioso igual ouro. agora é a minha vez de implorar e eu imploro que você deixe esse pensamento de lado - suspiro - eu estou sendo egoísta demais, eu sei que não devia pedir isso a você, não tenho esse direito. saiba que você é livre pra ir, se for isso que deseja, vá, mas antes me dê um beijo pra que eu leve sempre comigo o seu gosto. porém, se houver uma pequena chance de você poder ficar, fica morena, fica do meu lado, não vá.
Ela me abraça forte nesse momento, talvez fosse essa a confirmação de que ela ficaria, ou talvez fosse essa a sua maneira de se despedir de mim. Ela se afasta e dá uma pequena risada limpando as lágrimas.
⁃ eu acho piada à nossa teimosia, a gente sabe que provavelmente não vai dar certo, mas a gente insiste, a gente continua.
⁃ só nós temos o poder de determinar se vai dar certo. eu acho que a gente resulta.
⁃ Chris, estamos ambos afundados numa depressão em que as drogas são necessárias pra nos fazer aguentar a porra de um dia. o desfecho da nossa história seria trágico.
⁃ ou não princesa, se nos esforçarmos podemos conseguir superar tudo isso - pego a mão dela - eu estou disposto a tentar - beijo a mão dela de seguida.
⁃ eu estou disposta a qualquer coisa por você.
Finalmente ela estava mais calma. Finalmente não sentia agonia nela, senti que a dor amenizou, senti melhorias em si e, consequentemente, em mim.
⁃ onde quer ir agora? - pergunto ligando o carro.
⁃ pra casa, já arruinei a sua noite mesmo - ela olha pros dedos.
⁃ não morena, vamos ter o nosso jantar. não importa onde seja, mas vamos! - começo a dirigir.
⁃ vamos no McDonald's então - ela me olha.
⁃ como a Senhorita quiser.Tentei distrair a mente dela. Acabámos falando do seu curso, de como foi a sua vida em Portugal, descobri que ela veio pro Brasil só com 14 anos, falámos dessa mudança. Falei um pouco da minha vida, embora estivesse mais empenhado em saber mais sobre a dela, que é cheia de mistérios.
Suz's POV.
Estávamos no carro já com o nosso pedido, Chris achou melhor termos essa privacidade, essa calma. Eu não poderia estar mais de acordo.
Quando terminei de comer estava totalmente saciada. Puxei a barriga um pouco pra fora, fazendo barriga de grávida e passando a mão.
⁃ você gostava de ser mãe? - Chris fala sereno me encarando.
⁃ é um dos meus maiores sonhos desde a minha infância - olho pra ele - gostava de um dia ter essa benção na minha vida, quando tudo estiver organizado pra receber uma criança - sorrio e continuo passando a mão - e você, gostava de ser pai?
⁃ o meu sonho é ser pai - ele sorri olhando pra minha barriga - e ser presente na vida do meu neném sabe, ser o pai que eu nunca tive - faço carícia no queixo dele.
⁃ você vai ser um ótimo pai. o seu neném vai ter sorte em ter nascido seu filho, e a sua mulher vai ter sorte por ter escolhido o melhor pai pro filho dela - encosto a cabeça ao banco, sorrindo pra ele, que retribui um sorriso belo.
⁃ você vai ser uma mãe ótima, estou certo, o seu filho vai ter orgulho de ser seu - me emocionei com as palavras dele - e eu gostava de ter a sorte de você ser a minha mulher.
As borboletas no meu estômago acordaram, aquelas palavras tinham mexido comigo. Eu queria ter a sorte de ser a mulher dele.
Pego a mão dele e dirijo a minha barriga, e ele faz carinho sorrindo com ternura, como se ali estivesse mesmo o nosso filho.
⁃ me faça ser sua, está quase lá.
Ele se aproxima e me beija. Um beijo calmo, cheio de sentimento, era isso que o momento nos pedia. As nossas línguas já tinham decorado até o caminho a percorrer e o tempo exato para o fazer, e elas amavam-se. Terminamos o beijo com ele a morder o meu lábio inferior enquanto nos afastávamos, depositando um selinho nos meus lábios de seguida.
⁃ eu acho que as nossas línguas se namoram já - falo dando uma leve risada.
⁃ acho que os nossos corpos estão em perfeita sintonia, tanto a língua, como o cérebro, como o coração, como nós. - nos encaramos durante uns segundos, sorrindo com ternura.
⁃ ainda agora falámos de Portugal, deixa eu mostrar essa música pra você - pesquisei "Amar pelos Dois" de Salvador Sobral - essa música fez-nos vencer a Eurovisão - falo a sorrir.
⁃ mas você tem que a cantar - ele fala e eu o olho chocada.
⁃ não Victor, você fugia - dou risada.
⁃ por favor, canta morena - ele continua com um sorriso bobo nos lábios. pondero e cedo, a música era exatamente o que eu sentia.
Deixo o instrumental tocar e me preparo pra começar. Comecei calmamente sem olhar pra ele."Se um dia alguém, perguntar por mim,
diz que vivi para te amar.
Antes de ti, só existi
cansada e sem nada para dar."Fecho os olhos sentindo a música e elevando o tom levemente como a música assim me pedia.
"Meu bem, ouve as minhas preces,
peço que regresses, que me voltes a querer.
Eu sei, que não se ama sozinho,
talvez devagarinho, possas voltar a aprender."Olho pra ele pra cantar a última parte, ele me encara com o sorriso mais tenro no rosto e com uma linha de água nos olhos. Ali eu soube que era amor.
"Se o teu coração não quiser ceder,
não sentir paixão, não quiser sofrer.
Sem fazer planos do que virá depois
o meu coração, pode amar pelos dois."
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𝚟𝚘𝚊𝚗𝚍𝚘┊ 𝐜𝐡𝐫𝐢𝐬 𝐦𝐜
Fanfiction❝ 𝘘𝘶𝘦𝘳𝘰 𝘢𝘮𝘢𝘳 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘱𝘦𝘳𝘤𝘦𝘣𝘦𝘳 𝘰 𝘣𝘳𝘪𝘭𝘩𝘰 𝘥𝘰𝘴 𝘥𝘪𝘢𝘴 𝘤𝘪𝘯𝘻𝘦𝘯𝘵𝘰𝘴, 𝘲𝘶𝘦 𝘮𝘢𝘶𝘴 𝘥𝘪𝘢𝘴 𝘯𝘢̃𝘰 𝘦𝘹𝘪𝘴𝘵𝘦𝘮, 𝘦𝘹𝘪𝘴𝘵𝘦𝘮 𝘴𝘰́ 𝘮𝘢𝘶𝘴 𝘮𝘰𝘮𝘦𝘯𝘵𝘰𝘴. 𝘖 𝘮𝘶𝘯𝘥𝘰 𝘢 𝘥𝘦𝘴𝘮𝘰𝘳𝘰𝘯𝘢𝘳, 𝘰 𝘤𝘩𝘢̃𝘰...