Mea culpa.

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O que é isso nos seus olhos?
Um pouco de máscara... - sinto a necessidade de me justificar, sentindo logo um enorme sentimento de culpa - Hoje estava me sentindo horrível e pensei que fosse melhorar um pouco... - ele aproxima-se e passa a mão no meu rosto.
A maquiagem não faz qualquer milagre, Suzanna - o seu olhar mostra-me compaixão - Vai tirar isso!
Mas eu gost...
Vai tirar! - ele elevou um pouco a voz - Deus quer as pessoas simples, a maquiagem é uma mentira!

Me dirigi ao banheiro dele e comecei a tirar a máscara que tinha. Ele estava certo, não era a maquiagem que ia fazer qualquer milagre, eu devia me manter o mais simples possível...
Limpei a cara e voltei pro seu quarto.

Deita aqui. - ele fala apontando pro seu lado na cama.
Mas não íamos sair?
Mudei de ideias. Olha como você está vestida amor, eu não quero ter que competir com outros por você - se levanta e vem na minha direção - Eu prefiro aproveitar que não tá ninguém em casa hoje - fica atrás de mim e começa a me tirar a minha blusa. Não sei porque eu ainda tentava impedir, sendo que a força dele era sempre superior à minha.
O Vinicius não está te esperando?
Eu tô me fodendo pro Vinicius - termina de tirar a minha blusa com um pouco de violência e joga-a pra longe. Me viro pra ele na esperança de o fazer mudar de ideias.
Vamos só passear um pouco, eu estive estudando muito nos últimos dias e... - tento impedir os braços dele que estava indo em direção às minhas costas pra desapertar o meu sutiã - Depois a gente pode voltar... - ele me olha de um jeito brabo.
Eu sou seu namorado e eu preciso de você - fala firmemente - E você, como é uma boa namorada, vai fazer o que o seu namorado quer, certo? - me pega no colo e se dirige à cama, onde me deita e cobre o meu corpo com o seu.

Eu sentia nojo de qualquer pedaço de pele minha que tocava na dele. Eu queria sair, estar com mais pessoas, embora os amigos do Arthur fossem uns cuzões, ao menos ele fingia me respeitar minimamente do lado deles.
Meu celular toca e eu, num impulso de força, o afasto e me levanto, tentando chegar ao meu celular. Consigo ver que é o Mozart antes de ser impedida de atender.
Arthur puxa o meu braço com força e me faz encará-lo.

Esse telefonema tem tempo.
Mas pode ser...
Já falei! - fala enquanto empurra o meu corpo contra a sua cama de novo, agora com mais agressividade, tirando o que resta da minha roupa de seguida.
Como eu queria que o Mozart entrasse aquela porta naquele momento...

Abri os olhos calmamente, sem entender se eu estava sonhando ou simplesmente relembrando o meu passado. Seja qual for, agora doía.

Me revirei algumas vezes na cama na tentativa de conseguir afastar qualquer pensamento que me remetesse ao meu passado. Uma vez que me vi incapacitada de o fazer, levantei-me, abrindo a janela e acendendo um cigarro de seguida.
A noite estava calma, embora um pouco de vento se fizesse sentir. Algumas lágrimas ainda manchavam o meu rosto, fazendo-me então sentir-me fraca. Porque razão eu não sou capaz de deixar que o meu passado interfira tanto no meu presente? Porque razão eu me permito sofrer tanto? Porque razão eu tenho que ser assim, tão fraca?

Abri o instagram na esperança de que isso, ao menos, me fosse ajudar a abstrair a minha mente.
A primeira foto que apareceu foi do Santi. Ele estava tão tranquilo, um sorriso tão belo, tinha sido apanhado despercebido, como sempre. O Santi nunca teve paciência pra tirar fotos, embora a beleza dele fosse algo deveras apreciável! Eu gostava que ele se amasse um pouco mais, alguém com uma beleza tão grande deveria ser dotado do maior amor próprio que existe!
Deixei o meu like e continuei procurando algo com que me distrair por aquela rede social. Estava tudo muito parado, talvez isso se devesse ao facto de serem 5:38 da madrugada.
Sorrio quando a primeira pessoa dá sinal de vida.

𝚟𝚘𝚊𝚗𝚍𝚘┊ 𝐜𝐡𝐫𝐢𝐬 𝐦𝐜Onde histórias criam vida. Descubra agora