Declínio

Introdução

A calmaria antes da tempestade...

Porra, cara. Eu tenho que admitir que gostei dessa expressão. Acho que a vi num livro, mas algo me diz que é o tipo de coisa que a gente escuta com frequência, como sendo uma frase de efeito.

Me traz uma certa tranquilidade introduzir minha história com esse tipo de frase.

Porque dá um certo charme e se encaixa de uma maneira tão perfeita que, toda vez que penso na loucura que é a minha vida, é a primeira coisa que me vem a cabeça... a partir de agora, é claro.

[...]

Por algum tempo — mas um tempo bem curto mesmo — eu fiquei me perguntando se era exatamente a partir desse ponto que eu deveria começar a contar...

Tava tudo perfeito.

Como nada tinha sido na minha vida até aquele momento.

Eu tinha passado por muita merda e feito muita merda — principalmente — até chegar aonde eu cheguei. Então, por que não começar a contar desde o início? As pessoas gostam de uma história de superação e eu... e por muito tempo, eu quis acreditar que era uma história de superação que eu tinha.

Mas não era.

Nunca foi.

E foi quando eu tive essa luz na minha cabeça, que eu soube que era a partir dali que eu devia começar a contar.

Eu não tenho mais tempo a perder me iludindo ou pensando que as coisas são mais tranquilas do que são na realidade.

Como qualquer pessoa que é ou já foi viciada pode contar a você, a recaída é sempre pior que o ponta pé inicial no vício.

E tal como a fita da calmaria antes da tempestade que eu tinha falado, esse exemplo do vício funcionava perfeitamente bem. Não totalmente um exemplo porque...

Foda-se, mano. Eu era viciado. Eu sou ainda, talvez.

E minha vida tinha ascendido mais alto do que eu jamais sonhei e eu... me viciei naquilo também. E quando tudo começou a desmoronar, aquela abstinência quebrou em cima de mim feito uma onda e me despedaçou.

Eu tinha fodido a vida de tanta gente.

Eu só queria que ele me perdoasse...

Queria porque eu tava sendo um egoísta filho-da-puta porque nem eu mesmo consigo me perdoar pelo o que eu fiz.

Na moral, cara. Eu preciso de um tempo.

Eu me sinto estranho demais chorando.

Eu só preciso de um tempo.

Eu acho que não consigo mais falar sobre isso.

Não agora.

Não agora.

Estreia em 20/12.

Até lá cambada.