Precisava de te ver.

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••• Suz's POV •••

Concordo com a Letícia de, enquanto ela trata de grelhar a carne, eu tratar do arroz e da salada, então ela se dirige para o quintal e eu fico na cozinha preparando o que faltava.
Estava já a colocar os pratos na mesa quando a campainha soou. Fui abrir a pensar ser a Letícia entrando pela porta principal por algum motivo, mas então senti o meu coração errar todas as batidas. Não sabia se fechava a porta, se saía dali, se ignorava...

⁃ O que você está fazendo aqui?
⁃ Eu precisava ver você, filha! - minha mãe entra e me abraça.

Não sou capaz de retribuir o seu abraço, então acabo chorando. Era daquele abraço que eu precisava naquele dia e ela não foi capaz de mo dar.

⁃ Você está bem? Eu estava morrendo de saudade, filha! - ela me encara e vejo as lágrimas no seu rosto. Os seus dedos passam pelo meu, limpando as lágrimas que haviam caído.
⁃ Já viu que eu estou bem.
⁃ A gente precisa conversar...
⁃ Desculpa, mas eu não estou disposta.

A Letícia entra, pousando a comida na mesa onde iríamos almoçar e de seguida vem na nossa direção.

⁃ Suzy, vocês precisam conversar.
⁃ Sério que você fez isso nas minhas costas, Letícia? - a encaro chateada - Mãe, eu não consigo falar com vocês, agora se me permite...
⁃ Suzanna, deixa que eu ao menos possa te falar o que aconteceu, porque a gente reagiu daquela maneira, a razão...
⁃ Vocês reagiram assim porque, além de receberem alguém que já sabiam que me odeia, invadiram a minha privacidade e depois nem me deixaram provar a minha inocência! Tá aí, eu conheço a razão.
⁃ Não foi isso, Suzy, me deixa te falar tudo...
⁃ Vão para a sala, ou para o quarto, tenham a vossa privacidade, conversem, vocês precisam disso - a Letícia passa a mão no meu braço.
⁃ Não, eu quero que você esteja presente - falo para ela.

Vamos para a sala e sentamos no sofá, eu fico encarando o nada só para não ter que olhar para a minha mãe.

⁃ Posso começar? - encolho os ombros - Suzanna, eu preciso da tua colaboração. Se for para você não me escutar, eu vou falar porquê?

Naquele momento tive vontade de ser extremamente desagradável com ela, porém me contive e a encarei.

⁃ Na sexta, eu cheguei do serviço e o Arthur estava lá. Eu não o conhecia, filha, mas ele começou a falar sobre ti e eu precisava ouvir. O seu pai não queria, ele estava nervoso só por o ter na frente dele, de verdade, eu estava contando os minutos até que ele cometesse uma loucura... - rio ironicamente e ela suspira - Desculpa, mas eu não fui capaz de ignorar quando ele mostrou aquela foto lá. Depois eu cheguei à conclusão que não podia ser atual, dava para ver o seu braço e não tinha a tatuagem... - reviro os olhos antes de os semicerrar - Ao ver isso eu precisava ouvir o que ele tinha para dizer...
⁃ Lindo, né? Maravilhoso. Receber um estranho em casa, alguém que destruiu a vida da tua filha, porque ele mostrou um nude de alguém e falou que era meu. Sério, sem palavras, Isa, incrível! - bato palmas ironicamente.
⁃ Suzanna, tenta ver o lado dela - Letícia tenta me acalmar e de novo eu a encaro extremamente chateada.
⁃ Não vem, além disso, que pecado, uma nude. Uma foto de alguém mostrando a pele foi motivo para eu ser crucificada pelos meus pais!
⁃ Não é "de alguém mostrando a pele", Suzanna! A gente pensava que era você mostrando o seu corpo para alguém desconhecido!
⁃ Não deixa de mostrar só a pele. Dava para ver os peitos, a bunda? Não passa disso, mãe! - ela tenta falar, mas eu acabo interrompendo, prosseguindo - Não era eu, já nem quero saber no que vocês acreditam, mas não era eu! E para que não restem dúvidas, já que até as minhas conversas vocês foram ler, nem para o meu namorado eu já mandei, e ele é a pessoa que nesse momento eu mais confio!
⁃ Você está namorado? - o olhar dela brilha e então ela sorri.
⁃ É, tô, com aquele moço que o meu pai expulsou da sua casa, desculpa aí, sei que é foda eu namorar com um traficante...
⁃ Para, Suzy, eu nunca chamei o que quer que fosse ao Chris! - ela adverte.
⁃ Para você, mãe! Eu lembro muito bem que você o acusou de tráfico! - a encaro irritada - Eu lembro cada palavra dita por vocês e é por isso que eu não queria conversar contigo, porque elas ainda estão aqui entaladas - passo a mão na garganta.
⁃ Eu falei isso uma vez e me arrependi, porque ele sempre se mostrou um moço tão bom, com valores enormes... Mas naquele momento eu... Eu sei lá filha, eu estava cega.
⁃ E porque razão o acusaram de tráfico? - o meu celular toca e a minha mãe me olha, talvez esperando eu ir atender e eu encolho os ombros, visto que o celular estava na cozinha.
⁃ Porque o Arthur disse que te tinha visto na tarde anterior entregando umas sacolas com o Chris... - rio ironicamente.
⁃ Ele realmente sabe que eu estive com o Chris, estivemos no mesmo bar. E sabe porque ele inventou tudo isso? Porque não me aguenta ver bem e feliz. Eu preferia uma vida de traficante do lado do meu namorado, do que qualquer outra vida do lado do meu ex!
⁃ Não fala isso, Suzanna, a palavra tem muito poder!
⁃ Foi você que sentiu na pele tudo o que o Arthur me fez? É você que ainda hoje se culpa por ter sido tão cega ao ponto de ainda achar que ele fazia isso por amor? O seu ódio cai sobre você?
⁃ Mas eu sofri ao te ver sofrer, você é minha filha!
Quem me dera esquecer o sofrimento tão rápido quanto você esqueceu.

𝚟𝚘𝚊𝚗𝚍𝚘┊ 𝐜𝐡𝐫𝐢𝐬 𝐦𝐜Onde histórias criam vida. Descubra agora