Havia harmonia no comportamento das pessoas
E nós nos divertíamos
Não desperdice esse momento
Time – SG Lewis
— Não sei, meu bom — fiz bico, decidido a não me deixar cair na provocação dele. — Se for pra falar de trepada que dá trabalho, a gente tem que ir perguntar pra tua mulher, que ela sim tem propriedade pra falar do assunto, depois de tanta galha. Já comigo, eu tenho a cabeça no lugar sobre o assunto, justamente pra não ter esse tipo de problema.
Ele ficou assentindo, meio que sem saber o que me dizer.
Eu não ia dar palco pra cuzão.
— E aí, Tatu, lembra do que eu te falei, fazendo o favor — dei um tapa de leve no braço dele e lancei um olhar pro moleque, pra que ele se tocasse que tinha dado a nossa hora. — Que eu tô indo lá, beleza?
— Pode deixar, Alemão.
Eu nem tinha chegado perto da entrada, o filho-da-puta meio que se botou no meio do meu caminho, falando:
— Peraí, Alemão. Peraí. Eu tenho um negócio aqui pra você — e foi quando eu notei que ele trazia uma sacola de papel consigo, daquelas de lojas de roupas.
— É, eu sei que tem — forcei um sorriso pra não forçar a cara do verme contra o chão com o meu pé. — Pega e enfia no cu.
A expressão dele desanuviou e ele meio que recuou.
— Pra quê essa revolta toda, irmão? — quem não conhecesse o arrombado, até poderia dizer que ele realmente tinha se ofendido com aquilo. — Eu não vim aqui pra perreco não, meu. Tô trazendo pra você um bagulho que o Café me pediu pra te entregar, por causa daquele rolo todo com o teu funcionário... e tô fazendo isso aqui por ele, que eu gosto do Miranda, não é nem por você não e vem nessa ignorância pra cima de mim? Mas se você não se importa de pegar dinheiro todo sujo de bosta, eu enfio no cu sim, quer?
E tirou da sacola um pacote meio grande, todo envelopado.
Senti aquela pressão no peito de saber que o moleque tava logo atrás de mim, ouvindo tudo. E não... o satanás ainda queria me convencer de que não tinha vindo atrás de mim por causa de perreco.
— Então vamo' aqui fora pra você me explicar essa merda direito — falei, já passando por ele e indo até o estabelecimento fechado que era colado no Tigela. Ele me seguiu, com o Tatu logo atrás, a cara tensa, já esperando que o verme e eu fôssemos nos atracar, o que eu não achava nada improvável de acontecer.
— Aqui fora por que? — o cuzão perguntou, um sorrisinho de deboche na cara. — Não queria que o... o moleque lá soubesse que tava pegando dinheiro comigo?
— Não tava falando aí que não tinha vindo atrás de perreco? Então, deixa o moleque na dele que ele não tem porra nenhuma a ver com isso.
Ele deu de ombros, fazendo pouco caso.
— Mas é ingrato pra caralho, não muda nunca — continuou a me provocar. — Você devia era agradecer que eu tô te trazendo o dinheiro aí, rapá. E ainda me preocupando de entregar a porra na sua mão, que o Café nem pediu pra mim te entregar diretamente, mas você me conhece, sabe que eu não sou de testar a confiança de ninguém e quis fazer o bagulho certo, te entregando aí, nota por nota. Ainda tomei o tiro aqui — e destacou o braço pra mim; o curativo ainda tava lá —, pra proteger o teu caminhão, o teu funcionário e a tua carga e ainda venho aqui te entregar o dinheiro pra pagar esses prejuízos que você teve e é esse o agradecimento que eu recebo?
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Declínio
Misterio / Suspenso"Eu queria devorar esse moleque. Me sentia plenamente capaz de passar a noite inteira traçando ele, até meu pau esfolar. Meu peito tava agoniado. Em parte, eu queria respeitar ele, cuidar do moleque porque ele merecia demais essa atenção. E, em par...