— Calma aí, grandão! — acho que era o Robson tentando me puxar de cima dele.
Acabou conseguindo.
Foi tempo do verme conseguir sumir sem que eu visse por onde.
Robson tava apavorado.
— Caralho, alemão! Tá com a peça na mão por que? Qual foi a fita com esse cara? Que porra aconteceu?!
Empurrei ele com tudo.
— Me chamou de alemão por que, seu filho-da-puta?! — e fui pra cima dele. Que se foda.
— Calma, mano. Por que você tá assim? — ele não contra-atacou, apenas tentou me conter. Eu parei. — Eu... só te chamei assim porque te chamava antes, às vezes. Um monte de gente te chamava assim...
— Tá bom, caralho. Esquece essa porra.
— Meu... você tá mó vermelho. Respira um pouco — e colocou a mão no meu peito. — Quer que eu pegue lá dentro uma garrafa de água pra você?
— Não precisa.
— Como não precisa? — algo chamou a atenção dele, então, ele começou a olhar para os lados, preocupado.
— Que foi?
— Guarda a peça aí, porra. Se aparece algum segurança...
Enfiei a ponto na calça a contra gosto. Mano, mas por que eu achei que seria uma boa ideia entrar no bagulho armado?
— Quem era aquele maluco? — quis saber Robson.
— Sei lá! Apareceu do nada essa porra, querendo me roubar. Do tamanho de um mosquito, o arrombado.
— Grandão... vou pegar a garrafa de água lá dentro pra você, na moral. Você tá aceleradão.
Estalei a língua.
— Quer voltar lá pra dentro? Volta, caralho! Oxi. Tô de boa aqui, meu. Vai curtir seu bagulho.
— Que porra é essa na sua língua? — ele reparou.
Não respondi.
— É "L"?
— É, caralho. Por que? Quer também?
— Porra, grandão! Nós tava na maior noia de pó, deu um teco no baseado também, bebemos pra caralho e agora tu me dá uma dessa? Tá querendo meter uma overdose agora, loucão?
— Qual foi a fita? Vai querer bancar meu pai agora?
— Tô preocupado com você, mano.
Aquilo estourou meus limites, que já eram poucos.
Me afastei dele com tudo e peguei minha carteira no bolso.
— O que foi? — assustado, ele deu um passo pra trás.
— Vai se foder, caralho! — exclamei, tirando todas as notas que eu tinha ali dentro; devia ter um barão, no máximo, juntei num bolo e taquei com tudo na cara dele. — É com essa porra aí que você tá preocupado!
Ele não deu um só sinal de que iria reagir.
— Tenha a dignidade de pedir de uma vez, já que é o que você quer de mim desde que apareceu de volta. É só pra isso que você vem atrás de mim.
Ele ficou ali me olhando, tinha um ar cansado em seu rosto, mas não me deixei enganar. Eu conhecia o cuzão bem demais pra isso.
Se passou pelo menos um minuto até que ele simplesmente se abaixou e começou a pegar as notas de cem, cinquenta e vinte que estavam misturadas uma a uma. Calado, se levantou com elas e bruscamente as enfiou no meu bolso. Tentei me afastar, mas ele foi mais rápido e conseguiu guardar todas ali.
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Declínio
Mystery / Thriller"Eu queria devorar esse moleque. Me sentia plenamente capaz de passar a noite inteira traçando ele, até meu pau esfolar. Meu peito tava agoniado. Em parte, eu queria respeitar ele, cuidar do moleque porque ele merecia demais essa atenção. E, em par...