Prólogo

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Geralmente quando os problemas aparecem
A gente está desprevenido né, não?
Errado
É você que perdeu o controle da situação

Racionais MC's – A Vida é Desafio


Ela parece confiar no Robson demais pro meu gosto, pensei comigo. Aquilo me deixou incomodado. Aquilo e o ferro por dentro da calça. Tava com uma vontade da porra de baixar os olhos e me certificar se a arma estava marcando por sobre a coxa. A calça jeans escura que eu usava era bastante larga, mas minhas coxas eram grossas demais...

— E o velho? — quis saber Robson.

— Me ligou agora pouco dizendo que já tá chegando. — Fazendo uma cara de cansada, ela concluiu: — se duvidar, já deve tá subindo.

Eu não tinha reparado muito nela quando Robson me mostrou sua foto, mas agora que a via pessoalmente, não tinha como negar que ela era bonita. Ela devia ter um pouco menos de um e setenta. O cabelo era meio ondulado e loiro — de tintura — e, acho que era por causa da luz do quarto, mas não tive como afirmar se seus olhos eram verdes ou acastanhados. Mas claro que, sem dúvidas, o que devia ter chamado a atenção do velho eram os peitos dela e a bunda que, mesmo por baixo da calça jeans, dava pra ver como era bem redondinha. Com uma cintura daquelas, ela com certeza era aquele tipo de mulher que ficava com a bunda perfeita quando ficava de quatro. Me peguei olhando o Robson e pensando em como deve ter sido difícil ter comido ela esses dias.

Se eu soubesse antes, tinha eu chegado nela, pensei amargamente.

— Nossa, mas você é alto... — ela comentou, um pouco acanhada, me trazendo de volta à realidade. — E vai ficar com essa touca aí? Queria ver sua cara. Você viu a minha...

— Que porra é essa? — grunhiu Robson antes que eu respondesse. — Vai dar em cima do cara na minha frente?

Confesso que fiquei tentado a tirar a touca só pra dar esse prazer a ela.

— Calma. Eu não tô dando em cima de ninguém.

— Porra, assim você até me faz querer desistir — Robson abriu os braços, enquanto balançava a cabeça. Por um momento, até cheguei a acreditar que ele estava com ciúmes dela mesmo. Porra e se ele fraquejar na hora por causa disso?

— Desculpa, amor... — ela se levantou, o abraçando.

— Olha lá, hein. Não brinca comigo assim... — disse Robson, amuado. Até que o filho-da-puta conseguia passar a imagem de bom sujeito. Pobre dela que não sabia que, caso ele realmente estivesse interessado nela, o Robson de verdade não teria pensado duas vezes em sentar a mão na cara da mulher que desse em cima de outro na sua frente.

Me empurrando de leve em direção ao banheiro do quarto, ele disse:

— Melhor a gente ir logo antes que esse velho brocha do caralho apareça aí.

O banheiro era pequeno, mas seguia em paralelo com o quarto, o que nos permitiu se esconder dentro do box sem quem estivesse na cama ou em qualquer outra parte do quarto pudesse nos ver.

Lá dentro, sussurrei pro Robson:

— E se ele quiser usar o banheiro quando chegar?

— Esquenta não, que eu e ela já acertou que tem que finalizar logo se alguma coisa assim acontecer.

— E dá pra confiar nessa porra?

Ele apenas deu de ombros.

Filho-da-puta...

DeclínioOnde histórias criam vida. Descubra agora