8. Carlos Eduardo - Bruna Drummond arrepiou os meus cabelos

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Bruna Drummond arrepiou os meus cabelos. Ela me deixou de joelhos. Superou toda e qualquer expectativa que eu tivesse com relação a ela. Não sei como seremos nós dois naquele palco, mas começo a pensar que talvez consigamos vencer esta competição. Ela é um furacão.

Chego à academia e logo de cara vejo que Bruna está tendo aulas com o Serginho. Pergunto se tem alguma coisa errada e a atendente me explica que ela decidiu por si mesma ter mais aulas. Aulas normais de Dança de Salão. Eu me senti traído. Como se ela não acreditasse na minha competência. Entretanto, assim que entrou na minha sala na hora do nosso ensaio, veio logo me dizendo:

─ Carlos Eduardo, eu peço desculpas por ontem. Nem te deixei falar. Fui uma péssima aluna e garanto que não costumo ser assim. – Por essa eu não esperava mesmo. Não sei se era verdade o que dizia, ela é uma atriz muito convincente. Mas seus olhos tinham tanta sinceridade que não aguentei sustentar o olhar.

─ Tudo bem, Bruna. Eu sei que foi difícil.

─ Não. – Ela segurou meu rosto. – Presta atenção, garoto. Eu quero me desculpar porque sei que não agi da melhor forma possível com você ontem. – Ela sabe ser convincente. – Mais do que visibilidade, já entendi que você está aqui para ajudar seus amigos desta academia. Sei que você nem precisa de fama, nem de dinheiro. Do jeito que vi você dançando, consigo compreender completamente o motivo de terem te escolhido para essa tarefa. Você é muito talentoso.

─ Obrigado. – Eu não esperava por essa também. Fiquei olhando para os meus pés.

─ No entanto, - ela continuou sem ligar a mínima para a minha timidez – eu não estou no seu mesmo barco. Preciso ganhar esta competição. Minha carreira depende disso. E eu não brinco com minha carreira. – Ela falava muito sério. Bruna me pareceu ter uma força incrível. – Então, olha para mim, Carlos Eduardo. – Não ousei desobedecer. – Estou dizendo que a partir de hoje meu compromisso é total. Vou tentar confiar em você o máximo que conseguir e farei tudo que me for mandado fazer. – Nossa! Para alguém que eu nem imaginava que saberia meu nome, foi uma mudança bastante significativa de atitude.

─ Calma, Bruna. – Consegui responder. – Confiança a gente vai adquirindo com o tempo. – Ela ouvia com atenção. Entendi o que Eleonora havia dito, Bruna é tão determinada quanto eu. – Eu acho que também errei com você. – Tive de admitir. – Como você sabe, não sou professor. Faço coreografias. Participo de competições. Mas nunca trabalhei com alguém iniciante. – Tentei não carregar a palavra iniciante com tons pejorativos, acredito que fracassei nesse intento, pois ela fez uma cara de decepcionada. – Eu deveria ter ido mais devagar. Acho que me empolguei. Também peço desculpas.

─ Sem problema. – Continuava atenta. Os olhos grudados em mim.

─ Além disso, nós precisamos entender que somos parceiros agora, caso queiramos vencer esta competição. Para tanto, eu deveria ter baixado a minha guarda e deixado você contribuir com a coreografia. Não fiz isso por orgulho, ou talvez, por inexperiência. Peço desculpas novamente.

Ficamos calados olhando um para o outro sem saber o que fazer direito. Bruna meio que esperava para ver se eu tinha mais algo a dizer. Eu não tinha, então ela falou:

─ Já que é assim, posso lhe mostrar no que eu andei trabalhando ontem?

─ Pode. – Respondi inseguro, com medo do que ela poderia estar aprontando. Será que trouxera uma coreografia nada a ver e iria insistir em usá-la?

─ Vou sambar e quero que você observe o meu rosto, minha expressão corporal, ok?

─ Você sabe sambar? – Ela me olhou com uma cara nada amistosa. Sorri pedindo desculpas, pelo jeito, era óbvio que ela sabia sambar.

Sem um pingo de timidez, Bruna colocou seu Ipod conectado no som a sala. Deu play e de frente para o espelho, como se eu nem estivesse lá, começou a sambar. Pernas esticadas, dedos delicados, bumbum empinado e uma expressão sedutora. Uma sensualidade que em qualquer outro ambiente teria me deixado constrangido, mas ali, naquelas quatro paredes, eu estava seguro. Era dança. E que dança.

Bruna sambava e girava seguindo o ritmo da música, seduzindo seu próprio reflexo na parede, piscando para ela mesma refletida ali. Um exercício que eu tinha tanta dificuldade de fazer e para ela vinha naturalmente.

Era o que eu buscava. Certo. Não havia nada de técnica ainda, mas a imagem era perfeita. Que homem não desejaria Bruna sambando daquele jeito? Um corpo escultural. Um rosto de menina travessa. Uma sensualidade que exalava por todos os poros. Era a música certa para ela. Para nós.

Até a versão que ela escolheu era melhor. Diogo Nogueira e Bruna sambando para o espelho mexeram comigo. Uma sensação de ter encontrado aquilo que procurava se apoderou de mim.

Eu a peguei pela cintura. Comecei a dançar conduzindo-a para o quadrado. Seus olhos dobraram de tamanho grudados nos meus. Estava apreensiva, eu quebrei o trato de somente assisti-la, mas eu precisava aproveitar a oportunidade.

Ela não resistiu à condução. Fiz os passos mais simples. Terminamos a música girando um em torno do outro. Bruna sorria para mim. Imagino que compartilhava o que eu também já sabia

─ E aí, o que você achou?

─ Acho que encontrei minha parceira para o Dança das Celebridades. – Sorri e lhe estiquei a mão para o cumprimento. Ela sorriu de volta.

─ E da música?

─ Melhor do que a versão original...

─ Então é essa. – Sorrimos como parceiros pela primeira vez.

***

Por Onde AndeiOnde histórias criam vida. Descubra agora