Capítulo Quinze

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— Calma aí, grandão! — acho que era o Robson tentando me puxar de cima dele.

Acabou conseguindo.

Foi tempo do verme conseguir sumir sem que eu visse por onde.

Robson tava apavorado.

— Caralho, alemão! Tá com a peça na mão por que? Qual foi a fita com esse cara? Que porra aconteceu?!

Empurrei ele com tudo.

— Me chamou de alemão por que, seu filho-da-puta?! — e fui pra cima dele. Que se foda.

— Calma, mano. Por que você tá assim? — ele não contra-atacou, apenas tentou me conter. Eu parei. — Eu... só te chamei assim porque te chamava antes, às vezes. Um monte de gente te chamava assim...

— Tá bom, caralho. Esquece essa porra.

— Meu... você tá mó vermelho. Respira um pouco — e colocou a mão no meu peito. — Quer que eu pegue lá dentro uma garrafa de água pra você?

— Não precisa.

— Como não precisa? — algo chamou a atenção dele, então, ele começou a olhar para os lados, preocupado.

— Que foi?

— Guarda a peça aí, porra. Se aparece algum segurança...

Enfiei a ponto na calça a contra gosto. Mano, mas por que eu achei que seria uma boa ideia entrar no bagulho armado?

— Quem era aquele maluco? — quis saber Robson.

— Sei lá! Apareceu do nada essa porra, querendo me roubar. Do tamanho de um mosquito, o arrombado.

— Grandão... vou pegar a garrafa de água lá dentro pra você, na moral. Você tá aceleradão.

Estalei a língua.

— Quer voltar lá pra dentro? Volta, caralho! Oxi. Tô de boa aqui, meu. Vai curtir seu bagulho.

— Que porra é essa na sua língua? — ele reparou.

Não respondi.

— É "L"?

— É, caralho. Por que? Quer também?

— Porra, grandão! Nós tava na maior noia de pó, deu um teco no baseado também, bebemos pra caralho e agora tu me dá uma dessa? Tá querendo meter uma overdose agora, loucão?

— Qual foi a fita? Vai querer bancar meu pai agora?

— Tô preocupado com você, mano.

Aquilo estourou meus limites, que já eram poucos.

Me afastei dele com tudo e peguei minha carteira no bolso.

— O que foi? — assustado, ele deu um passo pra trás.

— Vai se foder, caralho! — exclamei, tirando todas as notas que eu tinha ali dentro; devia ter um barão, no máximo, juntei num bolo e taquei com tudo na cara dele. — É com essa porra aí que você tá preocupado!

Ele não deu um só sinal de que iria reagir.

— Tenha a dignidade de pedir de uma vez, já que é o que você quer de mim desde que apareceu de volta. É só pra isso que você vem atrás de mim.

Ele ficou ali me olhando, tinha um ar cansado em seu rosto, mas não me deixei enganar. Eu conhecia o cuzão bem demais pra isso.

Se passou pelo menos um minuto até que ele simplesmente se abaixou e começou a pegar as notas de cem, cinquenta e vinte que estavam misturadas uma a uma. Calado, se levantou com elas e bruscamente as enfiou no meu bolso. Tentei me afastar, mas ele foi mais rápido e conseguiu guardar todas ali.

DeclínioOnde histórias criam vida. Descubra agora