Você me traz algo que eu não consigo definir
Disclosure – Help Me Lose My Mind
Tive que apertar o passo pra atravessar a rua, porque o fluxo de carros tava meio alto.
Mesmo nesse curto tempo, o filho-da-puta que eu não fazia ideia de quem era continuou lá, falando alguma coisa pro moleque, rindo feito um cuzão do caralho; queria ver se eu afundasse a cara daquele comédia no chão, ele continuaria rindo como tava.
— Dá licença aqui, maluco, fazendo o favor — falei pra ele, o afastando... com alguma sutileza, pro lado. Em minha defesa que costumava chegar já batendo nesse tipo de situação, eu apenas o segurei pelo braço e o forcei pro lado e ele, acho que no automático, acatou.
— Oi, Alexandre — a prima mais nova dele que tava sentada do outro lado da mesa sorriu pra mim, tímida, o que fez com que o próprio Gabriel que tava sentado de costas pra mim se virasse pra me encarar.
— Por que você não avisou que vinha pra cá? — perguntei pra ele. — Não tava respondendo minhas mensagens, nem minhas ligações...
— Mas eu respondi — ele falou. — Inclusive, até falei que tava na minha tia na última que eu te mandei. Você não viu? Pra mim, aparece que você visualizou.
— Você só avisou quando já tava aqui.
O cara que tinha passado a mão nas costas dele olhava pra nós, confuso. Na verdade, parecia que o bar todo tinha parado pra acompanhar a cena; pau no cu de todo mundo.
Gabriel olhou para as duas primas muito rapidamente e depois pra mim.
— Você... você parou o carro aqui? — ele perguntou bem baixinho.
— Ali atrás.
Comprimindo os lábios com força, ele apenas assentiu, se levantou e foi em direção a saída do bar. Antes de ir atrás dele, eu demorei um pouco pra ganhar a cara do maluco, porque eu não ia esquecer. O filho-da-puta tinha cara de ter seus vinte e oito, devia ter mais de um e oitenta, era magro, a pele clara, não tanto quanto a minha, tinha aquele toque ligeiramente bronzeado e usava cavanhaque, que ao contrário do que o formato causava em outros caras, o fazia parecer ainda mais novo.
Assim que chegou no carro, o moleque se encostou no porta-malas e cruzou os braços, olhando de um lado para o outro, como se quisesse desaparecer.
— Quem era esse filho-da-puta do caralho que tava passando a mão em você? — foi a primeira coisa que perguntei assim que o alcancei.
— É o Emerson, ele é amigo do Rafael.
— E quem caralho é Rafael?
— Tá falando assim comigo nesse tom por que? — ele se projetou pra mais perto.
— Desculpa — colocando as mãos na cintura, me afastei um pouco, pra dar um espaço pra ele e ver também se eu conseguia me acalmar. — Eu só... eu não gostei desse cuzão do caralho.
— E desde quando você gosta de alguém?
— Também não é assim, moleque. Gostei pra caramba da sua família e...
— Das minhas primas e da minha tia, você quer dizer. Toda a vez que eu converso com algum cara, você faz essa palhaçada.
— Não é verdade. Eu me dei bem com o seu primo e o marido da sua tia também.
— Mas eles são parentes, é diferente.
— Tá bom, tá bom — levantei as mãos pro alto com tudo. — Mas tinha necessidade desse arrombado do caralho ficar passando a mão em você? O cuzão não consegue conversar só com a boca nessa porra?
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Declínio
Mystery / Thriller"Eu queria devorar esse moleque. Me sentia plenamente capaz de passar a noite inteira traçando ele, até meu pau esfolar. Meu peito tava agoniado. Em parte, eu queria respeitar ele, cuidar do moleque porque ele merecia demais essa atenção. E, em par...